Disforia de gênero em indivíduos transexuais adultos
aspectos clínicos e epidemiológicos
Keywords:
Sexo, identidade de gênero, pessoas transgênero, transexualismo, disforia de gêneroAbstract
O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 5a edição, da Associação Psiquiátrica Americana (APA), esclarece que indivíduo transexual é quem não se identifica com o seu sexo de nascimento e que procura adequar, ou passou por uma adequação para o gênero com o qual se identifica, o que, em vários, mas não em todos os casos, envolve transição somática por tratamento hormonal e cirurgia genital (cirurgia de redesignação sexual). Por sua vez, a classificação diagnóstica disforia de gênero refere-se à incongruência entre o sexo de nascimento e como ele é percebido e manifestado no comportamento do indivíduo, o que vem acompanhado por sofrimento. Embora nem todos os indivíduos venham a sentir desconforto com o resultado de tal incongruência, muitos sentirão, se não estiverem disponíveis as intervenções desejadas sobre o físico, por meio de hormônios e/ou cirurgias. Estudos demonstram associação entre transtornos ansiosos e afetivos com a disforia de gênero em indivíduos transexuais adultos; assim como maior frequência de ideação e/ou tentativas de suicídio ao longo da vida. Não há estudo epidemiológico sobre a prevalência da transexualidade que tenha sido conduzido no Brasil, entretanto são estimados em torno de 1:100.000 a 1:2.900 em estudos europeus e asiáticos. Verificou-se, em um estudo de metanálise recentemente publicado, que tem havido aumento da prevalência de indivíduos transexuais com disforia de gênero ao longo do tempo. A prevalência global verificada neste estudo é de 4,6 em 100.000 mil pessoas.
References
World Health Organization. The ICD-10 classification of mental and behavioural disorders: diagnostic criteria for research. Geneva: World Health Organization; 1993.
American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Washington: Arligton; 2013.
Barbosa BC. Imaginando trans: saberes e ativismos em torno das regulações das transformações corporais do sexo [tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo; 2015.
Sánchez FJ, Vilain E. Collective Self-Esteem as a Coping Resource for Male-to-Female Transsexuals. J Couns Psychol. 2009;56(1):202-9.
Heylens G, Elaut E, Kreukels BP, et al. Psychiatric characteristics in transsexual individuals: multicentre study in four European countries. Br J Psychiatry. 2014;204(2):151-6.
Keuroghlian AS, Reisner SL, White JM, Weiss RD. Substance use and treatment of substance use disorders in a community sample of transgender adults. Drug Alcohol Depend. 2015;152:139-46.
Colizzi M, Costa R, Todarello O. Dissociative symptoms in individuals with gender dysphoria: is the elevated prevalence real? Psychiatry Res. 2015;226(1):173-80.
De Cuypere G, Van Hemelrijck M, Michel A, et al. Prevalence and demography of transsexualism in Belgium. Eur Psychiatry. 2007;22(3):137-41.
Arcelus J, Bouman WP, Van Den Noortgate W, et al. Systematic review and meta-analysis of prevalence studies in transsexualism. Eur Psychiatry. 2015;30(6):807-15.
Keuzenkamp S, Kuyper L. Acceptance of lesbian, gay, bisexual and transgender individuals in the Netherlands. The Netherlands Institute for Social Research; 2013. Disponível em: http://www.advlimburg.nl/media/90899/acceptance_of_lesbian__gay__bisexual_and_transgender_individuals_in_the_netherlands_2013. pdf. Accessado em 2016 (9 nov).
Dhejne C, Öberg K, Arver S, Landén M. An analysis of all applications for sex reassignment surgery in Sweden, 1960-2010: prevalence, incidence, and regrets. Arch Sex Behav. 2014;43(8):1535-45.