Processamento auditivo em crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade
Palavras-chave:
Menores de rua, Problemas sociais, Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico, Transtornos da percepção auditiva, CogniçãoResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: Crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social apresentam uma série de problemas de saúde. Apesar disso, ainda é controversa a afirmação sobre a existência de alterações cognitivas e/ou sensoriais. O objetivo deste estudo foi investigar aspectos relacionados ao processamento auditivo, através da aplicação de testes de potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) e avaliação comportamental do processamento auditivo em crianças em situação de rua, comparando a um grupo controle. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal no Laboratório de Processamento Auditivo, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. MÉTODOS: Os testes de processamento auditivo foram aplicados em um grupo de 27 indivíduos, subdivididos em grupos de 11 crianças (7 a 10 anos) e 16 adolescentes (11 a 16 anos) de ambos os sexos, em situação de vulnerabilidade social, e comparado a um grupo controle, formado por 21 crianças, subdivididas em grupos de 10 crianças e 11 adolescentes, pareados por idade, sem queixas. Também se aplicou os PEATE para investigação da integridade da via auditiva. RESULTADOS: Para ambas as faixas etárias, foram encontradas diferenças significantes entre grupos estudo e controle para a maioria dos testes aplicados, sendo que o grupo estudo apresentou desempenho estatisticamente pior do que o controle para todos os testes, exceto para o teste pediatric speech intelligibility. Apenas uma criança apresentou resultado alterado para os PEATE. CONCLUSÕES: Os resultados demonstraram pior desempenho do grupo estudo (crianças e adolescentes) para os testes comportamentais de processamento auditivo, apesar de estes apresentarem integridade da via auditiva em nível de tronco encefálico, demonstrada pela normalidade nos resultados do PEATE.
Downloads
Referências
Alves PB. O brinquedo e as atividades cotidianas de crianças em situação de rua [dissertation]. Porto Alegre: Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 1998. Available from: http://www.msmidia.com/CEPRUA/Espanhol/paola_mestrado.pdf. Accessed in 2011 (Sep 20).
Relatório de desenvolvimento humano, 2009-2010: Brasil ponto a ponto; consulta pública. Brasília: PNUD; 2009. Available from: http:// www.portalodm.com.br/relatorio-de-desenvolvimento-humano- 2009-2010--bp--310--np--1.html. Accessed in 2011 (Sep 20).
Weinreb L, Goldberg R, Bassuk E, Perloff J. Determinants of health and service use patterns in homeless and low-income housed children. Pediatrics. 1998;102(3 Pt 1):554-62.
Burg MA. Health problems of sheltered homeless women and their dependent children. Health Soc Work. 1994;19(2):125-31.
Fierman AH, Dreyer BP, Quinn L, et al. Growth delay in homeless children. Pediatrics. 1991;88(5):918-25.
O’Neil-Pirozzi TM. Language functioning of residents in family homeless shelters. Am J Speech Lang Pathol. 2003;12(2):229-42.
Bassuk E, Rubin L. Homeless children: a neglected population. Am J Orthopsychiatry. 1987;57(2):279-86.
National Coalition for the Homeless. Homeless families with children. Washington: National Coalition for the Homeless; 1999. Available from: http://www.nationalhomeless.org/factsheets/families.html. Accessed in 2011 (Sep 20).
Cutuli JJ, Herbers JE, Rinaldi M, Masten AS, Oberg CN. Asthma and behavior in homeless 4- to 7-year-olds. Pediatrics. 2010;125(1):145-51.
Parks RW, Stevens RJ, Spence SA. A systematic review of cognition in homeless children and adolescents. J R Soc Med. 2007;100(1):46-50.
Rubin DH, Erickson CJ, San Agustin M, et al. Cognitive and academic functioning of homeless children compared with housed children. Pediatrics. 1996;97(3):289-94.
Garcia Coll C, Buckner JC, Brooks MG, Weinreb LF, Bassuk EL. The developmental status and adaptive behavior of homeless and low-income housed infants and toddlers. Am J Public Health. 1998;88(9):1371-4.
Rescorla L, Parker R, Stolley P. Ability, achievement, and adjustment in homeless children. Am J Orthopsychiatry. 1991;61(2):210-20.
Katz J, Stecker NA, Henderson D. Central auditory processing: a transdisciplinary view. St. Louis: Mosby Year Book; 1992.
Singer RN. El aprendizaje de las acciones motrices en el deporte. Barcelona: Editorial Hispano Europea; 1986.
