Estimulação transcraniana por corrente contínua para afasia após acidente vascular cerebral

estudo de coorte único experimental prospectivo

Autores

  • Michele Devido Santos Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo
  • Rubens José Gagliardi Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo
  • Ana Paula Machado Goyano Mac-Kay Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo
  • Paulo Sergio Boggio Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo
  • Roberta Lianza Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo
  • Felipe Fregni Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

Palavras-chave:

Afasia, Acidente vascular cerebral, Estimulação elétrica, Distúrbios da fala, Transtornos da linguagem

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Estudos prévios em animais e humanos mostram que a estimulação transcraniana por corrente contínua pode induzir neuroplasticidade significante e duradoura e pode melhorar a recuperação de linguagem na afasia. O objetivo do estudo foi descrever uma coorte de pacientes com afasia após acidente vascular cerebral que foi tratada com estimulação transcraniana por corrente contínua. TIPO DO ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte único prospectivo realizado em um hospital público universitário. MÉTODO: Dezenove pacientes com afasia crônica receberam 10 sessões de estimulação transcraniana por corrente contínua com duração de 20 minutos de cada, corrente de 2 mA em dias consecutivos (anodo posicionado em área supraorbital e catodo no cortes motor contraleral). Foram analisadas as seguintes variáveis antes e depois de 10 sessões de neuromodulação: compreensão de linguagem oral, cópia, ditado, leitura, escrita, nomeação e fluência verbal. RESULTADOS: Não houve efeitos adversos no estudo. Encontramos diferença estatisticamente significante pré e pós-estimulação para compreensão de frases simples (P = 0.034), nomeação (P = 0.041) e fluência verbal para nomes de animais (P = 0.038). Houve melhora no desempenho em três tarefas após estimulação. CONCLUSÃO: Observamos que a excitabilidade no córtex motor primário através de estimulação transcraniana por corrente contínua está associada a efeitos em diferentes aspectos da linguagem, além de contribuir para futuras testagens em estudos randomizados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Michele Devido Santos, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

BSc, MD, PhD. Professor of Speech Pathology and Audiology, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Rubens José Gagliardi, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Full Professor and Head of Discipline of Neurology, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Ana Paula Machado Goyano Mac-Kay, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

BSc, PhD. Professor of Speech Pathology and Audiology, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Paulo Sergio Boggio, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

BSc, PhD. Professor of Cognitive Neuroscience, Cognitive Neuroscience Laboratory, Mackenzie Presbyterian University, São Paulo, Brazil.

Roberta Lianza, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

PT. Physiotherapist, Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Felipe Fregni, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Professor of Neurology, Laboratory of Neuromodulation, Spaulding Rehabilitation Hospital, Harvard Medical School; and Head of Neuromodulation Laboratory, BerensonAllen Center for Noninvasive Brain Stimulation, Beth Israel Deaconess Medical Center, Harvard Medical School, Boston, Massachusetts, United States.

Referências

Martin PI, Naeser MA, Ho M, et al. Overt naming fMRI pre- and post- TMS: Two nonfluent aphasia patients, with and without improved naming post-TMS. Brain Lang. 2009;111(1):20-35.

Williams JA, Imamura M, Fregni F. Updates on the use of non-invasive brain stimulation in physical and rehabilitation medicine. J Rehabil Med. 2009;41(5):305-11.

Zaghi S, Heine N, Fregni F. Brain stimulation for the treatment of pain: A review of costs, clinical effects, and mechanisms of treatment for three different central neuromodulatory approaches. J Pain Manag. 2009;2(3):339-52.

Fritsch B, Reis J, Martinowich K, et al. Direct current stimulation promotes BDNF-dependent synaptic plasticity: potential implications for motor learning. Neuron. 2010;66(2):198-204.

Brunoni AR, Nitsche MA, Bolognini N, et al. Clinical research with transcranial direct current stimulation (tDCS): challenges and future directions. Brain Stimul. 2012;5(3):175-95.

Nitsche MA, Paulus W. Excitability changes induced in the human motor cortex by weak transcranial direct current stimulation. J Physiol. 2000;527 Pt 3:633-9.

Nitsche MA, Liebetanz D, Lang N, et al. Safety criteria for transcranial direct current stimulation (tDCS) in humans. Clin Neurophysiol. 2003;114(11):2220-2; author reply 2222-3.

Monti A, Cogiamanian F, Marceglia S, et al. Improved naming after transcranial direct current stimulation in aphasia. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2008;79(4):451-3.

