Incidência e principais causas de morbidade materna grave em São Luís, Maranhão, Brasil
estudo longitudinal
Palavras-chave:
Complicações na gravidez, Mortalidade materna, Puerpério, Cuidado pré-natal, GravidezResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: A avaliação da morbidade materna grave tem sido utilizada na vigilância à saúde materna. O objetivo deste estudo é estimar esta incidência e as suas principais causas em São Luís, Maranhão, Brasil. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo longitudinal prospectivo, desenvolvido nas duas maternidades públicas de alto risco e nas duas unidades de terapia intensivas (UTIs) públicas de referência para casos obstétricos do município. MÉTODOS: Entre 1o de março de 2009 e 28 de fevereiro de 2010, foram identificados todos os casos de morbidade materna grave segundo os critérios de Mantel e Waterstone. As variáveis sociodemográficas e de atenção à saúde dos casos de extrema gravidade foram comparados aos casos de menor gravidade utilizando os testes de Fisher, χ2 , t Student e Mann-Whitney, com nível de significância de 0,05. RESULTADOS: Foram identificados 127 casos de morbidade materna grave em 8.493 partos, gerando uma incidência de 15,0/1000 partos. Dos 122 casos entrevistados, 121 se incluíam nos critérios de Waterstone e 29 se incluíam nos critérios de Mantel, correspondendo a incidências de 14,1/1000 e 3,4/1000 partos, respectivamente. Estas taxas estão abaixo da descrita na literatura possivelmente por perda de casos. As principais causas foram a hipertensão na gravidez, mais presente nos casos de menor gravidade (P = 0,001) e a hemorragia obstétrica, mais comum nos casos de extrema gravidade (P = 0,01). CONCLUSÃO: As desordens obstétricas diretas são as principais causas da morbidade materna grave em São Luís, Maranhão. Investigar e monitorar a morbidade grave pode contribuir para a melhoria da assistência obstétrica no município.
Downloads
Referências
United Nations. UN partners on MDGs. Improve maternal health. New York: UN 2000. Available from: http://www.un.org/millenniumgoals/maternal.shtml. Accessed in 2010 (Jan 28).
World Health Organization. Maternal mortality in 2000: estimates developed by WHO, UNI- CEF and UNFPA. Geneva: World Health Organization; 2004. Available from: http://whqlib-doc.who.int/publications/2004/9241562706.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).
Brasil. Ministério da Saúde. Indicadores de mortalidade. Razão de mortalidade materna. Avai- lable from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2008/C03b.htm. Accessed in 2011 (Jan 28).
Drife JO. Maternal “near miss” reports? BMJ. 1993;307(6912):1087-8.
Danel I, Berg C, Johnson CH, Atrash H. Magnitude of maternal morbidity during labor and delivery: United States, 1993-1997. Am J Public Health. 2003;93(4):631-4.
Nashef SA. What is a near miss? Lancet. 2003;361(9352):180-1.
Stones W, Lim W, Al-Azzawi F, Kelly M. An investigation of maternal morbidity with identifica- tion of life-threatening ‘near-miss’ episodes. Health Trends. 1991;23(1):13-5.
Mantel GD, Buchmann E, Rees H, Pattinson RC. Severe acute maternal morbidity: a pilot study of a definition for a near-miss. Br J Obstet Gynaecol. 1998;105(9):985-90.
Filippi V, Ronsmans C, Gandaho T, et al. Women’s reports of severe (near-miss) obstetric complications in Benin. Stud Fam Plann. 2000;31(4):309-24.
Pattinson RC, Hall M. Near misses: a useful adjunct to maternal death enquires. Br Med Bull. 2003;67:231-43.
Goffman D, Madden RC, Harrison EA, Merkatz IR, Chazotte C. Predictors of maternal morta- lity and near-miss maternal morbidity. J Perinatol. 2007;27(10):597-601.
Fitzpatrick C, Halligan A, McKenna P, et al. Near miss maternal mortality (NMM). Ir Med J. 1992;85(1):37.
Baskett TF, Sternadel J. Maternal intensive care and near-miss mortality in obstetrics. Br J Obstet Gynaecol. 1998;105(9):981-4.
Loverro G, Pansini V, Greco P, et al. Indications and outcome for intensive care unit admis- sion during puerperium. Arch Gynecol Obstet. 2001;265(4):195-8.
Murphy DJ, Charlett P. Cohort study of near-miss maternal mortality and subsequent repro- ductive outcome. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2002;102(2):173-8.
Waterstone M, Bewley S, Wolfe C. Incidence and predictors of severe obstetric morbidity: case-control study. BMJ. 2001;322(7294):1089-93; discussion 1093-4.
Say L, Souza JP, Pattinson RC; WHO working group on Maternal Mortality and Morbidity clas- sifications. Maternal near miss--towards a standard tool for monitoring quality of maternal health care. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2009;23(3):287-96.
