Prevalência de transtornos mentais comuns em mães do semi-árido de Alagoas e sua relação com o estado nutricional

Autores

  • Adriana Toledo de Paffer Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas
  • Haroldo da Silva Ferreira Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas
  • Cyro Rego Cabral Júnior Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas
  • Claudio Torres de Miranda Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas

Palavras-chave:

Bem-estar materno, Saúde mental, População urbana, População rural, Estado nutricional

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Comprometimento da saúde mental materna (SMM) é considerado fator de risco para desnutrição infantil em áreas de baixa renda. Variáveis psicossociais associadas ao SMM são potencialmente diferentes em ambientes urbanos ou rurais. O objetivo foi investigar se existiria associação entre SMM e fatores de risco sócio-demográficos selecionados e se ela seria específica conforme o ambiente urbano/rural. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal, realizado com amostra representativa da população de mães do semi-árido alagoano. MÉTODOS: Amostragem em estágios múltiplos. Sujeitos foram mães de crianças até 60 meses de idade. SMM foi avaliada por meio do SRQ-20 (Self-Reporting Questionnaire). Estado nutricional materno avaliado por meio de índice de massa corporal e circunferência da cintura. Análise univariada utilizou OR (odds ratio) e qui quadrado. Regressão logística realizada separadamente com subamostras urbana e rural utilizando MMH como variável dependente. RESULTADOS: A amostra foi de 288 mães. Prevalência de transtornos mentais comuns foi 56,2% na zona rural e 43,8% na urbana (OR = 1,03; intervalo de confiança, IC 95%: 0,64-1,63). Tanto na análise univariada como na regressão logística, na área urbana, escolaridade foi a variável que permaneceu associada ao SMM (OR = 2,2; IC 95%: 1,03-4,6). Na zona rural a variável que manteve associação foi falta de parceiro (OR = 2,6; IC 95%: 1,01-6,7). CONCLUSÕES: A prevalência de transtornos mentais comuns é elevada entre as mães de crianças até dois anos de idade, na região semi-árida de Alagoas, o que parece estar associado com menor nível educacional no ambiente urbano e com a falta de um parceiro no ambiente rural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriana Toledo de Paffer, Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas

CONTEXTO E OBJETIVO: Comprometimento da saúde mental materna (SMM) é considerado fator de risco para desnutrição infantil em áreas de baixa renda. Variáveis psicossociais associadas ao SMM são potencialmente diferentes em ambientes urbanos ou rurais. O objetivo foi investigar se existiria associação entre SMM e fatores de risco sócio-demográficos selecionados e se ela seria específica conforme o ambiente urbano/rural. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal, realizado com amostra representativa da população de mães do semi-árido alagoano. MÉTODOS: Amostragem em estágios múltiplos. Sujeitos foram mães de crianças até 60 meses de idade. SMM foi avaliada por meio do SRQ-20 (Self-Reporting Questionnaire). Estado nutricional materno avaliado por meio de índice de massa corporal e circunferência da cintura. Análise univariada utilizou OR (odds ratio) e qui quadrado. Regressão logística realizada separadamente com subamostras urbana e rural utilizando MMH como variável dependente. RESULTADOS: A amostra foi de 288 mães. Prevalência de transtornos mentais comuns foi 56,2% na zona rural e 43,8% na urbana (OR = 1,03; intervalo de confiança, IC 95%: 0,64-1,63). Tanto na análise univariada como na regressão logística, na área urbana, escolaridade foi a variável que permaneceu associada ao SMM (OR = 2,2; IC 95%: 1,03-4,6). Na zona rural a variável que manteve associação foi falta de parceiro (OR = 2,6; IC 95%: 1,01-6,7). CONCLUSÕES: A prevalência de transtornos mentais comuns é elevada entre as mães de crianças até dois anos de idade, na região semi-árida de Alagoas, o que parece estar associado com menor nível educacional no ambiente urbano e com a falta de um parceiro no ambiente rural.

Haroldo da Silva Ferreira, Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas

PhD. Associate Professor, Faculdade de Nutrição (FANUT), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, Alagoas, Brazil.

Cyro Rego Cabral Júnior, Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas

PhD. Associate Professor, Faculdade de Nutrição (FANUT), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, Alagoas, Brazil.

Claudio Torres de Miranda, Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas

MD, PhD. Associate Professor, Faculdade de Medicina (FAMED), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, Alagoas, Brazil.

Referências

Patel V, Rahman A, Jacob KS, Hughes M. Effect of maternal mental health on infant growth in low income countries: new evidence from South Asia. BMJ. 2004;328(7443):820-3.

Harpham T, Huttly S, De Silva MJ, Abramsky T. Maternal mental health and child nutritional status in four developing countries. J Epidemiol Community Health. 2005;59(12):1060-4.

Patel V, DeSouza N, Rodrigues M. Postnatal depression and infant growth and development in low income countries: a cohort study from Goa, India. Arch Dis Child. 2003;88(1):34-7.

Rahman A, Lovel H, Bunn J, Iqbal Z, Harrington R. Mothers’ mental health and infant growth: a case-control study from Rawalpindi, Pakistan. Child Care Health Dev. 2004;30(1):21-7.

de Miranda CT, Turecki G, Mari Jde J, et al. Mental health of the mothers of malnourished children. Int J Epidemiol. 1996;25(1):128-33.

Chagas DSS. O papel da saúde mental materna na desnutrição infantil: um estudo caso controle [Dissertation]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2007.

Brum EHM, Scherman L. O impacto da depressão materna nas interações iniciais [Impact of mother depression on early interactions]. Psico (Porto Alegre). 2006;37(2):151-8.

