Efetividade e segurança dos balonetes de tubos traqueais preenchidos com ar versus preenchidos com lidocaína

ensaio clínico randomizado

Autores

  • Lais Helena Camacho Navarro Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista
  • José Reinaldo Cerqueira Braz Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista
  • Giane Nakamura Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista
  • Rodrigo Moreira e Lima Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista
  • Fredson de Paula e Silva Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista
  • Norma Sueli Pinheiro Módolo Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

Palavras-chave:

Intubação endotraqueal, Tosse, Faringite, Rouquidão, Lidocaína

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Os tubos traqueais são dispositivos utilizados para manutenção da ventilação. A hiperinsuflação do balonete do tubo traqueal, causada pela difusão do óxido nitroso (N2O), pode determinar lesões traqueais, que se manifestam clinicamente como odinofagia, rouquidão e tosse. A lidocaína, quando injetada no balonete do tubo traqueal, difunde-se através de sua parede, determinando ação anestésica local na traquéia. O objetivo foi avaliar a efetividade e a segurança do balonete do tubo traqueal preenchido com ar comparado com o balonete preenchido com lidocaína, considerando os desfechos: sintomas cardiovasculatórios (HAS, taquicardia); odinofagia, tosse, rouquidão e tolerância ao tubo traqueal. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo clínico prospectivo, realizado no Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Unesp, campus de Botucatu. MÉTODOS: A pressão do balonete do tubo traqueal foi medida, entre 50 pacientes, antes, 30, 60, 90 e 120 minutos após o início da inalação de N2O anestésico. As pacientes foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos: Air, em que o balonete foi inflado com ar para obtenção de pressão de 20 cm H2O, e Lido, em que o balonete foi preenchido com lidocaína a 2% mais bicarbonato de sódio a 8,4% para obtenção da mesma pressão. O desconforto antes da extubação, e manifestações clínicas como dor de garganta, rouquidão e tosse foram registrados no momento da alta da unidade de cuidados pós-anestésicos, e dor de garganta e rouquidão foram avaliadas também 24 horas após a anestesia. RESULTADOS: Os valores da pressão no balonete em G2 foram significativamente menores do que os de Air em todos os tempos de estudo, a partir de 30 minutos (p < 0,001). A proporção de pacientes que reagiu ao tubo traqueal no momento da desintubação foi significantemente menor em Lido (p < 0,005). A incidência de odinofagia foi significantemente menor em Lido no primeiro dia de pós-operatório (p < 0,05). A incidência de tosse e rouquidão não diferiu entre os grupos. CONCLUSÕES: Durante ventilação artificial, empregando-se a mistura de oxigênio e N2O, a insuflação do balonete com lidocaína 2% alcalinizada impede que ocorra aumento significante da pressão no balonete e determina maior tolerância ao tubo traqueal e menor incidência de odinofagia no pós-operatório, podendo então ser considerada mais segura e com maior efetividade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lais Helena Camacho Navarro, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

Postgraduate student, Anesthesiology course, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

José Reinaldo Cerqueira Braz, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

MD, PhD. Full professor, Department of Anesthesiology, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

Giane Nakamura, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

Postgraduate student, Anesthesiology course, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

Rodrigo Moreira e Lima, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

Postgraduate student, Anesthesiology course, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

Fredson de Paula e Silva, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

Undergraduate student, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

Norma Sueli Pinheiro Módolo, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista

MD, PhD. Assistant professor, Department of Anesthesiology, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, São Paulo, Brazil.

Referências

Klainer AS, Turndorf H, Wu HW, Maewal H, Allender P. Surface alterations due to endotracheal intubation. Am J Med. 1975;58(5):674-83.

Combes X, Schauvliege F, Peyrouset O, et al. Intracuff pressure and tracheal morbidity: influence of filling with saline during nitrous oxide anesthesia. Anesthesiology. 2001;95(5):1120-4.

Martins RHG, Braz JRC, Bretan O, Figueiredo PR, Defaveri

J. Lesões precoces da intubação endotraqueal. [Early injuries of the endotracheal intubation]. Rev Bras Otorrinolaringol. 1995;61(5):343-8.

