O ensino da homeopatia e da acupuntura na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

atitudes dos acadêmicos

Autores

  • Marcus Zulian Teixeira Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Chin An Lin Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Milton de Arruda Martins Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Educação médica, Medicina complementar, Homeopatia, Acupuntura, Atitude

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Apesar de a homeopatia e a acupuntura serem reconhecidas como especiali- dades médicas no Brasil, não são ensinadas na maioria das escolas médicas. O objetivo foi avaliar as atitudes dos acadêmicos perante estas práticas, após sua inserção como disciplinas eletivas no currículo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 2002. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Questionário, na FMUSP. MÉTODOS: 484 estudantes responderam um questionário auto-aplicável sobre interesse no aprendizado, forma de ensino, nível de conhecimento e forma de aquisição, experiência da terapêutica em si próprios ou pessoas próximas, principais indicações e eficácia geral, e possibilidade de oferecimento e integração junto aos serviços públicos de saúde. RESULTADOS: Acima de 85% dos estudantes considerou que a homeopatia e a acupuntura deveriam estar inseridas no currículo, de forma opcional (72%) ou obrigatória (19%); 56% mostraram-se muito interessados no aprendizado. Apesar de 76% terem nenhum ou pouco conhecimento, 67% creditavam algum grau de eficácia às terapêuticas, tendo como principais indicações as doenças crônicas, isoladamente (37%) ou englobando também as doenças agudas (29%). Em torno de 35% foram favoráveis ao oferecimento ambulatorial nos serviços públicos de saúde, enquanto que 34% defenderam a disponibilização também em hospitais, com 60% acreditando na possibilidade de integração com a prática médica convencional. CONCLUSÕES: A maioria dos estudantes de medicina entrevistados mostrou-se bastante interessada em aprender os fundamentos da homeopatia e da acupuntura durante a graduação, foi capaz de observar e reportar a eficácia e defendeu a incorporação nos serviços públicos de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcus Zulian Teixeira, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Researcher, Internal Medicine Department, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Chin An Lin, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Associate professor, Internal Medicine Department, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Milton de Arruda Martins, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Professor of Medicine, Internal Medicine Department, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Referências

Eisenberg DM, Kessler RC, Foster C, Norlock FE, Calkins DR, Del- banco TL. Unconventional medicine in the United States. Prevalence, costs, and patterns of use. N Engl J Med. 1993;328(4):246-52.

Fisher P, Ward A. Complementary medicine in Europe. BMJ. 1994;309(6947):107-11.

Eisenberg DM, Davis RB, Ettner SL, et al. Trends in alterna- tive medicine uses in the United States, 1990-1997: results of a follow-up national survey. JAMA. 1998;280(18):1569-75.

Burg MA, Hatch RL, Neims AH. Lifetime use of alterna- tive therapy: a study of Florida residents. South Med J. 1998;91(12):1126-31.

Ernst E, Resch KL, White AR. Complementary medicine. What physicians think of it: a meta-analysis. Arch Intern Med. 1995;155(22):2405-8.

Sikand A, Laken M. Pediatricians’ experience with and attitudes toward complementary/alternative medicine. Arch Pediatr Adolesc Med. 1998;152(11):1059-64.

Pirotta MV, Cohen MM, Kotsirilos V, Farish SJ. Complemen- tary therapies: have they become accepted in general practice? Med J Aust. 2000;172(3):105-9.

Corbin Winslow L, Shapiro H. Physicians want education about complementary and alternative medicine to enhance communication with their patients. Arch Intern Med. 2002;162(10):1176-81.

Teixeira MZ, Lin CA, Martins MA. O ensino de práticas não- convencionais em Saúde nas Faculdades de Medicina: panorama mundial e perspectivas brasileiras. [The teaching of non-con- ventional practices regarding health care in Medical Education Schools: world scenario and Brazilian perspectives]. Rev Bras Educ Méd. 2004;28(1):51-60.

Morgan D, Glanville H, Mars S, Nathanson V. Education and training in complementary and alternative medicine: a postal survey of UK universities, medical schools and faculties of nurse education. Complement Ther Med. 1998;6:64-70.

Barberis L, de Toni E, Schiavone M, Zicca A, Ghio R. Uncon- ventional medicine teaching at the Universities of the European Union. J Altern Complement Med. 2001;7(4):337-43.

Wetzel MS, Eisenberg DM, Kaptchuck TJ. Courses involving complementary and alternative medicine at US medical schools. JAMA. 1998;280(9):784-7.

