Síndrome da morte súbita na infância no Brasil

fato ou fantasia?

Autores

  • Francesca Maia Woida Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
  • Fabiano Pinto Saggioro Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
  • Maria Alice Rossato Ferro Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
  • Luiz Cesar Peres Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Morte súbita do lactente, Mortalidade infantil, Autopsia, Incidência, Diagnóstico

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A real incidência da síndrome da morte súbita na infância (SIDS) no Brasil é desconhecida. O objetivo foi identificar casos de SIDS na cidade de Ribeirão Preto, SP, entre os anos de 2000 e 2005 para estimar a sua incidência. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Análise retrospectiva dos dados relativos aos nascidos vivos e óbitos em Ribeirão Preto, além das necropsias de menores de um ano de idade realizados no Serviço de Verificação de Óbito do Interior (SVOI) entre 2000 e 2005. RESULTADOS: Houve 47.356 nascidos vivos e 537 óbitos de menores de um ano de idade, com mortalidade infantil variando de 12,9‰ a 10,9‰ nascidos vivos e pós-neonatal de 5,0% a 3,8‰. Dos 24 óbitos possivelmente devidos a SIDS autopsiados no SVOI, 6 eram do município (0,13‰ nascidos vivos), 3 (50%) diagnosticados como SIDS, 1 (16,66%) cada como causa indeterminada, broncoaspiração e edema cerebral. Dois óbitos ocorreram no primeiro mês de vida (33,33%) e um óbito (16,66%) com dois, quatro, seis e oito meses. Dois óbitos (33,33%) ocorreram nos meses de fevereiro e dezembro cada, um caso em agosto e outro em outubro (16,66%). Foram quatro casos (66,7%) no verão, um caso (16,66%) cada no inverno e na primavera. Houve predomínio do gênero masculino sobre o feminino numa proporção de 5:1. CONCLUSÕES: A freqüência de síndrome da morte súbita na infância foi inferior à da literatura mundial e brasileira, sugerindo subdiagnóstico, falta de protocolo de investigação post mortem específico e necessidade de sua implantação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francesca Maia Woida, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

MD. Resident, Pathology Service, Resident, Pathology Service, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brazil.

Fabiano Pinto Saggioro, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

MD. Attending Physician, Death Verification Service of the Interior and Service of Pathology, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brazil.

Maria Alice Rossato Ferro, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

BSc. Head Nurse of Vital Statistics Collection and Analysis System (Sistema de Coleta e Análise de Estatística Vital, SICAEV), Municipal Health Department of Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil.

Luiz Cesar Peres, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

MD, PhD. Associate professor, Department of Pathology, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil.

Referências

Bergman AB, Beckwith JB, Ray CG. Sudden infant death syndrome: proceedings of the second international conference on causes of sudden death in infants. Seattle: University of Washington Press; 1970.

Zylke JW. Sudden infant death syndrome: resurgent research offers hope. JAMA. 1989;262(12):1565-6.

Willinger M, James LS, Catz C. Defining the sudden infant death syndrome (SIDS): deliberations of an expert panel convened by the National Institute of Child Health and Human Development. Pediatr Pathol. 1991;11(5):677-84.

Fleming PJ, Gilbert R, Azaz Y, et al. Interaction between bedding and sleeping position in the sudden infant death syndrome: a population based case-control study. BMJ. 1990;301(6743):85-9.

Wigfield RE, Fleming PJ, Berry PJ, Rudd PT, Golding J. Can the fall in Avons sudden infant death rate be explained by changes in sleeping position? BMJ. 1992;304(6822):282-3.

Markestad T, Skadberg B, Hordvik E, Morild I, Irgens LM. Sleeping position and sudden infant death syndrome (SIDS): effect of an intervention programme to avoid prone sleeping. Acta Paediatr. 1995;84(4):375-8.

Engelberts AC, de Jonge GA, Kostense PJ. An analysis of trends in the incidence of sudden infant death in The Netherlands 1969-89. J Paediatr Child Health. 1991;27(6):329-33.

