Aplasia cutânea congênita relacionada à exposição ao metimazol durante gestação

Autores

  • José Donizeti de Meira Júnior Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)
  • Ana Cláudia Cavalcante Espósito Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)
  • Nicole França Holmo Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)
  • Hamilton Ometto Stolf Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)
  • Silvio Alencar Marques Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Palavras-chave:

Alopecia, teratogênios, propiltiouracila, couro cabeludo, anormalidades craniofaciais

Resumo

Contexto: Relata-se caso de aplasia cutânea congênita, doença rara caracterizada por áreas de pele ausente já ao nascimento. Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, de cinco anos de idade, com quatro áreas de alopecia cicatricial próximas à linha mediana do couro cabeludo. Paciente nascido de parto normal a termo, sem comorbidades, sem antecedentes familiares de lesões semelhantes e com adequado desenvolvimento neuropsicomotor. A mãe do paciente relata ter sido tratada com metimazol durante toda a gestação devido a hipertireoidismo. Discussão: A etiopatogenia da aplasia cutânea congênita não é bem esclarecida, podendo ser de ocorrência esporádica ou herança autossômica dominante, bem como estar relacionada a fármacos teratogênicos (metimazol, ácido valproico, carbimazol, misoprostol e heparina de baixo peso molecular). Os locais mais comumente afetados são o couro cabeludo, especialmente próximo ao vértice. A apresentação pode variar de lesões cicatriciais até ausência completa de todas as camadas da pele, inclusive com comprometimento do crânio e meninges subjacentes. As principais complicações são sangramentos, tromboses e infecções de estruturas meníngeas. Quando o acometimento cutâneo é maior, pode ser realizada exérese da área com fechamento por primeira ou segunda intenção. Defeitos grandes podem necessitar de retalhos cutâneos. No caso em questão, a substituição do metimazol pelo propiltiouracil durante a gestação poderia ter evitado a ocorrência da aplasia. Conclusões: A aplasia cutânea congênita é rara e pode estar associada a importantes malformações cranianas. Alguns casos podem ter complicações potencialmente graves. Destaca-se a importância da substituição do metimazol pelo propiltiouracil durante a gestação como medida preventiva.

Biografia do Autor

José Donizeti de Meira Júnior, Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Aluno de graduação do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

Ana Cláudia Cavalcante Espósito, Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Médica residente de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

Nicole França Holmo, Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Médica dermatologista, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

Hamilton Ometto Stolf, Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Professor assistente doutor do Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

Silvio Alencar Marques, Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

Professor titular da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

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Publicado

2016-04-05

Como Citar

1.
Meira Júnior JD de, Espósito ACC, Holmo NF, Stolf HO, Marques SA. Aplasia cutânea congênita relacionada à exposição ao metimazol durante gestação. Diagn. tratamento. [Internet]. 5º de abril de 2016 [citado 16º de outubro de 2025];21(2):70-3. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/rdt/article/view/25

Edição

Seção

Dermatologia