Incidência e principais causas de morbidade materna grave em São Luís, Maranhão, Brasil

estudo longitudinal

Autores

  • Ana Paula Pierre Moraes Universidade Federal de Minas Gerais
  • Sandhi Maria Barreto Universidade Federal de Minas Gerais
  • Valéria Maria Azeredo Passos Universidade Federal de Minas Gerais
  • Patrícia Silva Golino Universidade Federal de Minas Gerais
  • Janne Ayre Costa Universidade Federal de Minas Gerais
  • Marina Xerez Vasconcelos Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Complicações na gravidez, Mortalidade materna, Puerpério, Cuidado pré-natal, Gravidez

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A avaliação da morbidade materna grave tem sido utilizada na vigilância à saúde materna. O objetivo deste estudo é estimar esta incidência e as suas principais causas em São Luís, Maranhão, Brasil. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo longitudinal prospectivo, desenvolvido nas duas maternidades públicas de alto risco e nas duas unidades de terapia intensivas (UTIs) públicas de referência para casos obstétricos do município. MÉTODOS: Entre 1o de março de 2009 e 28 de fevereiro de 2010, foram identificados todos os casos de morbidade materna grave segundo os critérios de Mantel e Waterstone. As variáveis sociodemográficas e de atenção à saúde dos casos de extrema gravidade foram comparados aos casos de menor gravidade utilizando os testes de Fisher, χ2 , t Student e Mann-Whitney, com nível de significância de 0,05. RESULTADOS: Foram identificados 127 casos de morbidade materna grave em 8.493 partos, gerando uma incidência de 15,0/1000 partos. Dos 122 casos entrevistados, 121 se incluíam nos critérios de Waterstone e 29 se incluíam nos critérios de Mantel, correspondendo a incidências de 14,1/1000 e 3,4/1000 partos, respectivamente. Estas taxas estão abaixo da descrita na literatura possivelmente por perda de casos. As principais causas foram a hipertensão na gravidez, mais presente nos casos de menor gravidade (P = 0,001) e a hemorragia obstétrica, mais comum nos casos de extrema gravidade (P = 0,01). CONCLUSÃO: As desordens obstétricas diretas são as principais causas da morbidade materna grave em São Luís, Maranhão. Investigar e monitorar a morbidade grave pode contribuir para a melhoria da assistência obstétrica no município.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Paula Pierre Moraes, Universidade Federal de Minas Gerais

MD. Doctoral Student in the Public Health Program, School of Medicine, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.

Sandhi Maria Barreto, Universidade Federal de Minas Gerais

MD, PhD. Associate professor of the Postgraduate Public Health Program, School of Medicine, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.

Valéria Maria Azeredo Passos, Universidade Federal de Minas Gerais

MD, PhD. Associate professor of the Department of Clinical Medicine, School of Medicine, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.

Patrícia Silva Golino, Universidade Federal de Minas Gerais

MSc. Obstetrician, Marly Sarney Maternity Hospital, São Luís, Maranhão, Brazil.

Janne Ayre Costa, Universidade Federal de Minas Gerais

MD. Resident in Gynecology and Obstetrics, University Hospital, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, Maranhão, Brazil.

Marina Xerez Vasconcelos, Universidade Federal de Minas Gerais

MD. Resident in Gynecology and Obstetrics, University Hospital, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, Maranhão, Brazil.

Referências

United Nations. UN partners on MDGs. Improve maternal health. New York: UN 2000. Available from: http://www.un.org/millenniumgoals/maternal.shtml. Accessed in 2010 (Jan 28).

World Health Organization. Maternal mortality in 2000: estimates developed by WHO, UNI- CEF and UNFPA. Geneva: World Health Organization; 2004. Available from: http://whqlib-doc.who.int/publications/2004/9241562706.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).

Brasil. Ministério da Saúde. Indicadores de mortalidade. Razão de mortalidade materna. Avai- lable from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2008/C03b.htm. Accessed in 2011 (Jan 28).

Drife JO. Maternal “near miss” reports? BMJ. 1993;307(6912):1087-8.

Danel I, Berg C, Johnson CH, Atrash H. Magnitude of maternal morbidity during labor and delivery: United States, 1993-1997. Am J Public Health. 2003;93(4):631-4.

Nashef SA. What is a near miss? Lancet. 2003;361(9352):180-1.

Stones W, Lim W, Al-Azzawi F, Kelly M. An investigation of maternal morbidity with identifica- tion of life-threatening ‘near-miss’ episodes. Health Trends. 1991;23(1):13-5.

Mantel GD, Buchmann E, Rees H, Pattinson RC. Severe acute maternal morbidity: a pilot study of a definition for a near-miss. Br J Obstet Gynaecol. 1998;105(9):985-90.

Filippi V, Ronsmans C, Gandaho T, et al. Women’s reports of severe (near-miss) obstetric complications in Benin. Stud Fam Plann. 2000;31(4):309-24.

Pattinson RC, Hall M. Near misses: a useful adjunct to maternal death enquires. Br Med Bull. 2003;67:231-43.

Goffman D, Madden RC, Harrison EA, Merkatz IR, Chazotte C. Predictors of maternal morta- lity and near-miss maternal morbidity. J Perinatol. 2007;27(10):597-601.

Fitzpatrick C, Halligan A, McKenna P, et al. Near miss maternal mortality (NMM). Ir Med J. 1992;85(1):37.

Baskett TF, Sternadel J. Maternal intensive care and near-miss mortality in obstetrics. Br J Obstet Gynaecol. 1998;105(9):981-4.

Loverro G, Pansini V, Greco P, et al. Indications and outcome for intensive care unit admis- sion during puerperium. Arch Gynecol Obstet. 2001;265(4):195-8.

