Atenção plena como opção terapêutica para as disfunções sexuais
Palavras-chave:
Sexualidade, atenção plena, disfunções sexuais psicogênicas, neoplasias da próstata, terapia cognitivo-comportamentalResumo
A prevalência das disfunções sexuais é alta na população geral. A capacidade de regular as experiências emocionais facilita o relacionamento mais adaptado aos estados internos e às condições ambientais. A prática da atenção plena promove atenção à experiência do momento presente — com curiosidade, abertura, aceitação, não reatividade e não julgamento — e tem se mostrado eficaz para melhorar muitas condições biopsicossociais, sendo utilizada em ambientes de saúde, escolas e locais de trabalho. O objetivo é apresentar atualizações na abordagem das dificuldades sexuais por meio do desenvolvimento da atenção plena. Entre outras recomendações, o treinamento para descentralizar a atenção, o desenvolvimento de habilidades para perceber pensamentos e sentimentos como estados mentais, não necessariamente reais, além de promover aceitação, compaixão e melhor gestão de pensamentos intrusivos e ruminativos são alguns pontos positivos da prática da atenção plena como única abordagem ou associada a outras. É apresentado um protocolo com grupo terapêutico para desenvolvimento da atenção plena para casais, em que o parceiro é sobrevivente do câncer de próstata. Segue uma proposta terapêutica com oito módulos desenvolvida em formato presencial e adaptada para a plataforma virtual. Os módulos são: definições e causas da disfunção sexual; conscientização crescente das sensações físicas; exploração do corpo e julgamentos sobre ele; consciência de pensamentos e crenças sexuais; trabalho com aversão e autotoque; consciência das sensações sexuais; foco sensorial com o parceiro; manutenção (e aumento) dos ganhos. Essa prática desenvolvida online abriu um campo importante para beneficiar portadores de disfunção sexual com dificuldade para buscar outras modalidades de intervenção.
Referências
Mitchell KR, Jones KG, Wellings K, et al. Estimating the Prevalence of Sexual Function Problems: The Impact of Morbidity Criteria. J Sex Res. 2016;53(8):955-67. PMID: 26605494; http://doi.org/10.1080/00224499.2015.1089214.
Dewitte, M. Gender differences in implicit processing of sexual stimuli. Eur J Pers. 2016; 30(2):107-24. https://doi.org/10.1002/per.2031.
Schuman-Olivier Z, Trombka M, Lovas DA, et al. Mindfulness and Behavior Change. Harv Rev Psychiatry. 2020;28(6):371-94. PMID: 33156156; http://doi.org/10.1097/HRP.0000000000000277.
Zhang D, Lee EKP, Mak ECW, Ho CY, Wong SYS. Mindfulness-based interventions: an overall review. Br Med Bull. 2021;138(1):41-57. PMID: 33884400; http://doi.org/10.1093/bmb/ldab005.
Althof SE. What’s new in sex therapy (CME). J Sex Med. 2010;7(1):5-13. PMID: 20092458; http://doi.org/10.1111/j.1743-6109.2009.01433.x.
Mestre-Bach G, Blycker GR, Potenza MN. Behavioral Therapies for Treating Female Sexual Dysfunctions: A State-of-the-Art Review. J Clin Med. 2022;11(10):2794. PMID: 35628920; http://doi.org/10.3390/jcm11102794.
Meyers M, Margraf J, Velten J. Psychological Treatment of Low Sexual Desire in Women: Protocol for a Randomized, Waitlist-Controlled Trial of Internet-Based Cognitive Behavioral and Mindfulness-Based Treatments. JMIR Res Protoc. 2020;9(9):e20326. PMID: 32990248; http://doi.org/10.2196/20326.
Bossio JA, Higano CS, Brotto LA. Preliminary Development of a Mindfulness-Based Group Therapy to Expand Couples’ Sexual Intimacy after Prostate Cancer: A Mixed Methods Approach. Sex Med. 2021;9(2):100310. PMID: 33529815; http://doi.org/10.1016/j.esxm.2020.100310.
Zippan N, Stephenson KR, Brotto LA. Feasibility of a brief online psychoeducational intervention for women with sexual interest/arousal disorder. J Sex Med. 2020;17(11):2208-19. PMID: 32919927; http://doi.org/10.1016/j.jsxm.2020.07.086.
Brotto LA, Stephenson KR, Zippan N. Feasibility of an online mindfulness-based intervention for women with sexual interest/arousal disorder. Mindfulness. 2022;13(3):647-59. PMID: 35035598; http://doi.org/10.1007/s12671-021-01820-4