A relação entre genótipo, sintomas psiquiátricos e qualidade de vida em pacientes adultos com doença falciforme em São Paulo, Brasil

um estudo transversal

Autores

  • Érika Bergamini Mastandréa Escola Paulista de Medicina (EPM)
  • Fátima Lucchesi Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
  • Marcela Mayumi Gomes Kitayama Escola Paulista de Medicina (EPM)
  • Maria Stella Figueiredo Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
  • Vanessa de Albuquerque Citero Escola Paulista de Medicina (EPM)

Palavras-chave:

Anemia falciforme, Qualidade de vida, Ansiedade, Depressão, Alcoolismo

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) pode ser piorada em pacientes com doença falciforme na presença de transtornos psiquiátricos. O objetivo deste estudo é descrever a sintomatologia psiquiátrica presente no paciente brasileiro com doença falciforme e avaliar a relação desses sintomas com o genótipo da doença e a QVRS do sujeito. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo com delineamento transversal, realizado no ambulatório de Hemato-logia do Hospital São Paulo. MÉTODOS: Adultos com doença falciforme responderam ao Questionário de Qualidade de Vida (SF-36) e ao Questionário sobre a Saúde do Paciente (PHQ). Dados clínicos foram obtidos no prontuário médico. Modelos de regressão linear foram desenvolvidos para estudar a dependência dos domínios de QVRS no genótipo com controle para sintomas psiquiátricos. RESULTADOS: No período do estudo, 110 pacientes foram avaliados. O sintoma psiquiátrico mais fre-quente foi o depressivo (30%), seguido do ansioso (12,7%) e de abuso de álcool (9,1%). Os pacientes com genótipo mais grave (SS e S βthal0) apresentaram menores médias nos domínios de QVRS de “saúde geral” e de “aspectos físicos”, sem interferência dos sintomas psiquiátricos. No domínio “aspectos físicos”, o genó-tipo mais grave funcionou como fator protetor da QVRS (β = 0,255; P = 0,007). CONCLUSÃO: Os genótipos mais graves pioraram a QVRS em dois domínios do componente físico (“as-pectos físicos” e “saúde geral”), mas não influenciaram o componente mental, sugerindo que o médico deve estar atento aos aspectos da QVRS relacionados com a funcionalidade do portador da doença falci-forme, conhecendo as limitações com as quais o paciente convive.

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Biografia do Autor

Érika Bergamini Mastandréa, Escola Paulista de Medicina (EPM)

MSc. Psychologist, Department of Psychiatry, Escola Paulista de Medicina (EPM), São Paulo (SP), Brazil

Fátima Lucchesi, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

MD. Hematologist, Department of Clinical and Experimental Oncology, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo (SP), Brazil.

Marcela Mayumi Gomes Kitayama, Escola Paulista de Medicina (EPM)

MSc. Psychologist, Department of Psychiatry, Escola Paulista de Medicina (EPM), São Paulo (SP), Brazil

Maria Stella Figueiredo, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

MD. Hematologist, Department of Clinical and Experimental Oncology, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo (SP), Brazil

Vanessa de Albuquerque Citero, Escola Paulista de Medicina (EPM)

PhD. Psychiatrist, Department of Psychiatry, Escola Paulista de Medicina (EPM), São Paulo (SP), Brazil

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Publicado

2015-09-09

Como Citar

1.
Mastandréa Érika B, Lucchesi F, Kitayama MMG, Figueiredo MS, Citero V de A. A relação entre genótipo, sintomas psiquiátricos e qualidade de vida em pacientes adultos com doença falciforme em São Paulo, Brasil: um estudo transversal. Sao Paulo Med J [Internet]. 9º de setembro de 2015 [citado 15º de outubro de 2025];133(5):421-7. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1337

Edição

Seção

Artigo Original