Residência médica

fatores relacionados à “dificuldade para ajudar” na relação médico residente-paciente

Autores

  • Mario Alfredo De Marco Universidade Federal de São Paulo
  • Vanessa Albuquerque Cítero Universidade Federal de São Paulo
  • Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins Universidade Federal de São Paulo
  • Latife Yazigi Universidade Federal de São Paulo
  • Lawrence Sagin Wissow Universidade Federal de São Paulo
  • Luiz Antonio Nogueira-Martins Universidade Federal de São Paulo
  • Sergio Baxter Andreoli Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

Internato e residência, Relações médico-paciente, Ansiedade, Depressão, Educação médica

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Estudos têm tentado compreender o que leva os médicos a rotularem pacientes como “difíceis”. Entender este processo é particularmente importante para os médicos residentes, que estão desenvolvendo atitudes que podem ter impacto a longo prazo em suas interações com pacientes. O objetivo deste estudo foi de distinguir entre o estado emocional (ansiedade e depressão) auto-avaliado pelos pacientes e a percepção dos residentes desse estado, como preditor de pacientes serem considerados difíceis. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal realizado no hospital da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). MÉTODOS: Os residentes responderam a um questionário sociodemográfico e pontuaram seus pacientes com a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e o Difficulty in Helping the Patient Questionnaire (DTH). Os pacientes completaram a HADS de forma independente e foram avaliados usando o Karnofsky Performance Status Scale. RESULTADOS: Em média, os residentes avaliaram seus pacientes como mobilizadores de pouca dificuldade. Os escores de dificuldade dos residentes apresentaram associação com os escores de depressão (r = 0.35, P = 0,03) e ansiedade (r = 0,46, P = 0,02) que atribuíram aos pacientes, mas não com os escores de ansiedade e depressão na auto-avaliação dos pacientes. Residentes provenientes de cidades distantes mostraram-se mais propensos a classificar os pacientes como difíceis de ajudar do que os residentes provenientes da mesma cidade do hospital (pontuação média de 1.93 versus 1.07, P = 0,04). CONCLUSÕES: Compreender o que leva os residentes a classificar pacientes como tendo problemas de ansiedade e depressão pode ser uma abordagem produtiva para reduzir a dificuldade percebida. Residentes de cidades distantes do local do hospital podem ser mais propensos a considerar seus pacientes como difíceis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mario Alfredo De Marco, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Associate professor in the Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, Brazil.

Vanessa Albuquerque Cítero, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Affiliated professor in the Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, Brazil.

Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Scientific researcher, Health Institute, Health Department of the State of São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brazil.

Latife Yazigi, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Titular professor of the Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, Brazil.

Lawrence Sagin Wissow, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Professor in the Department of Health Policy and Management, Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Baltimore, United States of America.

Luiz Antonio Nogueira-Martins, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Associate professor in the Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, Brazil.

Sergio Baxter Andreoli, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Affiliated professor in the Department of Psychiatry, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, Brazil.

Referências

Schafer S, Nowlis DP. Personality disorders among difficult patients. Arch Fam Med. 1998;7(2):126-9.

Hahn SR, Kroenke K, Spitzer RL, et al. The difficult patient: prevalence, psychopathology, and functional impairment. J Gen Intern Med. 1996;11(1):1-8.

Ballester DA, Filippon AP, Braga C, Andreoli SB. The general practitioner and mental he- alth problems: challenges and strategies for medical education. Sao Paulo Med J. 2005;123(2):72-6.

Olson AL, Kemper KJ, Kelleher KJ, et al. Primary care pediatricians’ roles and perceived responsibilities in the identification and management of maternal depression. Pediatrics. 2002;110(6):1169-76.

Horwitz SM, Kelleher KJ, Stein RE, et al. Barriers to the identification and management of psychosocial issues in children and maternal depression. Pediatrics. 2007;119(1): e208-18.

Hahn SR. Physical symptoms and physician-experienced difficulty in the physician–patient relationship. Ann Intern Med. 2001;134(9 Pt 2):897-904.

