Uso de anfotericina B infusional
uma experiência preliminar da Faculdade de Medicina da fundação ABC
Palavras-chave:
Anfotericina B, Neutropenia, Febre, Hematologia, LeucemiaResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: Pacientes neutropênicos com febre persistente podem apresentar infecções fúngicas com freqüência. A administração de anfotericina B deoxicolato tem sido padrão para estes pacientes, no entanto sua infusão endovenosa, usualmente administrada em quatro horas, pode levar a nefrotoxicidade, hepatotoxicidade e efeitos adversos relacionados à infusão, como tremores e calafrios. A literatura evidencia que o uso de anfotericina B deoxicolato em infusão contínua de 24 horas pode ser menos tóxica em relação à administração usual. O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia, segurança e toxicidade da anfotericina B infusional contínua em pacientes onco-hematológicos após quimioterapia com neutropenia febril persistente. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo observacional e retrospectivo de nossa experiência com anfotericina B deoxicolato em infusão contínua de 24 horas, na Faculdade de Medicina da Fundação ABC e Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. MÉTODOS: No período entre outubro de 2003 e maio de 2004, 12 pacientes com neoplasias hematológicas e neutropenia febril induzida por quimioterapia receberam 13 ciclos de anfotericina B deoxicolato infusional. RESULTADOS: A dose média da infusão foi de 0,84 mg/kg/dia. O uso concomitante de outras drogas nefrotóxicas ocorreu em 92% dos ciclos. Foram observados nefrotoxicidade em 30,76%, hipocalemia em 16,67%, hepatotoxicidade em 30% e efeitos adversos relacionados à infusão em 23% dos ciclos. Todos os pacientes sobreviveram aos sete primeiros dias após o início do tratamento e a resolução clínica ocorreu em 76% dos ciclos. CONCLUSÃO: A infusão contínua de anfotericina B é exeqüível para uso em nossa instituição como alterna- tiva à infusão em quatro horas (mais tóxica) e possivelmente às caras formulações lípidicas desta droga.
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