Desenvolvimento de uma estratégia de relacionamento médico-paciente para a melhoria do atendimento aos pacientes com desordens do desenvolvimento do sexo
um estudo qualitativo
Palavras-chave:
Transtornos do desenvolvimento sexual, Hiperplasia suprarrenal congênita, Educação médica, Relações médico-paciente, Comunicação interdisciplinarResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: Pacientes com desordens do desenvolvimento do sexo (DDS) e seus familiares devem ser atendidos em centros de atenção integral, por equipe multidisciplinar. A efetivação desse projeto no cotidiano da clínica-escola apresenta vários desafios: 1) dificuldades nas relações entre equipe médica, paciente e família, 2) diferenças etárias, étnicas e culturais, 3) preconceitos relacionados às DDS, e 4) angústia dos médicos. Relatamos o desenvolvimento de uma estratégia de trabalho do psicólogo, que teve como foco a criação de dispositivos que contribuíssem para o aprimoramento da relação entre equipe médica, paciente e família, preparando o staff clínico para administrar o tratamento de pacientes adultos com DDS. DESENHO E LOCAL: Estudo qualitativo prospectivo. MÉTODOS: De fevereiro de 2010 até abril de 2015, realizamos uma pesquisa qualitativa no Ambulatório de Adrenal da Escola Paulista de Medicina (São Paulo, Brasil), baseada em entrevistas, discussões de equipe e dinâmica de grupo com médicos residentes, pós-graduandos e assistentes. RESULTADOS: A implementação do projeto possibilitou aos residentes construir uma história de atendimento diferenciado com seus pacientes, facilitando o diálogo entre eles e permitindo que temas-tabus fossem abordados. O fato de ter sido atendido seguidamente pelo mesmo residente possibilitou ao paciente a sensação de cuidado, individualidade, continuidade e a sensação de que havia interesse, por parte do médico, sobre a sua história. CONCLUSÃO: A presença do psicólogo no cotidiano do ambulatório permitiu que aspectos subjetivos fossem incluídos na rotina das consultas médicas, ampliando a noção de saúde e cuidado aos pacientes com DDS, facilitando o vínculo e dando suporte para as dificuldades encontradas.
Downloads
Referências
Lee PA, Houk CP, Ahmed SF, et al. Consensus statement on management of intersex disorders. International Consensus Conference on Intersex. Pediatrics. 2006;118(2):e488-500.
Brauer S. On the management of differences of sex development. Ethical issues relating to "intersexuality". Available from: https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0CCoQFjABahUKEwi38O36wtHIAhVCjpAKHfmVAeg&url=http%3A%2F%2Fwww.aph.gov.au%2FDocumentStore.ashx%3Fid%3D8aae774b-1b64-4ae1-947f-8ee2724ae21a&usg=AFQjCNG-r4QfG-ly2UZ9cN8SGXOBOLP-Dw&cad=rja Accessed in 2015 (Oct 20).
Hiort O, Birnbaum W, Marshall L, et al. Management of disorders of sex development. Nat Rev Endocrinol. 2014;10(9):520-9.
Telles-Silveira M, Knobloch F, Kater CE. Management framework paradigms for disorders of sex development. Arch Endocrinol Metab. 2015;59(5):383-90.
Spinola-Castro AM. A importância dos aspectos éticos e psicológicos na abordagem do intersexo [Importance of the ethical and psychological features in the intersex management]. Arq Bras Endocrinol Metab. 2005;49(1):46-59.
Spinola-Castro AM. Aspectos históricos e éticos dos distúrbios da diferenciação do sexo. In: Maciel-Guerra AT, Guerra Junior G, editores. Menino ou menina? Os distúrbios da diferenciação do sexo. 2a ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2010. p. 455-78.
Caprara A, Franco ALS. A relação paciente-médico: para uma humanização da prática médica [The patient-physician relationship: towards humanization of medical practice]. Cad Saúde Pública. 1999;15(3):647-54.
Kogan BA, Gardner M, Alpern AN, et al. Challenges of disorders of sex development: diverse perceptions across stakeholders. Horm Res Paediatr. 2012;78(1):40-6.
Fagnani Neto R, Obara CS, Macedo PC, Cítero VA, Nogueira-Martins LA. Clinical and demographic profile of users of a mental health system for medical residents and other health professionals undergoing training at the Universidade Federal de São Paulo. Sao Paulo Med J. 2004;122(4):152-7.
Pope C, Ziebland S, Mays N. Qualitative research in health care. Analyzing qualitative data. BMJ. 2000;320(7227):114-6.
Barbier R. A pesquisa-ação. Brasília: Plano Editora; 2002.
Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. 2a ed. São Paulo: Cortez; 1987.
Patton MQ. Qualitative evaluation and research methods. Newbury Park: Sage; 1990.
Milles MB, Huberman AM. Qualitative data analysis. Thousand Oaks: Sage; 1994.
Mays N, Pope C. Rigour and qualitative research. BMJ. 1995;311(6997):109-12.
Pope C, Mays N. Reaching the parts other methods cannot reach: an introduction to qualitative methods in health and health services research. BMJ. 1995;311(6996):42-5.
Freud S. As perspectivas futuras da terapia psicanalítica. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago. 1969. p. 125-36.
Balint M. O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro: Atheneu; 1975.
Campos GWS. Equipes de referência e apoio especializado matricial: um ensaio sobre a reorganização do trabalho em saúde [Local reference teams and specialized matrix support: an essay about reorganizing work in health services]. Ciênc Saúde Coletiva. 1999;4(2):393-403.
Adam P, Herzlich C. Sociologia da doença e da medicina. Bauru: EDUSC; 2001.
Gadamer HG. O caráter oculto da saúde. 2a ed. Petrópolis: Vozes. 2011.
Charon R. At the membranes of care: stories in narrative medicine. Acad Med. 2012;87(3):342-7.
Charon R. Narrative medicine in the international education of physicians. Presse Med. 2013;42(1):3-5.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.