Incidência de dispepsia pós-operatória não está associada com uso profilático de medicamentos

Autores

  • Sara Yumi Tsuchie Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Fernando Souza Nani Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Joaquim Edson Vieira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Omeprazol, Ranitidina, Cuidados pós-operatórios, /prevenção & controle, Dispepsia

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Diretrizes para jejum pré-operatório não recomendam antagonistas dos receptores H2 ou inibidores da bomba de prótons. Este estudo investigou o uso profilático de proteção gástrica e a incidência de sintomas dispépticos no período pós-operatório imediato. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo observacional não aleatorizado em unidade de recuperação pós-anestésica. MÉTODOS: Pacientes ASAP1 e ASAP2, classificação de risco da American Society of Anesthesiologists, com mais de 18 anos de idade, foram avaliados para identificar sintomas dispépticos durante a recuperação pós-anestésica em até 48 horas, tendo ou não recebido proteção gástrica profilática durante a anestesia. História de sintomas dispépticos e uso prévio de tais medicamentos foram critérios de exclusão. A razão de chances para incidência de sintomas dispépticos com uso desses medicamentos foi obtida. RESULTADOS: Foram estudados 188 pacientes, 71% mulheres, 50,5% dos pacientes ASAP1. A maioria dos pacientes recebeu anestesia geral (68%). Proteção gástrica foi amplamente usada (n = 164; 87,2%), consistindo de omeprazol (n = 126; 76,8%) ou ranitidina (n = 38; 23,2%). Poucos pacientes não receberam qualquer profilaxia (n = 24; 12,8%). Durante a observação, 24 pacientes (12,8%) relataram alguns sintomas dispépticos, porém sem relação com profilaxia (risco relativo, RR = 0,56; intervalo de confiança, IC 95% 0,23-1,35, P = 0,17; número necessário para tratar, NNT = 11). Omeprazol, comparado à ranitidina, não reduziu a chance de ter sintomas (RR = 0,65; IC 95% 0,27-1,60; P = 0,26; NNT = 19). CONCLUSÃO: Este estudo sugere que o uso profilático de inibidores da bomba de prótons ou antagonistas do receptor H2 foi rotina em pacientes assintomáticos e não esteve associado com proteção pós-operatório para dispepsia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sara Yumi Tsuchie, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Resident. Anesthesiology Program, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Fernando Souza Nani, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Anesthesiologist, Anesthesia Division, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Joaquim Edson Vieira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Associate Professor, Department of Surgery, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Referências

American Society of Anesthesiologists Committee. Practice guidelines for preoperative fasting and the use of pharmacologic agents to reduce the risk of pulmonary aspiration: application to healthy patients undergoing elective procedures: an update report by the American Society of Anesthesiologists Committee on Standards and Practice Parameters. Anesthesiology. 2011; 114(3):495-511.

Hata M, Shiono M, Sekino H, et al. Prospective randomized trial for optimal prophylactic treatment of the upper gastrointestinal complications after open heart surgery. Circ J. 2005;69(3):331-4.

Hirota K, Kushikata T. Preanaesthetic H2 antagonists for acid aspiration pneumonia prophylaxis. Is there evidence of tolerance? Br J Anaesth. 2003;90(5):576-9.

Maton PN. Review article: prevention of stress-related mucosal bleeding with proton-pump inhibitors. Aliment Pharmacol Ther. 2005;22 Suppl 3:45-52.

Farrel CP, Mercogliano G, Kuntz CL. Overuse of stress ulcer prophylaxis in the critical care setting and beyond. J Crit Care. 2010;25(2):214-20.

Quenot JP, Thiery N, Barbar S. When should stress ulcer prophylaxis be used in the ICU? Curr Opin Crit Care. 2009;15(2):139-43.

Grube RR, May DB. Stress ulcer prophylaxis in hospitalized patients not in intensive care units. Am J Health Syst Pharm. 2007; 64(13):1396-400.

Geeraerts B, Tack J. Functional dyspepsia: past, present, and future. J Gastroenterol. 2008;43(4):251-5.

Reisswitz PS, Mazzoleni LE, Sander GB, Francisconi CF. Portuguese validation of the Rome III diagnostic questionnaire for functional dyspepsia. Arq Gastroenterol. 2010;47(4):354-60.

Bewick V, Cheek L, Ball J. Statistics review 11: assessing risk. Crit Care. 2004;8(4):287-91.

Pisegna JR, Martindale RG. Acid suppression in the perioperative period. J Clin Gastroenterol. 2005;39(1):10-6.

Chan KH, Lai EC, Tuen H, et al. Prospective double-blind placebo-controlled randomized trial on the use of ranitidine in preventing postoperative gastroduodenal complications in high-risk neurosurgical patients. J Neurosurg. 1995;82(3):413-7.

Behrens R, Hofbeck M, Singer H, Scharf J, Rupprecht T. Frequency of stress lesions of the upper gastrointestinal tract in paediatric patients after cardiac surgery: effects of prophylaxis. Br Heart J. 1994; 72(2):186-9.

Allen ME, Kopp BJ, Erstad BL. Stress ulcer prophylaxis in the postoperative period. Am J Health Syst Pharm. 2004;61(6):588-96.

Demirkan K, Bozkurt B, Karakaya G, Kalyoncu AF. Anaphylactic reaction to drugs commonly used for gastrointestinal system diseases: 3 case reports and review of the literature. J Investig Allergol Clin Immunol. 2006;16(3):203-9.

Lobera T, Navarro B, Del Pozo MD, et al. Nine cases of omeprazole allergy: cross-reactivity between proton pump inhibitors. J Investig Allergol Clin Immunol. 2009;19(1):57-60.

Sierra F, Suarez M, Rey M, Vela MF. Systematic review: Proton pump inhibitor-associated acute interstitial nephritis. Aliment Pharmacol Ther. 2007;26(4):545-53.

Härmark L, van der Wiel HE, de Groot MC, van Grootheest AC. Proton pump inhibitor-induced acute interstitial nephritis. Br J Clin Pharmacol. 2007;64(6):819-23.

Eom CS, Jeon CY, Lim JW, et al. Use of acid-suppressive drugs and risk of pneumonia: a systematic review and meta-analysis. CMAJ. 2011;183(3):310-9.

Dial MS. Proton pump inhibitor use and enteric infections. Am J Gastroenterol. 2009;104 Suppl 2: S10-6.

Madanick RD. Proton pump inhibitor side effects and drug interactions: much ado about nothing? Cleve Clin J Med. 2011;78(1):39-49.

Downloads

Publicado

2014-08-08

Como Citar

1.
Tsuchie SY, Nani FS, Vieira JE. Incidência de dispepsia pós-operatória não está associada com uso profilático de medicamentos. Sao Paulo Med J [Internet]. 8º de agosto de 2014 [citado 12º de março de 2025];132(4):219-23. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1225

Edição

Seção

Artigo Original