Por que indivíduos saudáveis podem ter escores do Eating Assessment Tool (EAT-10) indicativos de disfagia
Palavras-chave:
Deglutição, Transtornos de Deglutição, Procedimento Clínico, Disfagia, IngestãoResumo
Eating Assessment Tool (EAT-10) é um método clínico de detecção de disfagia, entendida como dificuldade na deglutição, que utiliza a intensidade da dificuldade percebida pelo indivíduo. Em pesquisa realizada no Brasil foi observado que 9,5% de indivíduos saudáveis assintomáticos têm resultados do teste compatível com disfagia. Neste texto comentamos os possíveis fatores que influenciam o resultado anormal do teste em indivíduos saudáveis. Em estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP em 358 voluntários sem doenças e sem sintomas, 316 com resultado zero nos 10 itens do teste, e 42 com resultados da somatória dos 10 itens igual ou superior a 3, o que é considerado indicativo de disfagia, foi observado que resultado ≥3 ocorreram em 10 homens entre 144 (7%) e 32 mulheres entre 214 (15%) (p=0,01). A mediana (limites) de idades daqueles com resultado zero foi de 39 (20-84) anos, e com resultado ≥3 foi de 32 (20-83) anos (p=0,04). O índice de massa corporal (IMC) não apresentou diferença entre pessoas com e sem indicação de disfagia. O máximo escore possível para o item 5 (dificuldade na ingestão de medicamentos) foi o que obteve o maior percentual (43,9%) de máximo escore possível, sendo o fator mais importante para o resultado anormal. Em indivíduos saudáveis a dificuldade em ingerir medicamentos sólidos foi o fator que mais influenciou a ocorrência de inesperado resultado do teste EAT-10 indicativo de disfagia, o que deve ser considerado quando da interpretação do teste.
Referências
Belafsky PC, Mouadeb DA, Rees CJ, et al. Validity and reliability of the Eating Assessment Tool (EAT-10). Ann Otol Rhinol Laryngol. 2008;117(12):919-24. PMID: 19140539; https://doi.org/10.1177/000348940811701210.
Gonçalves MI, Remaili CB, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Eating Assessment Tool – EAT-10. Codas. 2013;25(6):601-4. PMID: 24626972; https://doi.org/10.1590/s2317-17822013.05000012.
Batista AO, Nascimento WV, Cassiani RA, et al. Prevalence of non-obstructive dysphagia in patients with heartburn and regurgitation. Clinics. 2020;75:e1556. PMID: 31994617; https://doi.org/10.6061/clinics/2020/e1556.
Zhang PP, Yuan Y, Lu D, et al. Diagnostic accuracy of the Eating Assessment Tool-10 (EAT-10) in screening dysphagia: a systematic review and meta-analysis. Dysphagia. 2023;38(1):145-58. PMID: 35849209; https://doi.org/10.1007/s00455-022-10486-6.
Dantas RO, Alves LMT, Silva ACV, et al. Eating Assessment Tool (EAT-10) scores to detect self-reported dysphagia in Brazilians. Dysphagia. 2023. PMID: 37272949; https://doi.org/10.1007/s00455-023-10588-9.
Rofes L, Arreola V, Mukherjee R, Clavé P. Sensitivity and specificity of the eating assessment tool and the volume-viscosity swallow test for clinical evaluation of oropharyngeal dysphagia. Neurogastroenterol Motil. 2014;26(9):1256-65. PMID: 24909661; https://doi.org/10.1111/nmo.12382.
Schiele JT, Quinzler R, Klimm HD, Pruszydlo MG, Haefeli, WE. Difficulties swallowing solid oral dosage forms in a general practice population: prevalence, causes, and relationship to dosage forms. Eur J Clin Pharmacol. 2013;69(4):937-48. PMID: 23052416; https://doi.org/10.1007/s00228-012-1417-0.
McCloskey AP, Penson PE, Tse Y, et al. Identifying and addressing pill aversion in adults without physiological-related dysphagia: a narrative review. Br J Clin Pharmacol. 2022;88(12):5128-48. PMID: 35849849; https://doi.org/10.1111/bcp.15463.
Souza LF, Nascimento WV, Alves LMT, et al. Medication swallowing difficulties in people without dysphagia. Rev CEFAC. 2019;21(4):e0119. https://doi.org/10.1590/1982-0216/20192140119.
Hummler H, Page S, Stillhart C, et al. Influence of solid oral dosage form characteristics on swallowability, visual perception, and handling in older adults. Pharmaceutic. 2023;15(4):1315. PMID: 37111799; https://doi.org/10.3390/pharmaceutics15041315.
Fang X, Francisconi CF, Fukudo S, et al. Multicultural aspects in functional gastrointestinal disorders (FGIDs). Gastroenterology. 2016;150(6):1344-54.e2. PMID: 27144623; https://doi.org/10.1053/j.gastro.2016.02.013.
Jang SH, Choi SC, Kim YS, et al. Psychological characteristics and quality of life of patients with upper and lower functional gastrointestinal disorders. J Clin Med. 2023;12(1);124. PMID: 36614925; https://doi.org/10.3390/jcm12010124.
Giudici KV. Challenges for assessing oropharyngeal dysphagia: The role of the Eating Assessment Tool-10 (EAT-10). J Nutr Health Aging. 2023. https://doi.org/10.1007/s12603-023-1959-0.
Schindler A, Alvite MFL, Robles-Rodriguez WG, Barcons N, Clavé P. History and science behind the Eating Assessment Tool-10 (EAT-10): Lessons learned. J Nutr Health Aging. 2023. https://doi.org/10.1007/s12603-023-1950-9.
Donohue C, Tabor Gray L, Anderson A, et al. Discriminant ability of the Eating Assessment Tool-10 to detect swallowing safety and efficiency impairments. Laryngoscope. 2022;132(12):2319-26. PMID: 35137963; https://doi.org/10.1002/lary.30043.
Andrade PA, Santos CA, Firmino HH, Rosa COB. The importance of dysphagia screening and nutritional assessment in hospitalized patients. Einstein. 2018;16(2):eAO4189. PMID: 29898087; https://doi.org/10.1590/s1679-45082018ao4189.
Wilmskoetter J, Bonilha H, Hong I, et al. Construct validity of the Eating Assessment Tool (EAT-10). Disabil Rehabil. 2019;41(5):549-59. PMID: 29117726; https://doi.org/10.1080/09638288.2017.1398787.
Cordier R, Joosten A, Clavé P, et al. Evaluating the psychometric of the Eating Assessment Tool (EAT-10) using Rash analysis. Dysphagia. 2017;32(2):250-60. PMID: 27873090; https://doi.org/10.1007/s00455-016-9754-2.
Parreira LC, Salgado-Junior W, Dantas RO. Swallowing in obese individuals before and after bariatric surgery. Obes Surg. 2020;30(9):3522-7. PMID: 32410149; https://doi.org/10.1007/s11695-020-04675-1.
Castro MCZ, Santos CM, Lucas RE, Felício CM, Dantas RO. Oral motor function in obesity. J Oral Rehabil. 2022;49(5):529-34. PMID: 35152447; https://doi.org/10.1111/joor.13313.