Baker JM, Rorden C, Fridriksson J. Using transcranial direct- current stimulation to treat stroke patients with aphasia. Stroke. 2010;41(6):1229-36.

Flöel A, Rösser N, Michka O, Knecht S, Breitenstein C. Noninvasive brain stimulation improves language learning. J Cogn Neurosci. 2008;20(8):1415-22.

Iyer MB, Mattu U, Grafman J, et al. Safety and cognitive effect of frontal DC brain polarization in healthy individuals. Neurology. 2005;64(5):872-5.

Liuzzi G, Freundlieb N, Ridder V, et al. The involvement of the left motor cortex in learning of a novel action word lexicon. Curr Biol. 2010;20(19):1745-51.

Murase N, Duque J, Mazzocchio R, Cohen LG. Influence of interhemispheric interactions on motor function in chronic stroke. Ann Neurol. 2004;55(3):400-9.

Nowak DA, Grefkes C, Ameli M, Fink GR. Interhemispheric competition after stroke: brain stimulation to enhance recovery of function of the affected hand. Neurorehabil Neural Repair. 2009;23(7):641-56.

Hegde MN. Hegde’s Pocketguide to assessment in speech-language pathology. Toronto: Singular Thompson Learning; 2001.

Mac-Kay APMG, Assencio-Ferreira VJ, Ferri-Ferreira TMS. Afasia. In: Mac-Kay APMG, editor. Afasias e demências: avaliação e tratamento fonoaudiológico. São Paulo: Editora Santos; 2003. p. 47-59.

Ortiz KK. Afasia. In: Ortiz KK, editor. Distúrbios neurológicos adquiridos. São Paulo: Editora Manole; 2005. p. 47-64.

Lecours AR, Mehler J, Parente MA, et al. Illiteracy and brain damage--1. Aphasia testing in culturally contrasted populations (control subjects). Neuropsychologia. 1987;25(1B):231-45.

Kaplan EF, Goodglass H, Weintraub S. Boston naming test. 2nd ed. Philadelphia: Lea & Febiger; 1983.

Bertolucci PHF, Okamoto IH, Toniolo Neto J, Ramos LR, Brucki SMD. Desempenho da população brasileira na bateria neuropsicológica do Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD) [Performance of Brazilian population in neuropsychological battery of Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s disease]. Rev Psiquiatr Clín (São Paulo). 1998;25(2):80-3.

Santos MD, Mac-Kay APMG, Gagliardi RJ. Study on language comprehension in aphasic subjects. Lengua y Habla. 2008;12(1):20-31. Available from: http://erevistas.saber.ula.ve/index.php/lenguayhabla/article/view/193/411. Accessed in 2013 (Mar 14).

Welsh KA, Ballard E, Nash F, Raiford K, Harrell L. Issues affecting minority participation in research studies of Alzheimer disease. Alzheimer Dis Assoc Disord. 1994;8 Suppl 4:38-48.

Meinzer M, Breitenstein C, Westerhoff U, et al. Motor cortex preactivation by standing facilitates word retrieval in aphasia. Neurorehabil Neural Repair. 2010;25(2):178-87.

Raymer AM, Singletary F, Rodriguez A, et al. Effects of gesture + verbal treatment for noun and verb retrieval in aphasia. J Int Neuropsychol Soc. 2006;12(6):867-82.

Fregni F, Boggio PS, Mansur CG, et al. Transcranial direct current stimulation of the unaffected hemisphere in stroke patients. Neuroreport. 2005;16(14):1551-5.

Boggio PS, Nunes A, Rigonatti SP, et al. Repeated sessions of noninvasive brain DC stimulation is associated with motor function improvement in stroke patients. Restor Neurol Neurosci. 2007;25(2):123-9.

Hummel F, Cohen LG. Improvement of motor function with noninvasive cortical stimulation in a patient with chronic stroke. Neurorehabil Neural Repair. 2005;19(1):14-9.

Datta A, Bansal V, Diaz J, et al. Gyri-precise head model of transcranial direct current stimulation: improved spatial focality using a ring electrode versus conventional rectangular pad. Brain Stimul. 2009;2(4):201-7, 207.e1.

Downloads

Publicado

2013-11-11

Como Citar

1.
Santos MD, Gagliardi RJ, Mac-Kay APMG, Boggio PS, Lianza R, Fregni F. Estimulação transcraniana por corrente contínua para afasia após acidente vascular cerebral: estudo de coorte único experimental prospectivo. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2013 [citado 15º de março de 2025];131(6):422-6. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1386

Edição

Seção

Breve Comunicado