Brokaw JJ, Tunnicliff G, Raess BU, Saxon DW. The teach- ing of complementary and alternative medicine in U.S. medical schools: a survey of course directors. Acad Med. 2002;77(9):876-81.

Ruedy J, Kaufman DM, MacLeod H. Alternative and comple- mentary medicine in Canadian medical schools: a survey. CMAJ. 1999;160(6):816-7.

Tsuruoka K, Tsuruoka Y, Kajii E. Complementary medicine education in Japanese medical schools: a survey. Complement Ther Med. 2001;9(1):28-33.

White AR, Mitchell A, Ernst E. Familiarization with comple- mentary medicine: report of a new course for primary care physicians. J Altern Complement Med. 1996;2(2):307-14.

Straus SE. Complementary and alternative medicine: chal- lenges and opportunities for American medicine. Acad Med. 2000;75(6):572-3.

Konefal J. The challenge of educating physicians about complemen- tary and alternative medicine. Acad Med. 2002;77(9):847-50.

Halliday J, Taylor M, Jenkins THE, Reilly D. Medical stu- dents and complementary medicine. Complement Ther Med. 1993;1(4 Suppl):32-3.

Andritzky W. Medizinstudenten und unkonventionelle Hei- lweisen - eine Befragung. [Medical students and alternative medicine - a survey]. Gesundheitswesen. 1995;57(6):345-8.

Haltenhof H, SchummTHE, Bühler KE. Komplementärmedizin im Urteil von Studierenden der Medizin: Eine Befragung in Vorklinik und Klinik. Forsch Komplementärmed. 1997;5:284-91.

Duggan K, Verhoef MJ, Hilsden RJ. First-year medical students and complementary and alternative medicines: attitudes, knowledge and experiences. Ann R Coll Physician Surg Can. 1999;32:157-60.

Derr S, Shaikh U, Rosen A, Guadagnino P. Medical students’ attitudes toward, knowledge of, and experience with comple- mentary medicine therapies. Acad Med. 1998;73(9):1020.

Greiner KA, Murray JL, Kallail KJ. Medical student interest in alterna- tive medicine. J Altern Complement Med. 2000;6(3):231-4.

Silverstein DD, Spiegel AD. Are physicians aware of the risks of alternative medicine? J Community Health. 2001;26(3):159-74.

Cohen JJ. Reckoning with alternative medicine. Acad Med. 2000;75(6):571.

Rampes H, Sharples F, Maragh S, Fisher P. Introducing comple- mentary medicine into the medical curriculum. J R Soc Med. 1997;90(1):19-22.

Kemper KJ, Vincent EC, Scardapane JN. Teaching an integrated approach to complementary, alternative, and mainstream thera- pies for children: a curriculum evaluation. J Altern Complement Med. 1999;5(3):261-8.

Rosenbaum ME, Nisly NL, Ferguson KJ, Kligman EW. Aca- demic physicians and complementary and alternative medicine: an institutional survey. Am J Med Qual. 2002;17(1):3-9.

Cardini F, Weixin H. Moxibustion for correction of breech presentation: a randomized controlled trial. JAMA. 1998;280(18):1580-4.

Harris WS, Gowda M, Kolb JW, et al. A randomized, controlled trial of the effects of remote, intercessory prayer on outcomes in patients admitted to the coronary care unit. Arch Intern Med. 1999;159(19):2273-8.

Dubey NP. Integrated medicine - many approaches, one service. World Health Forum. 1997;18(1):56-8.

Marcus DM. How should alternative medicine be taught to medi- cal students and physicians? Acad Med. 2001;76(3):224-9.

Sampson W. The need for educational reform in teaching about alternative therapies. Acad Med. 2001;76(3):248-50.

Murdoch-Eaton D, Crombie H. Complementary and alterna- tive medicine in the undergraduate curriculum. Med Teach. 2002;24(1):100-2.

Maizes V, Schneider C, Bell I, Weil A. Integrative medical education: development and implementation of a compre- hensive curriculum at the University of Arizona. Acad Med. 2002;77(9):851-60.

Downloads

Publicado

2005-03-03

Como Citar

1.
Teixeira MZ, Lin CA, Martins M de A. O ensino da homeopatia e da acupuntura na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: atitudes dos acadêmicos. Sao Paulo Med J [Internet]. 3º de março de 2005 [citado 15º de outubro de 2025];123(2):77-82. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2320

Edição

Seção

Artigo Original