Murphy DJ, Charlett P. Cohort study of near-miss maternal mortality and subsequent repro- ductive outcome. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2002;102(2):173-8.

Waterstone M, Bewley S, Wolfe C. Incidence and predictors of severe obstetric morbidity: case-control study. BMJ. 2001;322(7294):1089-93; discussion 1093-4.

Say L, Souza JP, Pattinson RC; WHO working group on Maternal Mortality and Morbidity clas- sifications. Maternal near miss--towards a standard tool for monitoring quality of maternal health care. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2009;23(3):287-96.

Dias de Souza JP, Duarte G, Basile-Filho A. Near-miss maternal mortality in developing countries. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2002;104(1):80.

Viggiano MB, Viggiano MGC, Souza E, Camano L. Necessidade de cuidados intensivos em maternidade pública terciária [Necessity of intensive care in a tertiary public maternity hospital]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(4):317-23.

Amorim MMR, Katz L, Ávila MB, et al. Perfil das admissões em uma unidade de terapia intensiva obstétrica de uma maternidade brasileira [Admission profile in an obstetrics in- tensive care unit in a maternity hospital of Brazil]. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2006;6 (supl. 1):s55-s62.

Amorim MMR, Katz L, Valença M, Araújo DE. Morbidade materna grave em UTI obstétrica no Recife, região nordeste do Brasil [Severe maternal morbidity in an obstetric ICU in Recife, Northeast of Brazil]. Rev Assoc Med Bras (1992). 2008;54(3):261-6.

Souza JPD, Cecatti JG, Parpinelli MA. Fatores associados à gravidade da morbidade mater- na na caracterização do near miss [Factors associated with the severity of maternal morbidity for the characterization of near miss]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(4):197-203.

Souza JP, Cecatti JG, Parpinelli MA, Serruya SJ, Amaral E. Appropriate criteria for identifica- tion of near-miss maternal morbidity in tertiary care facilities: a cross sectional study. BMC Pregnancy Childbirth. 2007;7:20.

Luz AG, Tiago DB, Silva JC, Amaral E. Morbidade materna grave em um hospital universitário de referência municipal em Campinas, Estado de São Paulo [Severe maternal morbidity at a local reference university hospital in Campinas, São Paulo, Brazil]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(6):281-6.

Brasil. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Reportagens. Ranking do IDH dos Estados em 2005. Available from: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3039&1ay=pde. Accessed in 2011 (Jan 28).

Brasil. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. IPEA. Atlas do Desenvolvi-mento Humano no Brasil - 2003. Available from: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/RM_Ranking.doc. Accessed in 2011 (Jan 28).

Portal ODM. Acompanhamento municipal dos objetivos de desenvolvimento do milênio. Re- latórios dinâmicos. Indicadores municipais. Available from: http://www.portalodm.com.br/relatorios/5-melhorar-a-saude-das-gestantes/ma/sao-luis. Accessed in 2011 (Jan 28).

Batalha SJC. Perfil das pacientes obstétricas admitidas na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário-Unidade Presidente Dutra. [Monografia]. São Luís: Universidade Federal do Maranhão; 2006.

Alves AAG, Moraes APP. Doença hipertensiva da gravidez - casuística de 4 anos em um hospital geral do estado do Maranhão. In: 14o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva; 2009. São Paulo, Brazil, 11 a 14 de novembro de 2009. São Paulo: Associação de Medici- na Intensiva Brasileira; 2009. p. 9. [abstract].

Diniz FRM. Comitê Municipal de Mortalidade Materno Infantil, São Luís, MA. Relatório vigi- lância de óbito em São Luís-MA. Dados de informações gerais sobre óbitos em São Luís- MA, 2009. São Luís: Secretaria Municipal de Saúde; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Manual técnico pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_puerperio_2006.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).

Souza JP, Cecatti JG, Parpinelli MA, Sousa MH, Serruya SJ. Revisão sistemática sobre morbi- dade materna near miss [Systematic review of near miss maternal morbidity]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2006;22(2):255-64.

Oladapo OT, Sule-Odu AO, Olatunji AO, Daniel OJ. “Near-miss” obstetric events and maternal deaths in Sagamu, Nigeria: a retrospective study. Reprod Health. 2005;2:9.

Brace V, Penney G, Hall M. Quantifying severe maternal morbidity: a Scottish population study. BJOG. 2004;111(5):481-4.

Filippi V, Ronsmans C, Gohou V, et al. Maternity wards or emergency obstetric rooms? Inciden- ce of near-miss events in African hospitals. Acta Obstet Gynecol Scand. 2005;84(1):11-6.

Adisasmita A, Deviany PE, Nandiaty F, Stanton C, Ronsmans C. Obstetric near miss and deaths in public and private hospitals in Indonesia. BMC Pregnancy and Childbirth. 2008;8:10.

AMIB. Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Censo AMIB. Available from: http://www.amib.org.br/pdf/CensoAMIB2010.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).

Zwart JJ, Richters JM, Ory F, et al. Severe maternal morbidity during pregnancy, delivery and puerperium in the Netherlands: a nationwide population-based study of 371,000 pregnan- cies. BJOG. 2008;115(7):842-50.

Zeeman GG. Obstetric critical care: a blueprint for improved outcomes. Crit Care Med. 2006;34(9 Suppl):S208-14.

Downloads

Publicado

2011-05-05

Como Citar

1.
Moraes APP, Barreto SM, Passos VMA, Golino PS, Costa JA, Vasconcelos MX. Incidência e principais causas de morbidade materna grave em São Luís, Maranhão, Brasil: estudo longitudinal. Sao Paulo Med J [Internet]. 5º de maio de 2011 [citado 9º de março de 2025];129(3):146-52. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1588

Edição

Seção

Artigo Original