Schwengber DDS, Piccinini CA. Depressão materna e interação mãe- bebê no final do primeiro ano de vida [Maternal depression and mother-infant interaction by the end of the first year of life]. Psicol Teor Pesqui. 2004;20(3):233-40.

Kurstjens S, Wolke D. Effects of maternal depression on cognitive development of children over the first 7 years of life. J Child Psychol Psychiatry. 2001;42(5):623-36.

Murray L, Cooper PJ, Wilson A, Romaniuk H. Controlled trial of the short- and long-term effect of psychological treatment of post- partum depression: 2. Impact on the mother-child relationship and child outcome. Br J Psychiatry. 2003;182:420-7.

Brockington I. Postpartum psychiatric disorders. Lancet. 2004;363(9405):303-10.

Patel V, Rodrigues M, DeSouza, N. Gender, poverty, and postnatal depression: a study of mothers in Goa, India. Am J Psychiatry. 2002;159(1):43-7.

Chandran M, Tharyan P, Muliyil J, Abraham S. Post-partum depression in a cohort of women from a rural area of Tamil Nadu, India. Incidence and risk factors. Br J Psychiatry. 2002;181:499-504.

Rahman A, Iqbal Z, Harrington R. Life events, social support and depression in childbirth: perspectives from a rural community in the developing world. Psychol Med. 2003;33(7):1161-7.

Beusenberg M, Orley J. A user’s guide to the self reporting questionnaire (SRQ). Geneva: World Health Organization; 1994. Available from: http://whqlibdoc.who.int/hq/1994/WHO_MNH_PSF_94.8.pdf. Accessed in 2011 (Jul 4).

Kac G, Silveira EA, Oliveira LC, Mari Jde J. Fatores relacionados à prevalência de morbidades psiquiátricas menores em mulheres selecionadas em um Centro de Saúde no Rio de Janeiro, Brasil [Factors associated with minor psychiatric disorders among women selected from a healthcare center in Rio de Janeiro, Brazil]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2006;22(5):999-1007.

Judd FK, Jackson HJ, Komiti A, et al. High prevalence disorders in urban and rural communities. Aust N Z J Psychiatry. 2002;36(1): 104-13.

Havenaar JM, Geerlings MI, Vivian L, Collinson M, Robertson B. Common mental health problems in historically disadvantaged urban and rural communities in South Africa: prevalence and risk factors. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2008;43(3):209-15.

Araújo TM, Pinho PS, Almeida MMG. Prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres e sua relação com as características sociodemográficas e o trabalho doméstico [Prevalence of psychological disorders among women according to socio demographic and housework characteristics]. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2005;5(3):337-48.

Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000: Características da População e dos Domicílios: Resultados do universo. Available from: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/default.shtm. Accessed in 2011 (Jul 4).

World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry (Technical Report Series). Geneva: World Health Organization; 1995. Available from: http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_854.pdf. Accessed in 2011 (Jul 4).

Kamimura MA, Baxmann A, Sampaio LR, Cuppari L. Avaliação nutricional. In: Cuppari L, editor. Nutrição clínica do adulto. São Paulo: Manole; 2002. p. 71-96.

Mari JJ, Williams P. A validity study of a psychiatric screening questionnaire (SRQ-20) in primary care in the city of São Paulo. Br J Psychiatry. 1986;148:23-6.

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério de Classificação Econômica Brasil. 2003. Available from: http://www.marketanalysis.com.br/arquivos-download/biblioteca/cceb-1.pdf. Accessed in 2011 (Jul 4).

Young Lives an International Study of Childhood Poverety. Ethiopia. Available from: http://www.younglives.org.uk/where-we-work/ethiopia. Accessed in 2011 (Jul 4).

Young Lives an International Study of Childhood Poverety. India (Andhra Pradesh). Available from: http://www.younglives.org.uk/where-we-work/índia. Accessed in 2011 (Jul 4).

Young Lives an International Study of Childhood Poverety. Peru. Available from: http://www.younglives.org.uk/where-we-work/peru. Accessed in 2011 (Jul 4).

Young Lives an International Study of Childhood Poverety. Vietnam. Available from: http://www.younglives.org.uk/where-we-work/Vietnam. Accessed in 2011 (Jul 4).

Costa AG, Ludermir AB. Transtornos mentais comuns e apoio social: estudo em comunidade rural da Zona da Mata de Pernambuco, Brasil [Common mental disorders and social support in a rural community in Zona da Mata, Pernambuco State, Brazil]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2005;21(1):73-9.

Ludermir AB, Melo Filho DA. Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a transtornos mentais comuns [Living conditions and occupational organization associated with common mental disorders]. Rev Saúde Pública = J Public Health. 2002;36(2):213-21.

Monteiro CA, Conde WL, Konno SC, et al. Avaliação antropométrica do estado nutricional de mulheres em idade fértil e crianças menores de cinco anos. In: Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasilia: Ministério da Saúde; 2009. p. 213-30. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf. Accessed in 2011 (Jul 4).

Rahman A, Iqbal Z, Bunn J, Lovel H, Harrington R. Impact of maternal depression on infant nutritional status and illness: a cohort study. Arch Gen Psychiatry. 2004;61(9):946-52.

Downloads

Publicado

2012-03-03

Como Citar

1.
Paffer AT de, Ferreira H da S, Cabral Júnior CR, Miranda CT de. Prevalência de transtornos mentais comuns em mães do semi-árido de Alagoas e sua relação com o estado nutricional. Sao Paulo Med J [Internet]. 3º de março de 2012 [citado 14º de março de 2025];130(2):84-91. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1416

Edição

Seção

Artigo Original