Enxertos marginais aumentam a mortalidade precoce no transplante de fígado
Palavras-chave:
Seleção do doador, Transplante de fígado, Doação dirigida de tecido, Obtenção de tecidos e órgãos, Cirrose hepáticaResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: A utilização de doadores com critérios expandidos (enxertos marginais) é uma importante solução para a carência de órgãos para transplante. No entanto, isto suscita importante dilema ético porque esses órgãos podem aumentar a chance de insucesso do transplante. Este estudo compara os resultados do transplante de órgãos marginais e não-marginais em 103 pacientes portadores de doença hepática crônica. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Cento e três transplantes consecutivos de fígado por doença hepática crônica realizados no Serviço de Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foram retrospectivamente analisados, compreendendo o período de janeiro de 2001 a março de 2006. MÉTODOS: A qualidade do enxerto foi calculada utilizando sistema de pontuação validado. A doença hepática do receptor também foi classificada em MELD (Model for End-Stage Liver Disease) baixo (< 20) e MELD alto (≥ 20). Os parâmetros avaliados na comparação entre receptores de órgãos marginais e não-marginais foram: sobrevida do paciente em uma semana, um mês e um ano, pico sérico das enzimas hepatocelulares, dias de internação pós-transplante e incidência de complicações cirúrgicas e retransplantes. O índice de significância foi de 0.05. RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos quanto ao tempo de internação pós-transplante, pico sérico das enzimas hepatocelulares e incidência de complicações cirúrgicas. Em contraste, a utilização de enxertos marginais diminuiu a sobrevida global de um mês. Os receptores de enxertos não-marginais com baixo MELD apresentaram melhor sobrevida em uma semana e um mês do que os receptores de enxertos marginais com alto MELD. Após o período de um mês, a taxa de sobrevida foi similar até um ano em todos os grupos. CONCLUSÃO: Em conclusão, o uso de enxerto marginal aumenta mortalidade precoce no transplante de fígado, principalmente nos receptores com alto MELD.
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