Transtornos sexuais dolorosos femininos

Autores

  • Ana Patricia Avancini Brasil Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Carmita Helena Najjar Abdo Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Dispareunia, vaginismo, dor pélvica, sexualidade, disfunção sexual fisiológica

Resumo

Os transtornos sexuais dolorosos estão classificados na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), no grupo das disfunções sexuais, tendo como base o modelo de ciclo de resposta sexual, criado por Masters e Johnson e adaptado por Kaplan. O artigo em pauta apresenta a evolução do diagnóstico e aspectos das classificações atuais, e a semelhança desses transtornos com outras condições dolorosas crônicas. Apesar de primordial, a investigação de causas orgânicas e o tratamento de patologias localizadas se mostrou insuficiente na compreensão da causa e das manifestações clínicas e no tratamento eficaz das mulheres acometidas. A observação clínica minuciosa, contemplando aspectos emocionais, comportamentos decorrentes da experiência da dor, condições psiquiátricas, como depressão e ansiedade, e relacionamento com parceria devem fazer parte da avaliação de todas essas pacientes. Os aspectos terapêuticos enfatizam a importância de uma equipe multidisciplinar, capaz de oferecer à mulher acompanhamento medicamentoso, psicoterápico, fisioterapêutico e psicoeducacional. A validação da experiência da dor, apesar de ausência de correlatos orgânicos, e a informação a respeito da repercussão de aspectos psicológicos na fisiopatologia do processo doloroso facilitam a implicação e postura ativa das pacientes no tratamento.

Biografia do Autor

Ana Patricia Avancini Brasil, Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Psiquiatra, membro do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP).

Carmita Helena Najjar Abdo, Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Psiquiatra, professora livre-docente do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundadora e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP).

Referências

Brauer M, Lakeman M, van Lunsen R, Laan E. Predictors of task-persistent and fear-avoiding behaviors in women with sexual pain disorders. J Sex Med. 2014;11(12):3051-63.

Boardman LA, Stockdale CK. Sexual pain. Clin Obstet Gynecol. 2009;52(4):682-90.

Abdo CHN. Descobrimento sexual do Brasil. São Paulo: Summus Editorial; 2004.

Binik YM. Should dyspareunia be retained as a sexual dysfunction in DSM-V? A painful classification decision. Arch Sex Behav. 2005;34(1):11-21.

Lahaie MA, Amsel R, Khalifé S, et al. Can Fear, Pain, and Muscle Tension Discriminate Vaginismus from Dyspareunia/Provoked

Vestibulodynia? Implications for the New DSM-5 Diagnosis of Genito-Pelvic Pain/Penetration Disorder. Arch Sex Behav. 2015;44(6):1537-50.

Masters WH, Johnson VE. Human sexual response. Boston: Little, Brown and Co.; 1996.

Kaplan HS. A nova terapia do sexo. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1977.

Abdo CHN, Fleury HJ. Aspectos diagnósticos e terapêuticos das disfunções sexuais femininas [Diagnostic and therapeutic aspects of female sexual dysfunctions]. Rev Psiquiatr Clín (São Paulo). 2006;33(3):162-7.

Organização Mundial da Saúde. Manual da classificação estatística internacional de doenças, lesões e causas de óbito. Brasília: Independência; 1975.

Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Texto revisado (DSM-IV-TR). Tradução Cláudia Dornelles. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2002.

Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Tradução Maria Inês Corrêa Nascimento. 5a ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.

Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. 5a ed. São Paulo: Leitura Médica; 2014.

Weijmar Schultz W, Basson R, Binik Y, et al. Women’s sexual pain and its management. J Sex Med. 2005;2(3):301-16.

Meana M, Binik YM, Khalife S, Cohen DR. Biopsychosocial profile of women with dyspareunia. Obstet Gynecol. 1997;90(4Pt 1):583-9.

Hoffman D. Central and peripheral pain generators in women with chronic pelvic pain: patient centered assessment and treatment. Curr Rheumatol Rev. 2015;11(2):146-66.

Kaya S, Hermans L, Willems T, Roussel N, Meeus M. Central sensitization in urogynecological chronic pelvic pain: a systematic literature review. Pain Physician. 2013;16(4):291-308.

Verit FF, Verit A, Yeni E. The prevalence of sexual dysfunction and associated risk factors in women with chronic pelvic pain: a cross-sectional study. Arch Gynecol Obstet. 2006;274(5):297-302.

Ferrero S, Ragni N, Remorgida V. Deep dyspareunia: causes, treatments, and results. Curr Opin Obstet Gynecol. 2008;20(4):394-9.

Yong PJ, Sadownik L, Brotto LA. Concurrent deep-superficial dyspareunia: prevalence, associations, and outcomes in a multidisciplinary vulvodynia program. J Sex Med. 2015;12(1):219-27.

Basson R. The recurrent pain and sexual sequelae of provoked vestibulodynia: a perpetuating cycle. J Sex Med. 2012;9(8):2077-92.

Warren JW, Morozov V, Howard FM. Could chronic pelvic pain be a functional somatic syndrome? Am J Obstet Gynecol. 2011;205(3):199.e1-5.

Brawn J, Morotti M, Zondervan KT, Becker CM, Vincent K. Central changes associated with chronic pelvic pain and endometriosis. Hum Reprod Update. 2014;20(5):737-47.

Yunus MB. Editorial review: an update on central sensitivity syndromes and the issues of nosology and psychobiology. Curr Rheumatol Rev. 2015;11(2):70-85.

Triolo O, Laganà AS, Sturlese E. Chronic pelvic pain in endometriosis: an overview. J Clin Med Res. 2013;5(3):153-63.

Peters KM, Killinger KA, Carrico DJ, et al. Sexual function and sexual distress in women with interstitial cystitis: a case-control study. Urology. 2007;70(3):543-7.

Lester RA, Brotto LA, Sadownik LA. Provoked Vestibulodynia and the Health Care Implications of Comorbid Pain Conditions. J Obstet Gynaecol Can. 2015;37(11):995-1005.

Mattia C, Paoletti F, Coluzzi F, Boanelli A. New antidepressants in the treatment of neuropathic pain. A review. Minerva Anestesiol. 2002;68(3):105-14.

Leo RJ. A systematic review of the utility of anticonvulsant pharmacotherapy in the treatment of vulvodynia pain. J Sex Med. 2013;10(8):2000-8.29.

Al-Abbadey M, Liossi C, Curran N, Schoth DE, Graham CA. Treatment of Female Sexual Pain Disorders: A Systematic Review. J Sex Marital Ther. 2016;17;42(2):99-142.

Steege JF, Ling FW. Dyspareunia. A special type of chronic pelvic pain. Obstet Gynecol Clin North Am. 1993;20(4):779-93.

Downloads

Publicado

2016-04-05

Como Citar

1.
Brasil APA, Abdo CHN. Transtornos sexuais dolorosos femininos. Diagn. tratamento. [Internet]. 5º de abril de 2016 [citado 16º de outubro de 2025];21(2):89-92. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/rdt/article/view/32

Edição

Seção

Medicina Sexual