Tomografia computadorizada e risco de neoplasias
Palavras-chave:
Tomografia computadorizada por raios X, tomografia, radiação ionizante, neoplasias induzidas por radiação, fidelidade a diretrizes, revisãoResumo
Contexto: Milhões de pessoas são atendidas nas emergências de todo o mundo e bilhões de dólares são gastos nos sistemas de saúde com exames, muitas vezes desnecessários. Dentre estes, o uso da tomografia computadorizada apresenta um crescimento importante nas últimas décadas, gerando preocupação com relação a riscos relacionados à exposição à radiação e custos. Vários autores têm alertado sobre o aumento de neoplasias cerebrais e leucemia principalmente em crianças e as evidências são crescentes, relacionando esse fato à exposição à radiação. Objetivo: Identificar as evidências sobre risco de desenvolvimento de neoplasias relacionados à radiação ionizante com o uso da tomografia computadorizada. Métodos: Revisão narrativa com busca sistematizada, incluindo estudos sobre a relação entre exposição à radiação por meio da tomografia computadorizada e desenvolvimento de neoplasias. Resultados: As doses associadas à tomografia estão entre as maiores na radio- logia diagnóstica. Há evidências nos estudos epidemiológicos de que a dose correspondente a um exame tomográfico resulta em aumento do risco de neoplasias. Há estimativas, baseadas em modelos matemáticos, de que esse risco seja em torno de 5%. Nas crianças, estudos mostram associação de tomografia com aumento da incidência de leucemia e tumores cerebrais. Conclusões: Há indução de tumores cerebrais e leucemias em crianças expostas a tomografias. Exames radiológicos, como quaisquer exames, só devem ser pedidos na certeza de que poderão modificar a conduta e beneficiar o paciente. Protocolos clínicos com base nas melhores evidências científicas devem nortear a tomada de decisão.
Referências
Melnick ER, Szlezak CM, Bentley SK, et al. CT overuse for mild traumatic brain injury. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2012;38(11):483-9.
Pearce MS, Salotti JA, Little MP, et al. Radiation exposure from CT scans in childhood and subsequent risk of leukaemia and brain tumours: a retrospective cohort study. Lancet. 2012;380(9840):499-505.
Berrington de González A, Mahesh M, Kim KP, et al. Projected cancer risks from computed tomographic scans performed in the United States in 2007. Arch Intern Med. 2009;169(22):2071-7.
Pauwels EK, Bourguignon MH. Radiation dose features and solid cancer induction in pediatric computed tomography. Med Princ Pract. 2012;21(6):508-15.
Braganza MZ, Kitahara CM, Berrington de González A, et al. Ionizing radiation and the risk of brain and central nervous system tumors: a systematic review. Neuro Oncol. 2012;14(11):1316-24.
Carpenter DO, Bushkin-Bedient S. Exposure to chemicals and radiation during childhood and risk for cancer later in life. J Adolesc Health. 2013;52(5 Suppl):S21-9.
Hennelly KE, Mannix R, Nigrovic LE, et al. Pediatric traumatic brain injury and radiation risks: a clinical decision analysis. J Pediatr. 2013;162(2):392-7.
Brenner DJ, Hall EJ. Computed tomography--an increasing source of radiation exposure. N Engl J Med. 2007;357(22):2277-84.
Pauwels EK, Bourguignon M. Cancer induction caused by radiation due to computed tomography: a critical note. Acta Radiol. 2011;52(7):767-73.
Brenner D, Elliston C, Hall E, Berdon W. Estimated risks of radiation-induced fatal cancer from pediatric CT. AJR Am J Roentgenol. 2001;176(2):289-96.
Shah DJ, Sachs RK, Wilson DJ. Radiation-induced cancer: a modern view. Br J Radiol. 2012;85(1020):e1166-73.
Ozasa K, Shimizu Y, Suyama A, et al. Studies of the mortality of atomic bomb survivors, Report 14, 1950-2003: an overview of cancer and noncancer diseases. Radiat Res. 2012;177(3):229-43.
World Health Organization. Health effects of the Chernobyl accident: an overview; 2006. Disponível em: http://www.who.int/ionizing_radiation/chernobyl/backgrounder/en/. Acessado em 2016 (16 set).
World Health Organization. Preliminary dose estimation from the nuclear accident after the 2011 Great East Japan Earthquake and Tsunami. Geneva: World Health Organization; 2012. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44877/1/9789241503662_eng.pdf. Acessado em 2016 (16 set).
Dougeni E, Faulkner K, Panayiotakis G. A review of patient dose and optimisation methods in adult and paediatric CT scanning. Eur J Radiol. 2012;81(4):e665-83.
de la Hoz SR. Riesgos de la radiación en imágenes pediátricas. Neumología Pediátrica. 2015;10(2):54-7. Disponível em: http://www.neumologia-pediatrica.cl/PDF/2015102/riesgos-radiacion.pdf. Acessado em 2016 (16 set).
Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Escassez e fartura: distribuição da oferta de equipamentos
de diagnóstico por imagem no Brasil. In: Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil; 2009. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv42597.pdf. Acessado em 2016 (16 set).
Sun Z, Ng KH, Sarji SA. Is utilisation of computed tomography justified in clinical practice? Part IV: applications of paediatric computed tomography. Singapore Med J. 2010;51(6):457-63.
Okuno E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes: acidente radiológico de Goiânia [Biological effects of ionizing radiation: radiological accident in Goiânia]. Estud Av. 2013;27(77):185-200.
Cardis E, Vrijheid M, Blettner M, et al. The 15-Country Collaborative Study of Cancer Risk among Radiation Workers in the Nuclear Industry: estimates of radiation-related cancer risks. Radiat Res. 2007;167(4):396-416.
Stein SC, Hurst RW, Sonnad SS. Meta-analysis of cranial CT scans in children. A mathematical model to predict radiation-induced tumors. Pediatr Neurosurg. 2008;44(6):448-57.
Mathews JD, Forsythe AV, Brady Z, et al. Cancer risk in 680,000 people exposed to computed tomography scans in childhood or adolescence: data linkage study of 11 million Australians. BMJ. 2013;346:f2360.
Kuhns LR, Oliver WJ, Christodoulou E, Goodsitt MM. The predicted increased cancer risk associated with a single computed tomography examination for calculus detection in pediatric patients compared with the natural cancer incidence. Pediatr Emerg Care. 2011;27(4):345-50.
Chen JX, Kachniarz B, Gilani S, Shin JJ. Risk of malignancy associated with head and neck CT in children: a systematic review. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014;151(4):554-66.
Goske MJ, Applegate KE, Bulas D, et al. Image Gently: progress and challenges in CT education and advocacy. Pediatr Radiol. 2011;41 Suppl 2:461-6.
Macias CG, Sahouria JJ. The appropriate use of CT: quality improvement and clinical decision-making in pediatric emergency medicine. Pediatr Radiol. 2011;41 Suppl 2:498-504.
Rao VM, Levin DC. The Choosing Wisely initiative of the American Board of Internal Medicine Foundation: what will its impact be onradiology practice? AJR Am J Roentgenol. 2014;202(2):358-61.
National Clinical Guideline Centre. Head injury: triage, assessment, investigation and early management of head injury in children, young people and adults. London: National Institute for Health and Care Excellence; 2014.
Hui CM, MacGregor JH, Tien HC, Kortbeek JB. Radiation dose from initial trauma assessment and resuscitation: review of the literature. Can J Surg. 2009;52(2):147-52.