Síndrome de Ehlers-Danlos, variante clássica
apresentação de um caso e revisão da literatura
Palavras-chave:
Síndrome de Ehlers-Danlos, doenças do colágeno, tecido conjuntivo, colágeno, colágeno tipo V, instabilidade articularResumo
Contexto: Síndrome de Ehlers-Danlos compreende um grupo de doenças hereditárias caracterizadas pela fragilidade da pele, ligamentos, vasos sanguíneos e órgãos internos. Decorre de diferentes defeitos genéticos na via de biosíntese do colágeno, resultando em alterações na síntese e estrutura do tecido conjuntivo. Estima-se sua prevalência em 1:5.000 nascidos vivos. Descrição do caso: Mulher, de 24 anos, com aumento da mobilidade articular, da elasticidade cutânea e tendência à formação de cicatrizes atróficas após mínimos traumas desde a infância, tem avô com queixas semelhantes. Exame fundoscópico, cardiológico e ultrassonografia abdominal sem alterações. Estabeleceu-se o diagnóstico de síndrome de Ehlers-Danlos, variante clássica. Discussão: A classificação de Villefranche considera as alterações genéticas da síntese dos colágenos tipo I, III e/ou V, para subdividir a síndrome nas variantes: clássica, hipermobilidade articular, vascular, cifoescoliose, artocalásia, dermatosparaxia. A variante clássica decorre de mutações no colágeno V e é caracterizada pela tríade de hipermobilidade articular, hiperextensibilidade e cicatrizes atróficas, bem como apresentada pela paciente em questão. Conclusões: Cabe ao médico suspeitar e reconhecer a síndrome, uma vez que algumas variantes apresentam risco inclusive de morte. Esses pacientes necessitam de acompanhamento multiprofissional, com cardiologista, oftalmologista, dermatologista, reumatologista e fisioterapeuta, tendo em vista o comprometimento multissistêmico infligido pela doença.
Referências
Pinto RJAO, Santos AA, Azevedo MC, Meira SS. Síndrome de EhlersDanlos associada a miocardiopatia hipertrófica obstrutiva [Ehlers-
Danlos Syndrome associated with cardiomyopathy hypertrophic obstructive]. An Bras Dermatol. 2015;90(3 supl. 1):220-2.
Sobey G. Ehlers-Danlos syndrome: how to diagnose and when to perform genetic tests. Arch Dis Child. 2015;100(1):57-61.
Fikree A, Aziz Q, Grahame R. Joint hypermobility syndrome. Rheum Dis Clin North Am. 2013;39(2):419-30.
Bicca EBC, Almeida FB, Pinto GM, Castro LAS, Almeida Júnior HL. Síndrome de Ehlers-Danlos clássica: aspectos clínicos, histológicos e ultraestruturais [Classical Ehlers-Danlos syndrome: clinical, Histological and ultrastructural aspects]. An Bras Dermatol. 2011;86(4 supl 1):164-7.
Beighton P, De Paepe A, Steinmann B, Tsipouras P, Wenstrup RJ. Ehlers-Danlos syndromes: revised nosology, Villefranche, 1997.
Ehlers-Danlos National Foundation (USA) and Ehlers-Danlos Support Group (UK). Am J Med Genet. 1998;77(1):31-7.
Karaa A, Stoler JM. Ehlers Danlos Syndrome: An Unusual Presentation You Need to Know about. Case Rep Pediatr.2013;2013:e764659.
Sobey G. Ehlers-Danlos syndrome - a commonly misunderstood group of conditions. Clin Med (Lond). 2014;14(4):432-6.
Nomura ML, Surita FGC, Parpinelli MA. Síndrome de Ehlers-Danlos e gravidez: relato de caso [Ehlers-Danlos syndrome and pregnancy: a case report]. Rev Bras Ginecol Obstetr.2003;25(10):745-8.
Symoens S, Syx D, Malfait F, et al. Comprehensive molecular analysis demonstrates type V collagen mutations in over 90% of patients with classic EDS and allows to refine diagnostic criteria. Hum Mutat. 2012;33(10):1485-93.
Ritelli M, Dordoni C, Venturini M, et al. Clinical and molecular characterization of 40 patients with classic Ehlers-Danlos syndrome: identification of 18 COL5A1 and 2 COL5A2 novel mutations. Orphanet J Rare Dis. 2013;8:58.