Inibidores seletivos da recaptação da serotonina para fibromialgia
Resumo
Introdução: A fibromialgia é uma condição crônica clinicamente bem definida e com etiologia biopsicossocial. É caracterizada por dor músculo-esquelética crônica generalizada, alterações de sono, disfunção cognitiva e fadiga. Os pacientes frequentemente relatam piora importante da qualidade de vida. Uma vez que não há nenhum tratamento específico que altera a patogênese da fibromialgia, a terapia medicamentosa concentra-se na redução da dor e na melhora de outros sintomas associados. Objetivos: Avaliar os benefícios e malefícios dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) no tratamento da fibromialgia. Métodos: Métodos de busca: Esta foi uma revisão sistemática que realizou busca nas bases Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE e EMBASE, além de busca nas listas de referência dos artigos revisados. Critérios de seleção: Foram selecionados todos os ensaios randomizados duplo-cegos avaliando um ISRS (citalopram, fluoxetina, escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina) no tratamento de sintomas da fibromialgia em adultos. Extração e análises de dados: três autores extraíram os dados de todos os estudos incluídos e avaliaram o risco de viés. As divergências entre eles foram resolvidas por discussão. Principais resultados: A qualidade da evidência encontrada foi muito baixa para cada desfecho devido ao risco de viés associado à imprecisão (estudos com poucos partici- pantes). Foram incluídos sete estudos clínicos randomizados (383 participantes): dois com citalopram, três com fluoxetina e dois com paroxetina, com duração média de oito semanas (4-16 semanas). Os seguintes resultados foram encontrados: • Proporção de participantes com redução da dor em pelo menos 30%: houve diferença estatisticamente significativa a favor dos ISRS (56/172, 32,6%, versus 39/171, 22,8%; diferença de risco: = 9,8%; risco relativo, RR = 1,4; número necessário para tratar para um resultado benéfico adicional, NNTB = 10, com intervalo de confiança de 95%, IC 95%, de 5 a 100; • Proporção de participantes com melhora global (pacientes que relataram estar melhores ou muito melhores): 50/168 (29,8%) com ISRS versus 26/162 (16%) com placebo); diferença de risco = 13,8%; RR = 1,86; NNTB = 7, IC 95% = 4 a 17. • Melhora da fadiga: sem diferença entre ISRS e placebo. • Melhora das alterações do sono: sem diferença entre ISRS e placebo. • Melhora da depressão: diferença a favor dos IRSR (diferença de média padronizada = -0,39, IC 95% = -0,65 a -0,14; 7,6% de melhora absoluta numa escala de 0 a 10, IC 95% = 2,7% a 13,8% de melhoria relativa; NNTB = 13; IC 95% = 7 a 37). • Taxa de abandono devido a eventos adversos: semelhante entre ISRS e placebo. •Taxa de eventos adversos graves: semelhante entre ISRS e placebo. Conclusões dos autores: O alerta sobre o aumento da tendência suicida em jovens adultos com idades entre 18 a 24 com transtorno depressivo maior que tomaram SSRIs deve ser considerado quando for o caso.
Referências
Walitt B, Urrútia G, Nishishinya MB, Cantrell SE, Häuser W. Selective serotonin reuptake inhibitors for fibromyalgia syndrome. Cochrane Database Syst Rev. 2015;6:CD011735