A relação entre cafeína e zumbido: sinopse baseada em evidências
Palavras-chave:
Sinopse de evidências, zumbidos, estimulante do sistema nervoso central, cafeínaResumo
Contexto: A associação entre a cafeína e o zumbido é bastante descrita na literatura, mas o papel da cafeína no zumbido não é claramente explicado. A redução no consumo de cafeína ou mesmo sua abolição é recomendada como meio de melhorar o zumbido. Entretanto, há fundamentação nessa orientação? Há evidências científicas que respaldam essa ação? Objetivo: Avaliar as evidências relativas à possível associação entre a ingestão de cafeína e o zumbido. Métodos: Trata-se de sinopse baseada em evidências. Procedeu-se à busca por estudos que associavam cafeína e zumbido em quatro bases de dados: Cochrane - Central de Registros de Ensaios Clínicos - CENTRAL (2023), PubMed (1966-2023), Portal Biblioteca Virtual em Saúde (1982-2023) e Embase (1974-2023). Foram utilizados os descritores “caffeine” e “tinnitus”. Dois pesquisadores independentemente extraíram os dados e avaliaram a qualidade dos estudos para a síntese. O desfecho primário de análise envolveu a relação entre o consumo de cafeína e o zumbido. Resultados: Foram encontradas 79 referências. Cinco estudos (1 ensaio clínico, 2 coortes e 2 estudos caso-controle) foram incluídos (n = 65.856 participantes). Discussão: A literatura apresenta poucos estudos que buscam a relação entre o consumo de cafeína e o zumbido. Trata-se de estudos com amostragem reduzida e limitações metodológicas. A evidência é baixa e são necessários novos estudos. Conclusões: Não é possível concluir sobre uma possível relação entre a cafeína e o zumbido. Há poucos estudos prospectivos realizados e a evidência é baixa, sendo necessária a realização de novos estudos prospectivos de qualidade para elucidação dessa questão.
Referências
Ledesma ALL, Leite Rodrigues D, Monteiro de Castro Silva I, Oliveira CA, Bahmad F Jr. The effect of caffeine on tinnitus: Randomized triple-blind placebo-controlled clinical trial. PLoS One. 2021;16(9):e0256275. PMID: 34543285; https://doi.org/10.1371/journal.pone.0256275.
Claire LS, Stothart G, McKenna L, Rogers PJ. Caffeine abstinence: an ineffective and potentially distressing tinnitus therapy. Int J Audiol. 2010;49(1):24-9. PMID: 20053154; https://doi.org/10.3109/14992020903160884.
Mandel HG. Update on caffeine consumption, disposition and action. Food Chem Toxicol. 2002;40(9):1231-4. PMID: 12204386; https://doi.org/10.1016/s0278-6915(02)00093-5.
Figueiredo RR, Rates MJ, Azevedo AA, Moreira RK, Penido Nde O. Efeitos da redução no consumo de cafeína sobre a percepção do zumbido [Effects of the reduction of caffeine consumption on tinnitus perception]. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80(5):416-21. PMID: 25303817; https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.05.033.
Juliano LM, Griffiths RR. A critical review of caffeine withdrawal: empirical validation of symptoms and signs, incidence, severity, and associated features. Psychopharmacology. 2004;176(1):1-29. PMID: 15448977; https://doi.org/10.1007/s00213-004-2000-x.
Person OC, Mourad WM, Santos GM, Puga MES, Atallah AN. Terapia Notch, uma estratégia no tratamento do zumbido. Diagn Tratamento. 2022;27(4):150-6. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1399065. Acesso em 2024 (16 jan).
Person OC, Angélico Jr FV, Altoé J, et al. What do Cochrane systematic reviews say about therapeutic tinnitus interventions? ABCS Health Sciences. 2022;47:e022301. https://doi.org/10.7322/abcshs.2020111.1565.
Stockdale D, McFerran D, Brazier P, et al. An economic evaluation of the healthcare cost of tinnitus management in the UK. BMC Health Serv Res. 2017;17(1):577. PMID: 28830503; https://doi.org/10.1186/s12913-017-2527-2.
Roberts LE, Eggermont JJ, Caspary DM, et al. Ringing ears: the neuroscience of tinnitus. J Neurosci. 2010;30(45):14972-9. PMID: 21068300; https://doi.org/10.1523/jneurosci.4028-10.2010.
McFerran DJ, Stockdale D, Holme R, Large CH, Baguley DM. Why is there no cure for Tinnitus? Front Neurosci. 2019;13:802. PMID: 31447630; https://doi.org/10.3389/fnins.2019.00802.
Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handbook for systematic reviews of interventions 5.1.0. Oxford: The Cochrane Colaboration; 2011. Disponível em: http://handbook-5-1.cochrane.org/. Acessado em 2023 (28 out).
OCEBM Levels of Evidence Working Group. "The Oxford 2011 Levels of Evidence". Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. Disponível em: https://www.cebm.net/wp-content/uploads/2014/06/CEBM-Levels-of-Evidence-2.1.pdf. Acessado em 2023 (28 ago).
Jarach CM, Lugo A, Garavello W, et al. The role of diet in Tinnitus Onset: a hospital-based case-control study from Italy. Nutrients. 2023;15(3):621. PMID: 36771329; https://doi.org/10.3390/nu15030621.
Figueiredo RR, Azevedo AA, Penido NO. Tinnitus features according to caffeine consumption. Prog Brain Res. 2021;262:335-44. PMID: 33931187; https://doi.org/10.1016/bs.pbr.2020.05.001.
Glicksman JT, Curhan SG, Curhan GC. A prospective study of caffeine intake and risk of incident tinnitus. Am J Med. 2014;127(8):739-43. PMID: 24608016; https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2014.02.033.
Felício CM, Oliveira JAA, Nunes J, Jeronymo LF, Jeronymo RRF. Alterações auditivas relacionadas ao zumbido nos distúrbios otológicos e da articulação têmporo-mandibular. Rev Bras Otorrinolaringol. 1999;65(2):141-5. Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1456. Acesso em 2024 (16 jan).
Person OC, Féres MCLC, Barcelos CEM, et al. Zumbido: aspectos etiológicos, fisiopatológicos e descrição de um protocolo de investigação. Arq. Med ABC. 2005;30(2):111-8. Disponível em: https://www.portalnepas.org.br/amabc/article/view/294. Acesso em 2024 (16 jan).
Jastreboff PJ. Phantom auditory perception (tinnitus): mechanisms of generation and perception. Neuros Res. 1990;8(4):221-54. PMID: 2175858; https://doi.org/10.1016/0168-0102(90)90031-9.
Shore S, El Kashlan H, Lu J. Effects of trigeminal ganglion stimulation on unit activity of ventral cochlear nucleus neurons. Neuroscience. 2003;119(4):1085-101. PMID: 12831866; https://doi.org/10.1016/s0306-4522(03)00207-0.
Shore SE. Multisensory integration in the dorsal cochlear nucleus: unit responses to acoustic and trigeminal ganglion stimulation. Eur J Neurosci. 2005;21(12):3334-48. PMID: 16026471; https://doi.org/10.1111/j.1460-9568.2005.04142.x.
Shore SE, Vass Z, Wys NL, Altschuler RA. Trigeminal ganglion innervates the auditory brainstem. J Comp Neurol. 2000;419(3):271-85. PMID: 10723004; https://doi.org/10.1002/(sici)1096-9861(20000410)419:3%3C271::aid-cne1%3E3.0.co;2-m.