Transtornos sexuais dolorosos femininos
Palavras-chave:
Dispareunia, vaginismo, dor pélvica, sexualidade, disfunção sexual fisiológicaResumo
Os transtornos sexuais dolorosos estão classificados na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), no grupo das disfunções sexuais, tendo como base o modelo de ciclo de resposta sexual, criado por Masters e Johnson e adaptado por Kaplan. O artigo em pauta apresenta a evolução do diagnóstico e aspectos das classificações atuais, e a semelhança desses transtornos com outras condições dolorosas crônicas. Apesar de primordial, a investigação de causas orgânicas e o tratamento de patologias localizadas se mostrou insuficiente na compreensão da causa e das manifestações clínicas e no tratamento eficaz das mulheres acometidas. A observação clínica minuciosa, contemplando aspectos emocionais, comportamentos decorrentes da experiência da dor, condições psiquiátricas, como depressão e ansiedade, e relacionamento com parceria devem fazer parte da avaliação de todas essas pacientes. Os aspectos terapêuticos enfatizam a importância de uma equipe multidisciplinar, capaz de oferecer à mulher acompanhamento medicamentoso, psicoterápico, fisioterapêutico e psicoeducacional. A validação da experiência da dor, apesar de ausência de correlatos orgânicos, e a informação a respeito da repercussão de aspectos psicológicos na fisiopatologia do processo doloroso facilitam a implicação e postura ativa das pacientes no tratamento.
Referências
Brauer M, Lakeman M, van Lunsen R, Laan E. Predictors of task-persistent and fear-avoiding behaviors in women with sexual pain disorders. J Sex Med. 2014;11(12):3051-63.
Boardman LA, Stockdale CK. Sexual pain. Clin Obstet Gynecol. 2009;52(4):682-90.
Abdo CHN. Descobrimento sexual do Brasil. São Paulo: Summus Editorial; 2004.
Binik YM. Should dyspareunia be retained as a sexual dysfunction in DSM-V? A painful classification decision. Arch Sex Behav. 2005;34(1):11-21.
Lahaie MA, Amsel R, Khalifé S, et al. Can Fear, Pain, and Muscle Tension Discriminate Vaginismus from Dyspareunia/Provoked
Vestibulodynia? Implications for the New DSM-5 Diagnosis of Genito-Pelvic Pain/Penetration Disorder. Arch Sex Behav. 2015;44(6):1537-50.
Masters WH, Johnson VE. Human sexual response. Boston: Little, Brown and Co.; 1996.
Kaplan HS. A nova terapia do sexo. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1977.
Abdo CHN, Fleury HJ. Aspectos diagnósticos e terapêuticos das disfunções sexuais femininas [Diagnostic and therapeutic aspects of female sexual dysfunctions]. Rev Psiquiatr Clín (São Paulo). 2006;33(3):162-7.
Organização Mundial da Saúde. Manual da classificação estatística internacional de doenças, lesões e causas de óbito. Brasília: Independência; 1975.
Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Texto revisado (DSM-IV-TR). Tradução Cláudia Dornelles. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2002.
Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Tradução Maria Inês Corrêa Nascimento. 5a ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.
Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. 5a ed. São Paulo: Leitura Médica; 2014.
Weijmar Schultz W, Basson R, Binik Y, et al. Women’s sexual pain and its management. J Sex Med. 2005;2(3):301-16.
Meana M, Binik YM, Khalife S, Cohen DR. Biopsychosocial profile of women with dyspareunia. Obstet Gynecol. 1997;90(4Pt 1):583-9.
Hoffman D. Central and peripheral pain generators in women with chronic pelvic pain: patient centered assessment and treatment. Curr Rheumatol Rev. 2015;11(2):146-66.
Kaya S, Hermans L, Willems T, Roussel N, Meeus M. Central sensitization in urogynecological chronic pelvic pain: a systematic literature review. Pain Physician. 2013;16(4):291-308.
Verit FF, Verit A, Yeni E. The prevalence of sexual dysfunction and associated risk factors in women with chronic pelvic pain: a cross-sectional study. Arch Gynecol Obstet. 2006;274(5):297-302.
Ferrero S, Ragni N, Remorgida V. Deep dyspareunia: causes, treatments, and results. Curr Opin Obstet Gynecol. 2008;20(4):394-9.
Yong PJ, Sadownik L, Brotto LA. Concurrent deep-superficial dyspareunia: prevalence, associations, and outcomes in a multidisciplinary vulvodynia program. J Sex Med. 2015;12(1):219-27.
Basson R. The recurrent pain and sexual sequelae of provoked vestibulodynia: a perpetuating cycle. J Sex Med. 2012;9(8):2077-92.
Warren JW, Morozov V, Howard FM. Could chronic pelvic pain be a functional somatic syndrome? Am J Obstet Gynecol. 2011;205(3):199.e1-5.
Brawn J, Morotti M, Zondervan KT, Becker CM, Vincent K. Central changes associated with chronic pelvic pain and endometriosis. Hum Reprod Update. 2014;20(5):737-47.
Yunus MB. Editorial review: an update on central sensitivity syndromes and the issues of nosology and psychobiology. Curr Rheumatol Rev. 2015;11(2):70-85.
Triolo O, Laganà AS, Sturlese E. Chronic pelvic pain in endometriosis: an overview. J Clin Med Res. 2013;5(3):153-63.
Peters KM, Killinger KA, Carrico DJ, et al. Sexual function and sexual distress in women with interstitial cystitis: a case-control study. Urology. 2007;70(3):543-7.
Lester RA, Brotto LA, Sadownik LA. Provoked Vestibulodynia and the Health Care Implications of Comorbid Pain Conditions. J Obstet Gynaecol Can. 2015;37(11):995-1005.
Mattia C, Paoletti F, Coluzzi F, Boanelli A. New antidepressants in the treatment of neuropathic pain. A review. Minerva Anestesiol. 2002;68(3):105-14.
Leo RJ. A systematic review of the utility of anticonvulsant pharmacotherapy in the treatment of vulvodynia pain. J Sex Med. 2013;10(8):2000-8.29.
Al-Abbadey M, Liossi C, Curran N, Schoth DE, Graham CA. Treatment of Female Sexual Pain Disorders: A Systematic Review. J Sex Marital Ther. 2016;17;42(2):99-142.
Steege JF, Ling FW. Dyspareunia. A special type of chronic pelvic pain. Obstet Gynecol Clin North Am. 1993;20(4):779-93.