Berlauk JF. Prolongeal endotracheal intubation vs. tracheostomy. Crit Care Med. 1986;14(8):742-5.

Stauffer JL, Olson DE, Petty TL. Complications and con- sequences of endotracheal intubation and tracheotomy. A prospective study of 150 critically ill adult patients. Am J Med. 1981;70(1):65-76.

Nordin U. The trachea and cuff-induced tracheal injury. An experimental study on causative factors and prevention. Acta Otolaryngol Suppl. 1977;345:1-71.

Stanley TH, Kawamura R, Graves C. Effects of nitrous oxide on volume and pressure of endotracheal tube cuffs. Anesthesiology. 1974;41(3):256-62.

Beebe DS. Complications of tracheal intubation. Semin Anesth Perioperat Med Pain. 2001;20:166-72.

Sconzo JM, Moscicki JC, DiFazio CA. In vitro diffusion of lidocaine across endotracheal tube cuffs. Reg Anesth. 1990;15(1):37-40.

Huang CJ, Tsai MC, Chen CT, Cheng CR, Wu KH, Wei TT. In vitro diffusion of lidocaine across endotracheal tube cuffs. Can J Anaesth. 1999;46(1):82-6.

Navarro RM, Baughman VL. Lidocaine in the endotracheal tube cuff reduces postoperative sore throat. J Clin Anesth. 1997;9(5):394-7.

Hirota W, Kobayashi W, Igarashi K, et al. Lidocaine added to a tracheostomy tube cuff reduces tube discomfort. Can J Anaesth. 2000;47(5):412-4.

Huang CJ, Hsu YW, Chen CC, et al. Prevention of coughing induced by endotracheal tube during emergence from general anesthesia--a comparison between three different regimens of lidocaine filled in the endotracheal tube cuff. Acta Anaesthesiol Sin. 1998;36(2):81-6.

Fagan C, Frizelle HP, Laffey J, Hannon V, Carey M. The effects of intracuff lidocaine on endotracheal-tube-induced emergence phenomena after general anesthesia. Anesth Analg. 2000;91(1):201-5.

Altintas F, Bozkurt P, Kaya G, Akkan G. Lidocaine 10% in the endotracheal tube cuff: blood concentrations, haemodynamic and clinical effects. Eur J Anaesthesiol. 2000;17(7):436-42.

Dollo G, Estebe JP, Le Corre P, Chevanne F, Ecoffey C, Le Verge R. Endotracheal tube cuffs filled with lidocaine as a drug delivery system: in vitro and in vivo investigations. Eur J Pharm Sci. 2001;13(3):319-23.

Estebe JP, Dollo G, Le Corre P, et al. Alkalinization of intracuff lidocaine improves endotracheal tube-induced emergence phe- nomena. Anesth Analg. 2002;94(1):227-30.

Soltani HA, Aghadavoudi O. The effect of different lidocaine application methods on postoperative cough and sore throat. J Clin Anesth. 2002;14(1):15-8.

Braz JR, Navarro LH, Takata IH, Nascimento Júnior P. En- dotracheal tube cuff pressure: need for precise measurement. Sao Paulo Med J. 1999;117(6):243-7.

Medalha S, Oliveira LC, Godoy I. Avaliação da pressão no balonete das cânulas endotraqueais e de traqueostomia em pacientes na Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Terap Intensiva. 1999;11:90-3.

Spittle CSN, Beavis SE. Do you measure cuff pressure? A survey of clinical practice. Br J Anaesth. 2001;87:344-5.

Vyas D, Inweregbu K, Pittard A. Measurement of tracheal tube cuff pressure in critical care. Anaesthesia. 2002;57(3):275-7.

Fernandez R, Blanch L, Mancebo J, Bonsoms N, Artigas A. Endotracheal tube cuff pressure assessment: pitfalls of finger estimation and need for objective measurement. Crit Care Med. 1990;18(12):1423-6.

Brandt L. Prevention of nitrous oxide-induced increases in endotracheal tube cuff pressure. Anesth Analg. 1991;72(2):262- 3.

