Características do líquido ascítico de pacientes com suspeita de peritonite bacteriana espontânea nas unidades de emergência de um hospital terciário

Autores

  • Thiago José Buer Reginato Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Marcelo José Andrade Oliveira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Luiz César Moreira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Antonieta Lamanna Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Milena Marques Pagliarelli Acencio Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Leila Antonangelo Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Líquido ascítico, Infecção, Paracentese, Citologia, Peritonite

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Peritonite bacteriana espontânea (PBE) é uma complicação da ascite, especialmente na cirrose. Líquido ascítico com 250 ou mais neutrófilos/mm3 é um critério aceitável para o diagnóstico, mesmo com cultura bacteriana negativa. Os objetivos foram estimar a frequência de PBE em pacientes atendidos na sala de emergência, baseando-se no critério celular e avaliar o perfil bioquímico desses líquidos peritoneais. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo retrospectivo em hospital público terciário. MÉTODOS: Foram avaliados registros laboratoriais de pacientes com ascite atendidos no setor de emergência entre novembro de 2001 e novembro de 2006, cujas amostras de líquido ascítico foram encaminhadas ao laboratório por suspeita de PBE. As 691 amostras incluídas foram divididas em grupo A (PBE presumida: ≥ 250 neutrófilos/mm3 ; n = 219; 31.7%) e grupo B (Ausência de PBE presumida: < 250 neutrófilos/mm3; n = 472; 68.3%). Também foram avaliados sexo e idade dos pacientes além de características dos líquidos ascíticos: número de neutrófilos, leucócitos e células nucleadas; bacteriologia; e concentrações de proteínas, desidrogenase láctica, adenosina deaminase e glicose. RESULTADOS: Das amostras cultivadas do grupo A, 63 (33,8%) tiveram cultura bacteriana positiva com crescimento de patógenos comumente associados à PBE. O total de amostras do grupo A exibiu maiores níveis de desidrogenase lática que as do grupo B. Este último demonstrou predomínio de linfócitos e macrófagos. CONCLUSÃO: Dos líquidos ascíticos com suspeita clínica de PBE, 31.7% preencheram o critério diagnóstico celular. O isolamento bacteriano foi positivo em 33.8% das amostras cultivadas no grupo PBE presumida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thiago José Buer Reginato, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Medical Student. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Marcelo José Andrade Oliveira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Clinical Pathologist, Clinical Laboratory, Department of Pathology, LIM 03, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Luiz César Moreira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

BSc. Biologist. Clinical Laboratory, Department of Pathology, LIM 03, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Antonieta Lamanna, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

BSc. Biologist. Clinical Laboratory, Department of Pathology, LIM 03, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Milena Marques Pagliarelli Acencio, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

BSc, PhD. Biologist, Heart Institute, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Leila Antonangelo, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Clinical Pathologist and Professor, Clinical Laboratory, Department of Pathology, LIM 03, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Referências

Guarner C, Soriano G. Spontaneous bacterial peritonitis. Semin Liver Dis. 1997;17(3):203-17.

Koulaouzidis A, Bhat S, Saeed AA. Spontaneous bacterial peritonitis. World J Gastroenterol. 2009;15(9):1042-49.

Conn HO, Fessel JM. Spontaneous bacterial peritonitis in cirrhosis: variations on a theme. Medicine (Baltimore). 1971;50(3):161-97.

Rerknimitr R, Limmathurotsakul D, Bhokaisawan N, et al. A comparison of diagnostic efficacies among different reagent strips and automated cell count in spontaneous bacterial peritonitis. J Gastroenterol Hepatol. 2010;25(5):946-50.

Such J, Runyon BA. Spontaneous bacterial peritonitis. Clin Infect Dis. 1998;27(4):669-74; quiz 675-6.

Rimola A, García-Tsao G, Navasa M, et al. Diagnosis, treatment and prophylaxis of spontaneous bacterial peritonitis: a consensus document. International Ascites Club. J Hepatol. 2000;32(1):142-53.

Sapey T, Kabissa D, Fort E, Laurin C, Mendler MH. Instant diagnosis of spontaneous bacterial peritonitis using leukocyte esterase reagent strips: Nephur-Test vs. MultistixSG. Liver Int. 2005;25(2):343-8.

Guarner C, Soriano G. Bacterial translocation and its consequences in patients with cirrhosis. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2005;17(1):27-31.

Morencos FC, de las Heras Castaño G, Martín Ramos L, et al. Small bowel bacterial overgrowth in patients with alcoholic cirrhosis. Dig Dis Sci. 1995;40(6):1252-6.

Guarner C, Runyon BA, Young S, Heck M, Sheikh MY. Intestinal bacterial overgrowth and bacterial translocation in cirrhotic rats with ascites. J Hepatol. 1997;26(6):1372-8.

