Competência narrativa em crianças deficientes auditivas e ouvintes
estudo transversal analítico
Palavras-chave:
Perda auditiva, Narração, Transtornos da linguagem, Transtornos da comunicação, Patologia da fala e linguagemResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: A narrativa oral constitui elemento de avaliação do desenvolvimento lingüístico, entretanto, são escassos os dados padronizados para pacientes surdos. O objetivo foi comparar o uso das competências narrativas entre crianças deficientes auditivas e ouvintes. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal analítico no Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de São Paulo. MÉTODO: Foram avaliadas 21 crianças com deficiência auditiva de grau moderado a profundo bilateral (casos) e 21 crianças ouvintes sem alterações de linguagem (controles) pareadas por sexo, idade, grau de escolaridade e tipo de escola frequentada. Foi apresentada uma prancha com figuras em sequência lógico-temporal para cada criança, para elicitar uma narrativa, e foi medido o desempenho na estrutura da narrativa e coesão. Foram analisadas as frequências das variáveis, suas associações (teste de Mann-Whitney) e intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: As crianças surdas apresentaram desempenho pior, na estrutura da narrativa, uso de conjunções, medidas de coesão e pontuação geral da narrativa (P ≤ 0,05). Não houve diferença no número de proposições elaboradas e especificação de referentes nos dois grupos. Os surdos produziram maior proporção de proposições do tipo orientação (P = 0,001) e menor proporção dos tipos ações complicadoras (P = 0,015) e reação do personagem (P = 0,005). CONCLUSÃO: Os deficientes auditivos possuem alterações nos diferentes aspectos da linguagem, envolvendo forma, conteúdo e uso em relação a seus pares ouvintes. A competência narrativa também está relacionada ao tipo de escola e idade das crianças estudadas.
Downloads
Referências
Goulart BNG, Chiari BM. Prevalência de desordens de fala em escolares e fatores asso- ciados [Prevalence of speech disorders in schoolchildren and its associated factors]. Rev Saúde Pública = J Public Health. 2007;41(5):726-31.
Peña ED, Gillam RB, Malek M, et al. Dynamic assessment of school-age children´s narra- tive ability: an experimental investigation of classification accuracy. J Speech Lang Hear Res. 2006;49(5):1037-57.
Liles BZ. Cohesion in the narratives of normal and language-disordered children. J Speech Hear Res. 1985;28(1):123-33.
Norbury CF, Bishop DV. Narrative skills of children with communication impairments. Int J Lang Commun Disord. 2003;38(3):287-313.
Curenton SM, Justice LM. African American and Caucasian preschoolers’ use of decon- textualized language: literate language features in oral narratives. Lang Speech Hear Serv Sch. 2004;35(3):240-53.
Reilly J, Losh M, Bellugi U, Wulfeck B. “Frog, where are you?” Narratives in children with specific language impairment, early focal brain injury and Williams syndrome. Brain Lang. 2004;88(2):229-47.
Hay E, Moran C. Discourse formulation in children with closed head injury. Am J Speech Lang Pathol. 2005;14(4):324-36.
Fey ME, Catts HW, Proctor-Williams K, Tomblin JB, Zhang X. Oral and written story composition skills of children with language impairment. J Speech Lang Hear Res. 2004;47(6):1301-18.
Miilher LP, Ávila CRB. Variáveis lingüísticas e de narrativas no distúrbio de linguagem oral e escrita [Linguistic and narrative variables in oral and written language disorder]. Pró- Fono. 2006;18(2):177-88.
Sices L, Taylor HG, Freebairn L, Hansen A, Lewis B. Relationship between speech-sound disorders and early literacy skills in preschool-age children: impact of comorbid language impairment. J Dev Behav Pediatr. 2007;28(6):438-47.
Befi-Lopes DM, Bento ACP, Perissinoto J. Narração de histórias por crianças com distúrbio específico de linguagem [Narration of stories by children with specific language impair- ment]. Pró-fono. 2008;20(2):93-8.
Newman RM, McGregor KK. Teachers and laypersons discern quality differences be- tween narratives produced by children with or without SLI. J Speech Lang Hear Res. 2006;49(5):1022-36.
Nikolopoulos TP, Lloyd H, Starczewski H, Gallaway C. Using SNAP Dragons to monitor narrative abilities in young deaf children following cochlear implantation. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2003;67(5):535-41.
Nikolopoulos TP Archbold SM, Gregory S. Young deaf children with hearing aids or cochle- ar implants: early assessment package for monitoring progress. Int J Pediatr Otorhinola- ryngol. 2005;69(2):175-86.
Goulart BNG, Chiari BM. Testes de rastreamento x testes de diagnóstico: atualidades no contexto da atuação fonoaudiológica [Screening versus diagnostic tests: an update in the speech, language and hearing pathology practice]. Pró-Fono. 2007;19(2):223-32.
Costa MCM, Chiari BM. Verificação do desempenho de crianças deficientes auditivas oralizadas em teste de vocabulário [Verification of the performance of oralized hearing impaired children in a vocabulary test]. Pró-Fono. 2006;18(2):189-96.
Le Boeuf C. Raconte… 55 historiettes en images. Paris: L’Ecole; 1976.
Crosson J, Geers A. Analysis of narrative ability in children with cochlear implants. Ear Hear. 2001;22(5):381-94.
Soares AD, Chiari BM. Caracterização da narrativa oral de deficientes auditivos [Characterization of hearing-impairedïs oral narrative]. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2006;11(4):272-8.
Perroni MC. O desenvolvimento do discurso narrativo. 1a ed. São Paulo: Martins Fontes; 1992.
Chiari BM, Bragatto EL, Barbosa T, Strobilius R, Soares TCB. Avaliação da intencionalidade da comunicação em crianças deficientes auditivas e ouvintes entre 24 e 60 meses [Eva- luation of communicative intention and function in deaf and normally hearing children with ages between 24 and 60 months]. Pró-Fono. 2002;14(2):187-98.
Liles BZ. Episode organization and cohesive conjunctives in narratives of children with and without language disorder. J Speech Hear Res. 1987;30(2):185-96.
Spencer LJ, Barker BA, Tomblin JB. Exploring the language and literacy outcomes of pedia- tric cochlear implant users. Ear Hear. 2003;24(3):236-47.
Wake M, Poulakis Z, Hughes EK, Carey-Sargeant C, Rickards FW. Hearing impairment: a population study of age at diagnosis, severity, and language outcomes at 7-8 years. Arch Dis Child. 2005;90(3):238-44.
Moeller MP. Early intervention and language development in children who are deaf and hard of hearing. Pediatrics. 2000;106(3):E43.
Watkin P, McCann D, Law C, et al. Language ability in children with permanent hearing impairment: the influence of early management and family participation. Pediatrics. 2007;120(3):e694-701.
Yoshinaga-Itano C. Levels of evidence: universal newborn hearing screening (UNHS) and early hearing detection and intervention systems (EHDI). J Commun Disord. 2004;37(5):451-65.
Nicholas JG, Geers AE. Effects of early auditory experience on the spoken language of deaf children at 3 years of age. Ear Hear. 2006;27(3):286-98.
Yoshinaga-Itano C, Sedey AL, Coulter DK, Mehl AL. Language of early-and later-identified children with hearing loss. Pediatrics. 1998;102(5):1161-71.
Wang NM, Huang TS, Wu CM, Kirk KI. Pediatric cochlear implantation in Taiwan: long-term communication outcomes. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007;71(11):1775-82.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.