Competência cultural do profissional de saúde sexual
Palavras-chave:
Competência cultural, grupos minoritários, relações interpessoais, saúde sexual, opressão socialResumo
Diferenças culturais impactam o relacionamento entre o profissional de saúde e o paciente. A competência cultural caracteriza-se por autoconsciência, conhecimento e habilidades, o que aumenta a flexibilidade, capacidade de adaptação e disponibilidade do profissional para aquisição de novos conhecimentos sobre a população atendida e sobre si mesmo. Quando ela está comprometida, ocorre a opressão cultural, imposição de padrões próprios, sem considerar raça, cultura, gênero e orientação sexual do paciente, mesmo que não intencionalmente. Populações mais vulneráveis à opressão cultural sofrem o estresse de minorias e microagressões. A consciência da diversidade depende do desenvolvimento da consciência crítica sobre a própria condição privilegiada. O racismo, numa dimensão individual, pode ser explícito (intenção deliberada de tratar uma raça como superior) ou implícito (expressão sutil com viés discriminatório, consciente ou não). O esforço para melhorar os serviços de saúde para grupos com diferenças culturais e étnicas tem sido focado no treinamento da competência cultural e avaliado por mudanças em conhecimento, atitudes, habilidades e comportamentos. Profissionais de saúde frequentemente consideram-se aptos para atender às necessidades de uma população multicultural, mesmo sem capacitação na área. No entanto, poucos reconhecem o próprio racismo, desequilíbrio de poder, vieses culturais e a necessidade de autorreflexão. O desafio para eles, especialmente para o profissional de saúde sexual, é o desenvolvimento da própria competência cultural, considerando vieses inconscientes e com maior foco na dimensão implícita no treinamento antidiscriminatório e no aumento da autoreflexão crítica.
Referências
Sue DW, Sue D. Counseling the culturally diverse: theory and practice. 5a ed. Hoboken: John Wiley; 2008. ISBN-10: 0470086327; ISBN-13: 978-0470086322. World Health Organization (WHO) 2006. Sexual and reproductivehealth. Defining sexual health. Disponível em: https://www.who.int/reproductivehealth/topics/sexual_health/sh_definitions/en/Stilos K, Doyle C, Daines P. Addressing the sexual health needs of patients with gynecologic cancers. Clin J Oncol Nurs. 2008;12(3):457-63. PMID: 18515244; doi: 10.1188/08.CJON.457-463.
Jongen C, McCalman J, Bainbridge R. Health workforce cultural competency interventions: a systematic scoping review. BMC Health Serv Res. 2018;18(1):232. PMID: 29609614; doi: 10.1186/s12913-018-3001-5.
Watt K, Abbott P, Reath J. Developing cultural competence in general practitioners: an integrative review of the literature. BMC Fam Pract. 2016;17(1):158. PMID: 27846805; doi: 10.1186/s12875-016-0560-6.
Fleury HJ, Orozco MC. Competência cultural: um aspecto da clínica. In: Marra MM, Costa LF, organizadores. Temas da clínica do adolescente e da família. São Paulo: Ágora; 2010. p. 25-35. ISBN: 9788571830691.
Business Dictionary. Cultural competency. Disponível em http://www.businessdictionary.com/definition/cultural-competency.html. Acessado em 2019 (Jun 19).
Meyer IH. Prejudice, social stress, and mental health in lesbian, gay, and bisexual populations: conceptual issues and research evidence. Psychol Bull. 2003;129(5):674-97. PMID: 12956539; doi: 10.1037/0033-2909.129.5.674
Kelleher C. Minority stress and health: Implications for lesbian, gay, bisexual, transgender, and questioning (LGBTQ) young people. Counselling Psychology Quarterly. 2009;22(4):373-9. doi: 10.1080/09515070903334995.
Sue DW, Capodilupo CM, Torino GC, et al. Racial microaggressions in everyday life: implications for clinical practice. Am Psychol. 2007;62(4):271-86. PMID: 17516773; doi: 10.1037/0003-066X.62.4.271.
Sue DW, Lin AI, Torino GC, Capodilupo CM, Rivera DP. Racial microaggressions and difficult dialogues on race in the classroom. Cultur Divers Ethnic Minor Psychol. 2009;15(2):183-90. PMID: 19364205; doi: 10.1037/a0014191.
Stevens FL, Abernethy AD. Neuroscience and Racism: The Power of Groups for Overcoming Implicit Bias. International Journal of Group Psychotherapy. 2018;68(4):561-84, doi: 10.1080/00207284.2017.1315583.
Haen C, Thomas NK. Holding History: Undoing Racial Unconsciousness in Groups. International Journal of Group Psychotherapy. 2018;68(4):498-520. doi: 10.1080/00207284.2018.1475238.
Holroyd J. Implicit bias, awareness and imperfect cognitions. Conscious Cogn. 2015;33:511-23. PMID: 25467778; doi: 10.1016/j.concog.2014.08.024.
Shepherd SM, Willis-Esqueda C, Newton D, Sivasubramaniam D, Paradies Y. The challenge of cultural competence in the workplace: perspectives of healthcare providers. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):135. PMID: 30808355; doi: 10.1186/s12913-019-3959-7.