Spiers PS, Guntheroth WG. Recommendations to avoid the prone sleeping position and recent statistics for sudden infant death syndrome in the United States. Arch Pediatr Adolesc Med. 1994;148(2):141-6.

Beal SM. Sudden infant death syndrome (SIDS) in South Australia related to sleeping conditions. Med J Aust. 1993;158(10):723.

Waters KA, Gonzalez A, Jean C, Morielli A, Brouillette RT. Face-straight-down and face-near-straight-down positions in healthy, prone-sleeping infants. J Pediatr. 1996;128(5 Pt 1):616-25.

Dwyer T, Ponsonby AL. The decline of SIDS: a success story for epidemiology. Epidemiology. 1996;7(3):323-5.

Valdes DaPena M, Naeye RL, Gilbert Barness E. Sudden infant death syndrome. In: Gilbert Barness EF, editor. Potters pathology of the fetus and infant. St Louis: Mosby; 1997. p. 433-9.

Hunt CE, Hauck FR. Sudden infant death syndrome. CMAJ. 2006;174(13):1861-9.

Landi K, Gutierrez C, Sampson B, et al. Investigation of the sudden death of infants: a multicenter analysis. Pediatr Dev Pathol. 2005;8(6):630-8.

Nelson EA, Taylor BJ. International Child Care Practices Study: infant sleep position and parental smoking. Early Hum Dev. 2001;64(1):7-20.

Victora CG, Nobre LC, Lombardi C, et al. Quadro epidemiológico das mortes súbitas na infância em cidades gaúchas (Brasil). [Epidemiologic picture of sudden infant death in cities of Rio Grande do Sul (Brazil)]. Rev Saude Publica. 1987;21(6):490-6.

Peres LC. Sudden unexpected infant death syndrome in Ribeirão Preto, Brazil. Sao Paulo Med J. 1998;116(5):1803-07.

Nunes ML, Martins MP, Nelson EA, Cowan S, Cafferata ML, Costa JC. Orientações adotadas nas maternidades dos hospitais-escola do Brasil, sobre a posição de dormir. [Instructions from teaching hospital maternity wards to parents concerning the sleeping position of newborns]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2002;18(3):883-6.

Geib LTC, Nunes ML. Hábitos de sono relacionados à síndrome da morte súbita do lactente: estudo populacional. [Sleeping habits related to sudden infant death syndrome: a population-based study]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2006;22(2):415-23.

Geib LTC, Nunes ML. The incidence of sudden death syndrome in a cohort of infants. J Pediatr (Rio J). 2006;82(1):21-6.

Beal S, Porter C. Sudden infant death syndrome related to climate. Acta Paediatr Scand. 1991;80(3):278-87.

Templeman C. Two hundred and fifty-eight cases of suffocation of infants. Med Chir Soc (Edinburgh) 1892;6:322-9.

Brooke H, Gibson A, Tappin D, Brown H. Case-control study of sudden infant death syndrome in Scotland, 1992-5. BMJ. 1997;314(7093):1516-20.

Krous HF, Beckwith JB, Byard RW, et al. Sudden infant death syndrome and unclassified sudden infant deaths: a definitional and diagnostic approach. Pediatrics. 2004;114(1):234-8.

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Guidelines for death scene investigation of sudden, unexplained infant deaths: recommendations of the interagency panel on sudden infant death synd. MMWR Recomm Rep. 1996;45(RR-10):1-6. Available from: http://www.cdc.gov/mmwR/preview/mmwrhtml/00042657.htm Accessed in 2007 (Nov 27).

Peres LC. SIDS-Síndrome infantil da defunção súbita. [SIDS-Sudden infant death syndrome]. Medicina (Ribeirão Preto). 2005;38(1):34-41.

Downloads

Publicado

2008-01-01

Como Citar

1.
Woida FM, Saggioro FP, Ferro MAR, Peres LC. Síndrome da morte súbita na infância no Brasil: fato ou fantasia?. Sao Paulo Med J [Internet]. 1º de janeiro de 2008 [citado 15º de outubro de 2025];126(1):48-51. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1944

Edição

Seção

Artigo Original