Dermatites de contato causadas por aroeiras (Anacardiaceae) no estado de São Paulo, Brasil
Palavras-chave:
Anacardiaceae, hipersensibilidade, dermatite de contato, toxicidade, saúde públicaResumo
Contexto e objetivos: Aroeira é o nome popular de árvores da família Anacardiaceae, que inclui plantas sensibilizantes como a poison ivy norte- -americana (Toxicodendron radicans), o cajueiro (Anacardium occidentale) e a mangueira (Mangifera indica). Este estudo procura caracterizar o conhecimento sobre as aroeiras e a frequência de manifestações clínicas em camponeses. Desenho e local: Foi realizado estudo retrospectivo e prospectivo com pacientes e acompanhantes residentes em ampla área rural de cerrado no Centro-Oeste paulista. Métodos: A frequência e a relação causal entre a exposição a aroeiras, comuns na região, e a dermatite eczematosa típica foi pesquisada. Para a avaliação, foi utilizado um questionário específico. Resultados: Todos os 39 entrevistados conheciam aroeiras (100%) e 17 deles (43,58%) relataram ter se aproximado ou descansado sob essas árvores. Mais da metade deles (56,41% ou 22 indivíduos) relataram dermatites que relacionaram às arvores. Os demais entrevistados não desenvolveram reações, mas conheciam pessoas que o fizeram (43,59%). Três pacientes, ou 7,69% da amostra, apresentavam lesões de padrão eczematoso, creditando-as ao contato com aroeiras-bravas (Lithraea molleoides). Discussão: Devido à alta frequência com que essas árvores são encontradas no campo (cerrado brasileiro) e aos dados obtidos, percebemos também uma alta frequência de sensibilização nas áreas rurais. Conclusões: É imperativo que as campanhas de orientação e alerta sejam desenvolvidas para aumentar a conscientização sobre riscos potenciais, de modo que o contato com essas árvores seja evitado, evitando condições alérgicas que podem ser tão extensas quanto graves.
Referências
Aguilar-Ortigoza CJ, Sosa V, Aguilar-Ortigoza M. Toxic phenols in various Anacardiaceae species. Econ Bot. 2003;57(3):354-64. doi: 10.1663/0013-0001(2003)057[0354:TPIVAS]2.0.CO;2.
Baer H. Chemistry and immunochemistry of poisonous Anacardiaceae. Clin Dermatol. 1986;4(2):152-9. PMID: 3719509; doi: 10.1016/0738-081x(86)90074-x.
Gillis WT. The systematics and ecology of poison-ivy-d and the poison-oaks (Toxicodendron, Anacardiaceae). Rhodora. 1971;73:465-540. Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/page/637489#page/478/mode/1up. Acessado em 2019 (10 nov).
Haddad Junior V. Skin manifestations caused by Brazilian traumatic, allergenic, and venomous plants: main species, therapeutic and preventive measures. J Venom. Anim Toxins incl Trop Dis. 2004;10(3):199-206. doi: 10.1590/S1678-91992004000300002.
Haddad Jr V. Identificação de enfermidades agudas causadas por animais e plantas em ambientes rurais e litorâneos: auxílio à prática dermatológica. An Bras Dermatol. 2009;84(4):343-48. doi: 10.1590/S0365-05962009000400004.
dos Reis VM. Dermatoses provocadas por plantas (fitodermatoses) [Dermatosis due to plants (phytodermatosis)]. An Bras Dermatol. 2010;85(4):479-89. PMID: 20944908; doi: 10.1590/S0365-05962010000400009.
Lins R, Vasconcelos FHP, Leite RB, Coelho-Soares RS, Barbosa DN. Avaliação clínica de bochechos com extratos de Aroeira (Schinus terebinthifolius) e Camomila (Matricaria recutita L.) sobre a placa bacteriana e a gengivite. Rev Bras Plantas Med. 2013;15(1):112-20. doi: 10.1590/S1516-05722013000100016.
Farias SBM, Pinheiro ALB, de Souza IA, Higino JS, Bravo F. Efeito antiinflamatório e cicatrizante do extrato de hidroalcoólico de Schinus terebinthifolius Raddi (Aroeira) a 30% em orabase: estudo “in vivo”. Int J Dent. 2011;10(2):80-90. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/dentistry/article/download/14098/16961. Acessado em 2019 (10 nov)