Karasawa F, Okuda T, Mori T, Oshima T. Maintenance of stable cuff pressure in the Brandt tracheal tube during anaesthesia with nitrous oxide. Br J Anaesth. 2002;89(2):271-6.

Navarro LHC, Braz JRC, Pletsch AK, Amorim RB, Módolo NSP. Estudo comparativo das pressões dos balonetes de tubos traqueais contendo ou não válvula reguladora de pressão de Lanz. [Comparative study of tracheal tube pressures with or without Lanz pressure regulation system]. Rev Bras Anestesiol. 2001;51(1):17-27.

Karasawa F, Mori T, Kawatani Y, Ohshima T, Satoh T. Deflation- ary phenomenon of the nitrous oxide-filled endotracheal tube cuff after cessation of nitrous oxide administration. Anesth Analg. 2001;92(1):145-8.

Fujikawa M, Mizoguchi H, Kawamura J, et al. A new endotra- cheal tube with a cuff impervious to nitrous oxide: constancy of cuff pressure and volume. Anesth Analg. 1995;81(5):1084-6.

Jensen PJ, Hommelgaard P, Sondergaard P, Eriksen S. Sore throat after operation: influence of tracheal intubation, intracuff pressure and type of cuff. Br J Anaesth. 1982;54(4):453-7.

Walmsley AJ, Burville LM, Davis TP. Cuff failure in polyvinyl chloride tracheal tubes sprayed with lignocaine. Anaesthesia. 1988;43(5):399-401.

Estebe JP, Delahaye S, Le Corre P, et al. Alkalinization of intra-cuff lidocaine and use of gel lubrication protect against tracheal tube-induced emergence phenomena. Br J Anaesth. 2004;92(3):361-6.

Bennett MH, Isert PR, Cumming RG. Postoperative sore throat and hoarseness following tracheal intubation using air or saline to inflate the cuff--a randomized controlled trial. Anaesth Intensive Care. 2000;28(4):408-13.

Tu HN, Saidi N, Leiutaud T, Bensaid S, Menival V, Duvaldestin

P. Nitrous oxide increases endotracheal cuff pressure and the incidence of tracheal lesions in anesthetized patients. Anesth Analg. 1999;89(1):187-90.

Mehta S, Myat HM. The cross-sectional shape and cir- cumference of the human trachea. Ann R Coll Surg Engl. 1984;66(5):356-8.

Tonnesen AS, Vereen L, Arens JF. Endotracheal tube cuff residual volume and lateral wall pressure in a model trachea. Anesthesiology. 1981;55(6):680-3.

Mandoe H, Nikolajsen L, Lintrup U, Jepsen D, Molgaard J. Sore throat after endotracheal intubation. Anesth Analg. 1992;74(6):897-900.

Suzuki N, Kooguchi K, Mizobe T, Hirose M, Takano Y, Tanaka Y. [Postoperative hoarseness and sore throat after tracheal intubation: effect of a low intracuff pressure of endotra- cheal tube and the usefulness of cuff pressure indicator]. Masui. 1999;48(10):1091-5.

Yukioka H, Yoshimoto N, Nishimura K, Fujimori M. Intra- venous lidocaine as a suppressant of coughing during tracheal intubation. Anesth Analg. 1985;64(12):1189-92.

Gonzalez RM, Bjerke RJ, Drobycki T, et al. Prevention of endotracheal tube-induced coughing during emergence from general anesthesia. Anesth Analg. 1994;79(4):792-5.

DiFazio CA, Neiderlehner JR, Burney RG. The anesthetic potency of lidocaine in the rat. Anesth Analg. 1976;55(6):818-21.

Downloads

Publicado

2007-11-11

Como Citar

1.
Navarro LHC, Braz JRC, Nakamura G, Lima RM e, Silva F de P e, Módolo NSP. Efetividade e segurança dos balonetes de tubos traqueais preenchidos com ar versus preenchidos com lidocaína: ensaio clínico randomizado. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2007 [citado 15º de outubro de 2025];125(6):322-8. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2184

Edição

Seção

Artigo Original