Wissow LS, Larson S, Anderson J, Hadjiisky E. Pediatric residents’ responses that discourage discussion of psychosocial problems in primary care. Pediatrics. 2005;115(6):1569-78.

Salmon P, Humphris GM, Ring A, Davies JC, Dowrick CF. Primary care consultations about medically unexplained symptoms: patient presentations and doctor responses that influen- ce the probability of somatic intervention. Psychosom Med. 2007;69(6):571-7.

Nogueira-Martins LA, Jorge MR. Natureza e magnitude do estresse na residência médica [Stress nature and magnitude during medical residency training]. Rev Assoc Med Bras. 1998;44(1):28-34.

Fagnani Neto R, Obara CS, Macedo PC, Cítero VA, Nogueira-Martins LA. Clinical and demo- graphic profile of users of a mental health system for medical residents and other health professionals undergoing training at the Universidade Federal de São Paulo. Sao Paulo Med J. 2004;122(4):152-7.

Nogueira-Martins LA. Residência médica: estresse e crescimento. São Paulo: Casa do Psi- cólogo; 2005.

De Marco MA, Nogueira-Martins LA, Yazigi L. Difficult patients or difficult encounters? QJM. 2005;98(7):542-3.

Hall JA, Horgan TG, Stein TS, Roter DL. Liking in the physician--patient relationship. Patient Educ Couns. 2002;48(1):69-77.

Hall JA. Some observations on provider-patient communication research. Patient Educ Couns. 2003;50(1):9-12.

Krebs EE, Garrett JM, Konrad TR. The difficult doctor? Characteristics of physicians who report frustration with patients: an analysis of survey data. BMC Health Serv Res. 2006;6:128.

Meier DE, Back AL, Morrison RS. The inner life of physicians and care of the seriously ill. JAMA. 2001;286(23):3007-14.

de Albuquerque Citero V, de Araújo Andreoli PB, Nogueira-Martins LA, Andreoli SB. New potential clinical indicators of consultation-liaison psychiatry’s effectiveness in Brazilian general hospitals. Psychosomatics. 2008;49(1):29-38.

Lucchese AC, Citero Vde A, De Marco MA, Andreoli SB, Nogueira-Martins LA. The needs of members of the families of general hospital inpatients. Sao Paulo Med J. 2008;126(2): 128-31.

Zigmond AS, Snaith RP. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatr Scand. 1983;67(6):361-70.

Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA, Garcia Junior C, Pereira WAB. Transtornos do humor em enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e depressão [Mood disorders among medical in-patients: a validation study of the hospital anxiety and depression scale (HAD)]. Rev Saúde Pública = J Public Health. 1995;29(5): 355-63.

Karnofsky D, Abelmann W, Craver L, Burchenal, J. The use of nitrogen mustards in the pallia- tive treatment of cancer. Cancer. 1948;1(4):634-56.

Schaafsma J, Osoba D. The Karnofsky Performance Status Scale re-examined: a cross- validation with the EORTC-C30. Qual Life Res. 1994;3(6):413-24.

Sharpe M, Mayou R, Seagroatt V, et al. Why do doctors find some patients difficult to help? Q J Med. 1994;87(3):187-93.

Tiemens BG, Ormel J, Simon GE. Occurrence, recognition, and outcome of psychological disorders in primary care. Am J Psychiatry. 1996;153(5):636-44.

Kvale J, Berg L, Groff JY, Lange G. Factors associated with residents’ attitudes toward dying patients. Fam Med. 1999;31(10):691-6.

Downloads

Publicado

2011-01-01

Como Citar

1.
Marco MAD, Cítero VA, Nogueira-Martins MCF, Yazigi L, Wissow LS, Nogueira-Martins LA, Andreoli SB. Residência médica: fatores relacionados à “dificuldade para ajudar” na relação médico residente-paciente. Sao Paulo Med J [Internet]. 1º de janeiro de 2011 [citado 12º de março de 2025];129(1):5-10. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1545

Edição

Seção

Artigo Original