Hipotermia corpórea neuroprotetora em recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica

três anos de experiência em hospital universitário terciário. Um estudo observacional retrospectivo

Autores

  • Mauricio Magalhães Santa Casa de São Paulo
  • Francisco Paulo Martins Rodrigues Santa Casa de São Paulo
  • Maria Renata Tollio Chopard Santa Casa de São Paulo
  • Victoria Catarina de Albuquerque Melo Santa Casa de São Paulo
  • Amanda Melhado Santa Casa de São Paulo, São Paulo
  • Inez Oliveira Santa Casa de São Paulo
  • Clery Bernardi Gallacci Santa Casa de São Paulo
  • Paulo Roberto Pachi Santa Casa de São Paulo
  • Tabajara Barbosa Lima Neto Santa Casa de São Paulo

Palavras-chave:

Recém-nascido, Hipóxia encefálica, Hipotermia, Asfixia neonatal, Imagem por ressonância magnética

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal apresenta alta morbi-mortalidade. Estudos com hipotermia comprovam diminuição de sequelas neurológicas e morte. Nosso objetivo foi então relatar experiência de três anos da hipotermia terapêutica em recém-nascidos (RN) asfixiados. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo restrospectivo, conduzido em hospital universitário. MÉTODOS: Trinta e cinco pacientes com asfixia perinatal submetidos a resfriamento corporal entre maio de 2009 e novembro de 2012 foram avaliados. RESULTADOS: Trinta e nove RN preencheram os critérios do protocolo de hipotermia. Quatro RN foram excluídos devido a choque séptico refratário, não manutenção da temperatura e coagulopatia grave. A mediana do Apgar de 1o e 5o minutos foi de 2 e 5. A maior complicação foi infecção, diagnosticada em sete mães (20%) e 14 RN (40%). Convulsão ocorreu em 15 RN (43%). 31 pacientes (88,6%) necessitaram da ventilação mecânica e 14 (45%) foram extubados em 24 horas. O tempo de ventilação mecânica dos demais foi de 7,7 dias. O início do resfriamento ocorreu com 1,8 horas de vida. Todos os pacientes apre-sentaram níveis elevados de creatinofosfoquinase, creatinofosfoquinase-MB e desidrogenase lática. Não se observou arritmia grave; um RN (2,9%) apresentou coagulopatia controlada. Quatro pacientes (11,4%) tiveram hipotensão controlada. Realizou-se ultrassonografia cerebral em 29 pacientes (82,9%), 10 (34,5%) com hiperecogenicidade da substância branca. 33 RN (94,3%) fizeram ressonância magnética cerebral, 11 (33,3%) com alterações hipóxico-isquêmicas. O tempo de internação foi de 23 dias e todos receberam alta. Dois pacientes (5,8%) necessitaram de gastrostomia. CONCLUSÃO: A hipotermia como terapêutica para RN asfixiados demonstrou ser segura.

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Biografia do Autor

Mauricio Magalhães, Santa Casa de São Paulo

MD, MSc. Head, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Francisco Paulo Martins Rodrigues, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Assistant Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Maria Renata Tollio Chopard, Santa Casa de São Paulo

MD, MSc. Instructor Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Victoria Catarina de Albuquerque Melo, Santa Casa de São Paulo

MD. Instructor Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Amanda Melhado, Santa Casa de São Paulo, São Paulo

MD. Instructor Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Inez Oliveira, Santa Casa de São Paulo

MD. Resident, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Clery Bernardi Gallacci, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Assistant Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Paulo Roberto Pachi, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Assistant Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Tabajara Barbosa Lima Neto, Santa Casa de São Paulo

MD, PhD. Assistant Professor, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Santa Casa de São Paulo, São Paulo, Brazil.

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Publicado

2015-07-07

Como Citar

1.
Magalhães M, Rodrigues FPM, Chopard MRT, Melo VC de A, Melhado A, Oliveira I, Gallacci CB, Pachi PR, Lima Neto TB. Hipotermia corpórea neuroprotetora em recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica: três anos de experiência em hospital universitário terciário. Um estudo observacional retrospectivo. Sao Paulo Med J [Internet]. 7º de julho de 2015 [citado 10º de março de 2025];133(4):314-9. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1420

Edição

Seção

Artigo Original