Linfoma esplênico difuso da polpa vermelha, de linfócitos B pequenos, associado ao vírus da hepatite B

relato de dois casos

Autores

  • Mariana Nassif Kerbauy Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Carolina Melo Fernandes Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Evandro Dantas Bezerra Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Luis Alberto de Padua Covas Lage Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Sheila Aparecida Coelho Siqueira Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Juliana Pereira Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Linfoma, Linfoma não Hodgkin, Linfoma de células B, Hepatite B, Vírus da hepatite B

Resumo

CONTEXTO: Linfoma esplênico difuso da polpa vermelha, de linfócitos B pequenos, é uma doença rara, representando menos do que 1% de todos os linfomas não Hodgkin. Essa entidade é caracterizada por envolvimento de sinusoides da medula óssea e sangue periférico. A maioria dos casos está em estádio avançado ao diagnóstico. Sua patogênese ainda é pouco compreendida. RELATOS DE CASOS: Reportamos dois pacientes com vírus da hepatite B (HBV) crônica não replicante que desenvolveram linfoma esplênico difuso da polpa vermelha, de linfócitos B pequenos. Ambos estavam em estádio IV ao diagnóstico e evoluíram com doença agressiva. Ambos alcançaram resposta completa com a quimioterapia, porém um deles evoluiu a óbito por intercorrências infecciosas durante o transplante de medula óssea e o outro optou por não realizar o transplante e encontra-se sem evidência de doença até os dias atuais (três anos após tratamento). Alguns estudos demonstraram a possível associação entre linfomas não Hodgkin B e HBV. Entretanto, o mecanismo pelo qual esse vírus oncogênico interage com linfoma não Hodgkin B ainda é pouco compreendido. HBV é linfotrópico e pode se inserir no genoma do receptor, causando superexpressão de oncogenes e downregulation de genes supressores tumorais. Portanto, o estímulo crônico pelo HBV pode aumentar a proliferação de células B, promovendo expansão monoclonal dessas células, resultando em malignidade. CONCLUSÃO: HBV pode estar implicado na patogênese desse linfoma, entretanto, uma associação direta entre essas duas entidades não pôde ser provada no presente estudo e investigações adicionais são necessárias.

Downloads

Biografia do Autor

Mariana Nassif Kerbauy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Resident Physician, Department of Hematology and Hemotherapy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brazil.

Carolina Melo Fernandes, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Hematologist, Department of Hematology and Hemotherapy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brazil.

Evandro Dantas Bezerra, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Hematologist, Department of Hematology and Hemotherapy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brazil.

Luis Alberto de Padua Covas Lage, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Hematologist, Department of Hematology and Hemotherapy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brazil.

Sheila Aparecida Coelho Siqueira, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Professor in the Department of Pathology, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brazil.

Juliana Pereira, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Professor in the Department of Hematology and Hemotherapy, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP - University of São Paulo), São Paulo, SP, Brazil.

Referências

Piris MA, Foucar KM, Campo E, Falini B. Splenic lymphoma/leukemia, unclassifiable. In: Swerdlow SH, Campo E, Harris NL, et al. WHO classification of tumours of haematopoietic and lymphoid tissues. 4th ed. Lyon: IARC Press; 2008. p. 191-3.

Kanellis G, Mollejo M, Montes-Moreno S, et al. Splenic diffuse red pulp small B-cell lymphoma: revision of a series of cases reveals characteristic clinico-pathological features. Haematologica. 2010;95(7):1122-9.

Jarrett RF. Viruses and lymphoma/leukaemia. J Pathol. 2006;208(2): 176-86.

Mollejo M, Algara P, Mateo MS, et al. Splenic small B-cell lymphoma with predominant red pulp involvement: a diffuse variant of splenic marginal zone lymphoma? Histopathology. 2002;40(1):22-30.

Traverse-Glehen A, Baseggio L, Bauchu EC, et al. Splenic red pulp lymphoma with numerous basophilic villous lymphocytes: a distinct clinicopathologic and molecular entity? Blood. 2008;111(4):2253-60.

Traweek ST, Sheibani K. Monocytoid B-cell lymphoma. The biologic and clinical implications of peripheral blood involvement. Am J Clin Pathol. 1992;97(4):591-8.

Pinato DJ, Rossi D, Minh MT, et al. Hepatitis B virus and lymphomagenesis: novel insights into an occult relationship. Dig Liver Dis. 2012;44(3):235-8.

Liaw YF, Chu CM. Hepatitis B virus infection. Lancet. 2009;373(9663): 582-92.

Lim ST, Fei G, Quek R, et al. The relationship of hepatitis B virus infection and non-Hodgkin’s lymphoma and its impact on clinical characteristics and prognosis. Eur J Haematol. 2007;79(2):132-7.

Parkin DM. The global health burden of infection-associated cancers in the year 2002. Int J Cancer. 2006;118(12):3030-44.

Dal Maso L, Franceschi S. Hepatitis C virus and risk of lymphoma and other lymphoid neoplasms: a meta-analysis of epidemiologic studies. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2006;15(11):2078-85.