Chang CS, Chen GH, Lien HC, Yeh HZ. Small intestine dysmotility and bacterial overgrowth in cirrhotic patients with spontaneous bacterial peritonitis. Hepatology. 1998;28(5):1187-90.

Garcia-Tsao G, Lee FY, Barden GE, Cartun R, West AB. Bacterial translocation to mesenteric lymph nodes is increased in cirrhotic rats with ascites. Gastroenterology. 1995;108(6):1835-41.

Cirera I, Bauer TM, Navasa M, et al. Bacterial translocation of enteric organisms in patients with cirrhosis. J Hepatol. 2001;34(1):32-7.

Runyon BA, Squier S, Borzio M. Translocation of gut bacteria in rats with cirrhosis to mesenteric lymph nodes partially explains the pathogenesis of spontaneous bacterial peritonitis. J Hepatol. 1994;21(5):792-6.

Garcia-Tsao G. Spontaneous bacterial peritonitis. Gastroenterol Clin North Am. 1992;21(1):257-75.

Hoefs JC, Runyon BA. Spontaneous bacterial peritonitis. Dis Mon. 1985;31(9):1-48.

Felisart J, Rimola A, Arroyo V, et al. Cefotaxime is more effective than is ampicillin-tobramycin in cirrhotics with severe infections. Hepatology. 1985;5(3):457-62.

Volk ML, Marrero JA. Advances in critical care hepatology. Minerva Anestesiol. 2006;72(5):269-81.

Riggio O, Angeloni S, Parente A, et al. Accuracy of the automated cell counters for management of spontaneous bacterial peritonitis. World J Gastroenterol. 2008;14(37):5689-94.

Clinical Laboratory Standard Institute. Body Fluid Analysis for Cellular Composition; Approved Guidelines. Pennsylvania: Clinical and Laboratory Standards Institute; 2006. Available from: http://www.clsi.org/source/orders/free/h56-a.pdf. Accessed in 2011 (Mar 31).

Giusti G. Adenosine deaminase. In: Bergmeyer HU, editor. Methods of enzymatic analysis. 2nd ed. New York: Academic Press; 1974. p. 1092-99.

Figueiredo FAF, Coelho HSM, Soares JAS. Peritonite bacteriana espontânea na cirrose hepática: prevalência, fatores preditivos e prognóstico [Sponteneousbacterialperitonitisinhepaticcirrhosis:prevalence,predictive factors and prognosis]. Rev Assoc Med Bras (1992). 1999;45(2):128-36.

Arroyo V, Bataller R, Ginès P. Spontaneous bacterial peritonitis. In: O’Grady JG, Lake JR, editors. Comprehensive clinical hepatology. 1st ed. Barcelona: Mosby; 2000. p. 7.10-7.14.

Rehm J, Mathers C, Popova S, et al. Global burden of disease and injury and economic cost attributable to alcohol use and alcohol-use disorders. Lancet. 2009;373(9682):2223-33.

Mueller S, Millonig G, Seitz HK. Alcoholic liver disease and hepatitis C: a frequently underestimated combination. World J Gastroenterol. 2009;15(28):3462-71.

Mehta G, Rothstein KD. Health maintenance issues in cirrhosis. Med Clin North Am. 2009;93(4):901-15, viii-ix.

Yataco JC, Dweik RA. Pleural effusions: evaluation and management. Cleve Clin J Med. 2005;72(10):854-6, 858, 862-4 passim.

Colice GL, Curtis A, Deslauriers J, et al. Medical and surgical treatment of parapneumonic effusions: an evidence-based guideline. Chest. 2000;118(4):1158-71.

Tarn AC, Lapworth R. Biochemical analysis of ascitic (peritoneal) fluid: what should we measure? Ann Clin Biochem. 2010;47(Pt 5):397-407.

Akriviadis EA, Runyon BA. Utility of an algorithm in differentiating spontaneous from secondary bacterial peritonitis. Gastroenterology. 1990;98(1):127-33.

Boyer TD, Kahn AM, Reynolds TB. Diagnostic value of ascitic fluid lactic dehydrogenase, protein, and WBC levels. Arch Intern Med. 1978;138(7):1103-5.

Downloads

Publicado

2011-09-09

Como Citar

1.
Reginato TJB, Oliveira MJA, Moreira LC, Lamanna A, Acencio MMP, Antonangelo L. Características do líquido ascítico de pacientes com suspeita de peritonite bacteriana espontânea nas unidades de emergência de um hospital terciário. Sao Paulo Med J [Internet]. 9º de setembro de 2011 [citado 12º de março de 2025];129(5):315-9. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1624

Edição

Seção

Artigo Original