Bamiou DE, Musiek FE, Luxon LM. Aetiology and clinical presentations of auditory processing disorders--a review. Arch Dis Child. 2001;85(5):361-5.
Clemen R, Backous DD. Assessment of individuals suspected of or diagnosed with (central) auditory processing disorder: a medical perspective. In: Musiek FE, Chermak GD, editors. Handbook of central auditory processing disorder: auditory neuroscience and diagnosis. San Diego: Plural Publishing; 2006. p. 441-52.
Borges CF, Schochat E. Fatores de risco para o transtorno de processamento auditivo [Risk factors for the auditory processing disorder]. Temas Desenvolv. 2005;14(80/81):83-8.
Hogan SC, Moore DR. Impaired binaural hearing in children produced by a threshold level of middle ear disease. J Assoc Res Otolaryngol. 2003;4(2):123-9.
Bailey PJ, Snowling MJ. Auditory processing and the development of language and literacy. Br Med Bull. 2002;63:135-46.
Benasich AA, Tallal P. Infant discrimination of rapid auditory cues predicts later language impairment. Behav Brain Res. 2002;136(1):31-49.
Tallal P, Miller S, Fitch RH. Neurobiological basis of speech: a case for the preeminence of temporal processing. Ann N Y Acad Sci. 1993;682:27-47.
Habib M. The neurological basis of developmental dyslexia: an overview and working hypothesis. Brain. 2000;123 Pt 12:2373-99.
Merzenich MM, Jenkins WM, Johnston P, et al. Temporal processing deficits of language-learning impaired children ameliorated by training. Science. 1996;271(5245):77-81.
Hall III JW. Handbook of auditory evoked potentials. Boston: Allyn and Bacon; 1992.
Hall J. New Handbook of Auditory Evoked Responses. Boston: Allyn and Bacon; 2001.
Hall III JW, Johnson K. Electroacoustic and electrophysiologic auditory measures in the assessment of (Central) Auditory processing disorder. In: Musiek FE, Chermak GD, editors. Handbook of central auditory processing disorder: auditory neuroscience and diagnosis. San Diego: Plural Publishing; 2006. p. 287-315.
Burkard RF, Don M, Eggermont JJ. Auditory evoked potentials: basic principles and clinical application. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2007.
Jasper HA. The term-twenty system of the International Federation. Electroenceph Clin Neurophysiol. 1958;10:371-75.
Pereira LD, Schochat E. Processamento auditivo central: manual de avaliação. São Paulo: Lovise; 1997.
Chermak GD, Musiek FE. Central auditory processing disorders: new perspectives. San Diego: Singular Publishing Group San Diego; 1997.
Schochat E, Musiek FE. Maturation of outcomes of behavioral and electrophysiologic tests of central auditory function. J Commun Disord. 2006;39(1):78-92.
Sanes DH, Reh TA, Harris WA. Development of the nervous system. 2nd ed. Burlington: Academic Press; 2005.
Moore DR. Auditory processing disorders: acquisition and treatment. J Commun Disord. 2007;40(4):295-304.
Steel KP, Kros CJ. A genetic approach to understanding auditory function. Nat Genet. 2001;27(2):143-9.
Hartmann R, Shepherd RK, Heid S, Klinke R. Response of the primary auditory cortex to electrical stimulation of the auditory nerve in the congenitally deaf white cat. Hear Res. 1997;112(1-2):115-33.
Keith RW, Anderson J. Dichotic listening tests. In: Musiek FE, Chermak GD, editors. Handbook of central auditory processing disorder: auditory neuroscience and diagnosis. San Diego: Plural Publishing; 2006. p. 130-207.
Teicher MH, Dumont NL, Ito Y, et al. Childhood neglect is associated with reduced corpus callosum area. Biol Psychiatry. 2004;56(2):80-5.
Rushworth MF, Walton ME, Kennerley SW, Bannerman DM. Action sets and decisions in the medial frontal cortex. Trends Cogn Sci. 2004;8(9):410-7.
Forster LMK, Barros HMT, Tannhauser SL. Meninos na rua: relação entre abuso de drogas e atividades ilícitas [Street children: relationship between abuse of drugs and illicit activities]. Rev ABP- APAL. 1992;14(3):115-20.
Hutz CS, Koller SH. Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua [Issues regarding the development of street children]. Estud Psicol (Natal). 1997;2(1):175-97.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