Tarocchi M, Polvani S, Marroncini G, Galli A. Molecular mechanism of hepatitis B virus-induced hepatocarcinogenesis. World J Gastroenterol. 2014;20(33):11630-40.

Knoll S, Fürst K, Thomas S, et al. Dissection of cell context-dependent interactions between HBx and p53 family members in regulation of apoptosis: a role for HBV-induced HCC. Cell Cycle. 2011;10(20):3554-65.

Feitelson MA, Duan LX. Hepatitis B virus X antigen in the pathogenesis of chronic infections and the development of hepatocellular carcinoma. Am J Pathol. 1997;150(4):1141-57.

Anderson LA, Engels EA. Hepatitis C virus infection and non-Hodgkin lymphoma: interesting association or causal relationship? Int J Cancer. 2008;122(8):x-xii.

Viswanatha DS, Dogan A. Hepatitis C virus and lymphoma. J Clin Pathol. 2007;60(12):1378-83.

de Sanjose S, Benavente Y, Vajdic CM, et al. Hepatitis C and non- Hodgkin lymphoma among 4784 cases and 6269 controls from the International Lymphoma Epidemiology Consortium. Clin Gastroenterol Hepatol. 2008;6(4):451-8.

Marcucci F, Mele A. Hepatitis viruses and non-Hodgkin lymphoma: epidemiology, mechanisms of tumorigenesis, and therapeutic opportunities. Blood. 2011;117(6):1792-8.

Engels EA, Cho ER, Jee SH. Hepatitis B virus infection and risk of non- Hodgkin lymphoma in South Korea: a cohort study. Lancet Oncol. 2010;11(9):827-34.

Dalia S, Chavez J, Castillo JJ, Sokol L. Hepatitis B infection increases the risk of non-Hodgkin lymphoma: a meta-analysis of observational studies. Leuk Res. 2013;37(9):1107-15.

Nath A, Agarwal R, Malhotra P, Varma S. Prevalence of hepatitis B virus infection in non-Hodgkin lymphoma: a systematic review and meta- analysis. Intern Med J. 2010;40(9):633-41.

Marcucci F, Spada E, Mele A, Caserta CA, Pulsoni A. The association of hepatitis B virus infection with B-cell non-Hodgkin lymphoma - a review. Am J Blood Res. 2012;2(1):18-28.

Ciesek S, Helfritz FA, Lehmann U, et al. Persistence of occult hepatitis B after removal of the hepatitis B virus-infected liver. J Infect Dis. 2008;197(3):355-60.

Michalak TI. Occult persistence and lymphotropism of hepadnaviral infection: insights from the woodchuck viral hepatitis model. Immunol Rev. 2000;174:98-111.

Becker N, Schnitzler P, Boffetta P, et al. Hepatitis B virus infection and risk of lymphoma: results of a serological analysis within the European case-control study Epilymph. J Cancer Res Clin Oncol. 2012;138(12):1993-2001.

Yoffe B, Burns DK, Bhatt HS, Combes B. Extrahepatic hepatitis B virus DNA sequences in patients with acute hepatitis B infection. Hepatology. 1990;12(2):187-92.

Mohamadkhani A, Naderi E, Sotoudeh M, et al. Clinical feature of intrahepatic B-lymphocytes in chronic hepatitis B. Int J Inflam. 2014;2014:896864.

Wang XW, Gibson MK, Vermeulen W, et al. Abrogation of p53- induced apoptosis by the hepatitis B virus X gene. Cancer Res. 1995;55(24):6012-6.

Nagel I, Akasaka T, Klapper W, et al. Identification of the gene encoding cyclin E1 (CCNE1) as a novel IGH translocation partner in t(14;19)(q32;q12) in diffuse large B-cell lymphoma. Haematologica. 2009;94(7):1020-3.

Duşe AO, Ceauşu RA, Mezei T, et al. The characterization of PDGFR- alpha and PDGFR-beta expression in malignant non-Hodgkin lymphoma. Rom J Morphol Embryol. 2012;53(3 Suppl):749-53.

Pontisso P, Vidalino L, Quarta S, Gatta A. Biological and clinical implications of HBV infection in peripheral blood mononuclear cells. Autoimmun Rev. 2008;8(1):13-7.

Natoli G, Avantaggiati ML, Chirillo P, et al. Ras- and Raf-dependent activation of c-jun transcriptional activity by the hepatitis B virus transactivator pX. Oncogene. 1994;9(10):2837-43.

Downloads

Publicado

2016-08-02

Como Citar

1.
Kerbauy MN, Fernandes CM, Bezerra ED, Lage LA de PC, Siqueira SAC, Pereira J. Linfoma esplênico difuso da polpa vermelha, de linfócitos B pequenos, associado ao vírus da hepatite B: relato de dois casos. Sao Paulo Med J [Internet]. 2º de agosto de 2016 [citado 15º de março de 2025];134(4):359-65. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1109

Edição

Seção

Relato de Caso