Dias de Souza JP, Duarte G, Basile-Filho A. Near-miss maternal mortality in developing countries. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2002;104(1):80.
Viggiano MB, Viggiano MGC, Souza E, Camano L. Necessidade de cuidados intensivos em maternidade pública terciária [Necessity of intensive care in a tertiary public maternity hospital]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(4):317-23.
Amorim MMR, Katz L, Ávila MB, et al. Perfil das admissões em uma unidade de terapia intensiva obstétrica de uma maternidade brasileira [Admission profile in an obstetrics in- tensive care unit in a maternity hospital of Brazil]. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2006;6 (supl. 1):s55-s62.
Amorim MMR, Katz L, Valença M, Araújo DE. Morbidade materna grave em UTI obstétrica no Recife, região nordeste do Brasil [Severe maternal morbidity in an obstetric ICU in Recife, Northeast of Brazil]. Rev Assoc Med Bras (1992). 2008;54(3):261-6.
Souza JPD, Cecatti JG, Parpinelli MA. Fatores associados à gravidade da morbidade mater- na na caracterização do near miss [Factors associated with the severity of maternal morbidity for the characterization of near miss]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(4):197-203.
Souza JP, Cecatti JG, Parpinelli MA, Serruya SJ, Amaral E. Appropriate criteria for identifica- tion of near-miss maternal morbidity in tertiary care facilities: a cross sectional study. BMC Pregnancy Childbirth. 2007;7:20.
Luz AG, Tiago DB, Silva JC, Amaral E. Morbidade materna grave em um hospital universitário de referência municipal em Campinas, Estado de São Paulo [Severe maternal morbidity at a local reference university hospital in Campinas, São Paulo, Brazil]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(6):281-6.
Brasil. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Reportagens. Ranking do IDH dos Estados em 2005. Available from: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3039&1ay=pde. Accessed in 2011 (Jan 28).
Brasil. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. IPEA. Atlas do Desenvolvi-mento Humano no Brasil - 2003. Available from: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/RM_Ranking.doc. Accessed in 2011 (Jan 28).
Portal ODM. Acompanhamento municipal dos objetivos de desenvolvimento do milênio. Re- latórios dinâmicos. Indicadores municipais. Available from: http://www.portalodm.com.br/relatorios/5-melhorar-a-saude-das-gestantes/ma/sao-luis. Accessed in 2011 (Jan 28).
Batalha SJC. Perfil das pacientes obstétricas admitidas na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário-Unidade Presidente Dutra. [Monografia]. São Luís: Universidade Federal do Maranhão; 2006.
Alves AAG, Moraes APP. Doença hipertensiva da gravidez - casuística de 4 anos em um hospital geral do estado do Maranhão. In: 14o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva; 2009. São Paulo, Brazil, 11 a 14 de novembro de 2009. São Paulo: Associação de Medici- na Intensiva Brasileira; 2009. p. 9. [abstract].
Diniz FRM. Comitê Municipal de Mortalidade Materno Infantil, São Luís, MA. Relatório vigi- lância de óbito em São Luís-MA. Dados de informações gerais sobre óbitos em São Luís- MA, 2009. São Luís: Secretaria Municipal de Saúde; 2009.
Brasil. Ministério da Saúde. Manual técnico pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_puerperio_2006.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).
Souza JP, Cecatti JG, Parpinelli MA, Sousa MH, Serruya SJ. Revisão sistemática sobre morbi- dade materna near miss [Systematic review of near miss maternal morbidity]. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2006;22(2):255-64.
Oladapo OT, Sule-Odu AO, Olatunji AO, Daniel OJ. “Near-miss” obstetric events and maternal deaths in Sagamu, Nigeria: a retrospective study. Reprod Health. 2005;2:9.
Brace V, Penney G, Hall M. Quantifying severe maternal morbidity: a Scottish population study. BJOG. 2004;111(5):481-4.
Filippi V, Ronsmans C, Gohou V, et al. Maternity wards or emergency obstetric rooms? Inciden- ce of near-miss events in African hospitals. Acta Obstet Gynecol Scand. 2005;84(1):11-6.
Adisasmita A, Deviany PE, Nandiaty F, Stanton C, Ronsmans C. Obstetric near miss and deaths in public and private hospitals in Indonesia. BMC Pregnancy and Childbirth. 2008;8:10.
AMIB. Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Censo AMIB. Available from: http://www.amib.org.br/pdf/CensoAMIB2010.pdf. Accessed in 2011 (Jan 28).
Zwart JJ, Richters JM, Ory F, et al. Severe maternal morbidity during pregnancy, delivery and puerperium in the Netherlands: a nationwide population-based study of 371,000 pregnan- cies. BJOG. 2008;115(7):842-50.
Zeeman GG. Obstetric critical care: a blueprint for improved outcomes. Crit Care Med. 2006;34(9 Suppl):S208-14.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.