Sistema de recompensa dopaminérgico e diferença de gênero em preferências sociais

Autores

  • Mariana Farinas Universidade de São Paulo
  • Carmita Helena Najjar Abdo Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Dopaminérgicos, recompensa, identidade de gênero, comportamento de escolha, corpo estriado

Resumo

Em diversos estudos, as mulheres são definidas como mais propensas a atitudes pró-sociais, em comparação aos homens. Especula-se que essas diferenças de comportamento se devem às influências sociais. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Zurich creditam essa diferença a questões de ordem biológica. O presente artigo consiste em síntese e comentário desse estudo, intitulado “The dopaminergic reward system underpins gender differences in social preferences”, o qual verificou que o sistema de recompensa dopaminérgico das mulheres reage mais fortemente a comportamentos pró-sociais e o dos homens a comportamentos não sociais. Estudos anteriores já haviam demonstrado diferenças nas preferências entre os gêneros de bebês recém-nascidos e a influência no nível de testosterona fetal na tendência de crianças para sistematizar (analisar e construir sistemas) ou “empatizar” (perceber informações não verbais no comportamento). Diferenças de gênero entre habilidades e tendências comportamentais podem ter uma base biológica subjacente para além de influências sociais. Esta base incluiria a atuação hormonal no período gestacional e uma consequente diferenciação de funcionamento das estruturas cerebrais, em especial do sistema de recompensa e do sistema límbico.

Biografia do Autor

Mariana Farinas, Universidade de São Paulo

Psicóloga, especialista em Sexologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Carmita Helena Najjar Abdo, Universidade de São Paulo

Psiquiatra, livre-docente e professora associada do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundadora e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP).

Referências

Soutschek A, Burke CJ, Beharelle AR, et al. The dopaminergic reward system underpins gender differences in social preferences. Nature Human Behavior. 2017;1:819-27. doi:10.1038/s41562-017-0226-y.

Rand DG, Brescoll VL, Everett JA, Capraro V, Barcelo H. Social heuristics and social roles: Intuition favors altruism for women but not for men. J Exp Psychol Gen. 2016;145(4):389-96. PMID: 26913619.

Strombach T, Margittai Z, Gorczyca B, Kalenscher T. Gender-specific effects of cognitive load on social discounting. PloS ONE. 2016;11(10):e0165289. PMID: 27788192.

Heilman ME, Chen JJ. Same behavior, different consequences: reactions to men’s and women’s altruistic citizenship behavior. J Appl Psychol. 2005;90(3):431-41. PMID: 15910140.

McClure SM, Laibson DI, Loewenstein G, Cohen JD. Separate neural systems value immediate and delayed monetary rewards. Science. 2004;306(5695):503-7. PMID: 15486304.

Abler B, Seeringer A, Hartmann A, et al. Neural correlates of antidepressant-related sexual dysfunction: a placebo-controlled fMRI

study on healthy males under subchronic paroxetine and bupropion. Neuropsychopharmacology. 2011;36(9):1837-47. PMID: 21544071.

Hamann S, Herman RA, Nolan CL, Wallen K. Men and women differ in amygdala response to visual sexual stimuli. Nat Neurosc. 2004;7(4):411-6. PMID: 15004563.

Stark R, Schienle A, Girod C, et al. Erotic and disgust-inducing pictures--differences in the hemodynamic responses of the brain. Biol Psychol. 2005;70(1):19-29. PMID: 16038771.

Joel D, Berman Z, Tavor I, et al. Sex beyond the genitalia: The human brain mosaic. Proc Natl Acad Sci U S A. 2015;112(50):15468-73. PMID: 26621705.

Glezerman M. Yes, there is a female and a male brain: Morphology versus functionality. Proc Natl Acad Sci U S A. 2016;113(14):E1971. PMID: 26957594.

Hall JA. Gender Effects in Decoding Nonverbal Cues. Psychological Bulletin. 1978;85(4):845-57.

Sokolov AA, Krüger S, Enck P, Krägeloh-Mann I, Pavlova MA. Gender affects body language reading. Front Psychol. 2011;2:16. PMID: 21713180.

Victor EC, Sansosti AA, Bowman HC, Hariri AR. Differential patterns of amygdala and ventral striatum activation predict gender-specific changes in sexual risk behavior. J Neurosci. 2015;35(23):8896-900. PMID: 26063921.

Connellan J, Baron-Cohen S, Wheelwright S, Batki A, Ahluwalia J. Sex differences in human neonatal social perception. Infant Behav Dev. 2000;23(1):113-8. doi: 10.1016/S0163-6383(00)00032-1.

Auyeung B, Baron-Cohen S, Chapman E, et al. Foetal testosterone and the child systemizing quotient. European Journal of Endocrinology. 2006;155(S1):S123-S130. Disponível em: http://www.eje-online.org/content/155/suppl_1/S123.full.pdf±html?sid=aa2e0dab-4075-4e04-b229-3a19cd093639. Acessado em 2017 (6 dez).

Dreher JC, Dunne S, Pazderska, A et al. Testosterone causes both prosocial and antisocial status-enhancing behaviors in human males. Proc Natl Acad Sci U S A. 2016;113(41):11633-8. PMID: 27671627.

Downloads

Publicado

2018-01-12

Como Citar

1.
Farinas M, Abdo CHN. Sistema de recompensa dopaminérgico e diferença de gênero em preferências sociais. Diagn. tratamento. [Internet]. 12º de janeiro de 2018 [citado 14º de junho de 2025];23(1):24-7. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/rdt/article/view/156

Edição

Seção

Medicina Sexual