Definição e utilização da variável “raça” por estudantes de medicina em Salvador, Bahia, Brazil

Autores

  • Crésio Alves Universidade Federal da Bahia
  • Michele Souza Dantas da Silva
  • Luciana Muniz Pinto Universidade Federal da Bahia
  • Maria Betânia Pereira Toralles Universidade Federal da Bahia
  • José Tavares-Neto Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

Grupos de populações continentais, Grupos étnicos, Pesquisa biomédica, Estudantes de medicina, Ética

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A falta de uma definição clara da raça humana e a importância desse tema na prática médica continua a ser fonte de dúvidas para estudiosos. No presente artigo nós avaliamos o uso da variável raça por estudantes de medicina em Salvador, Brasil. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: corte transversal, realizado numa universidade pública federal. MÉTODO: 221 estudantes, , foram incluídos. Um questionário semi-estruturado foi utilizado para a coleta dos dados. Os resultados são expressos como média e desvio-padrão da média, proporções e frequências. O teste do χ2 (qui-quadrado) foi utilizado para o cálculo estatístico. RESULTADOS: Aproximadamente metade dos estudantes (45,4%) usava a variável grupo racial na sua prática clínica em estudos. Desses, 86,8% a consideravam uma informação relevante no prontuário médico; 92,7% no raciocínio diagnóstico; 95,9% acreditavam que ela influenciava a causa, expressão e prevalência das doenças; 94,9% afirmaram que ela contribuía para estimar o risco de doenças; 80,5% informaram que a resposta terapêutica a medicamentos pode ser influenciada pelas características raciais; 41,9% consideravam que sua inclusão nas pesquisas era sempre recomendável; e 20,3% a avaliavam como indispensável. As principais características fenotípicas usadas para a classificação racial foram: cor da pele (93,2%), tipo de cabelo (45,7%), formato do nariz (33,9%) e espessura dos lábios (30,3%). CONCLUSÃO: Apesar de sua importância na prática médica, a maioria dos profissionais não usa e não sabe classificar os diversos grupos raciais. É necessário adicionar e/ou ampliar a discussão sobre as categorias raciais e étnicas no exercício da medicina e nas pesquisas médicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Crésio Alves, Universidade Federal da Bahia

MD, PhD. Professor of Pediatrics, Department of Pediatrics, School of Medicine, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brazil.

Michele Souza Dantas da Silva

Medical student. Department of Pediatrics, School of Medicine, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brazil.

Luciana Muniz Pinto, Universidade Federal da Bahia

Medical student. Department of Pediatrics, School of Medicine, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brazil.

Maria Betânia Pereira Toralles, Universidade Federal da Bahia

MD, PhD. Adjunct professor, Department of Pediatrics, School of Medicine, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brazil.

José Tavares-Neto, Universidade Federal da Bahia

MD, PhD. Professor of Internal Medicine, Department of Medicine, School of Medicine, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brazil.

Referências

Alves C, Fortuna CMM, Toralles MBP. A aplicação e o conceito de raça em saúde pública: definições, controvérsias e sugestões para uniformizar sua utilização nas pesquisas biomé- dicas e na prática clínica [The concept of race in public health: definitions, controversies and recommendations to improve its use in biomedical research and clinical practice]. Gazeta Médica da Bahia. 2005;75(1):92-115. Available from: http://www.gmbahia.ufba. br/index.php/gmbahia/article/viewFile/355/344. Accessed in 2010 (Jul 23).

Lee SS, Mountain J, Koenig B, et al. The ethics of characterizing difference: guiding principles on using racial categories in human genetics. Genome Biol. 2008;9(7):404.

Cook BL, Manning WG. Measuring racial/ethnic disparities across the distribution of health care expenditures. Health Serv Res. 2009;44(5 Pt 1):1603-21.

Stephenson N, Dalton JA, Carlson J, Youngblood R, Bailey D. Racial and ethnic disparities in cancer pain management. J Natl Black Nurses Assoc. 2009;20(1):11-8.

Oramasionwu CU, Hunter JM, Skinner J, et al. Black race as a predictor of poor health ou- tcomes among a national cohort of HIV/AIDS patients admitted to US hospitals: a cohort study. BMC Infect Dis. 2009;9:127.

Osborne NH, Upchurch GR Jr, Mathur AK, Dimick JB. Explaining racial disparities in mortality after abdominal aortic aneurysm repair. J Vasc Surg. 2009;50(4):709-13.

Witzig R. The medicalization of race: scientific legitimization of a flawed social construct. Ann Intern Med. 1996;125(8):675-9.

Relethford JH. Race and global patterns of phenotypic variation. Am J Phys Anthropol. 2009;139(1):16-22.

Silva FG, Tavares-Neto J. Avaliação dos prontuários médicos de hospitais de ensino do Brasil [Evaluation of medical records in Brazilian teaching hospitals]. Rev Bras Educ Méd. 2007;31(2):113-26.

Carter EL. Race vs ethnicity in dermatology. Arch Dermatol. 2003;139(4):539-40.

Krieger H, Morton NE, Mi MP, et al. Racial admixture in north-eastern Brazil. Ann Hum Genet. 1965;29(2):113-25.

Parra FC, Amado RC, Lambertucci JR, et al. Color and genomic ancestry in Brazilians. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(1):177-82.

Duster T. Lessons from history: why race and ethnicity have played a major role in biomedical research. J Law Med Ethics. 2006;34(3):487-96, 479.

Bastos JL, Dumith SC, Santos RV, et al. Como te percebo afeta o modo como me vejo? Re- lações da “cor/raça” de entrevistadores e de entrevistados no Sul do Brasil [Does the way I see you affect the way I see myself? Associations between interviewers’ and interviewees’ “color/race” in southern Brazil]. Cad Saude Publica. 2009;25(10):2111-24.

Billinger MS. Racial classification in the evolutionary sciences: a comparative analysis. Hist Philos Life Sci. 2007;29(4):429-67.

Cho MK. Racial and ethnic categories in biomedical research: there is no baby in the ba- thwater. J Law Med Ethics. 2006;34(3):497-9, 479.

Ahdieh L, Hahn RA. Use of the terms ‘race’, ‘ethnicity’, and ‘national origins’: a review of ar- ticles in the American Journal of Public Health, 1980-1989. Ethn Health. 1996;1(1):95-8.

Kaufman JS, Cooper RS. Commentary: considerations for use of racial/ethnic classification in etiologic research. Am J Epidemiol. 2001;154(4):291-8.

Bhopal R. Race and ethnicity: responsible use from epidemiological and public health pers- pectives. J Law Med Ethics. 2006;34(3):500-7, 479.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – 2000. Available from: http://www.ibge.gov.br/bus- ca/search?q=ra%E7a&entqr=0&Submit.y=10&sort=date%3AD%3AL%3Ad1&out put=xml_no_dtd&btnG.y=7&btnG.y=2&btnG.y=3&client=default_frontend&btnG. x=11&btnG.x=16&btnG.x=20&ud=1&Submit.x=8&oe=ISO-8859-1&ie=ISO-8859- 1&proxystylesheet=default_frontend&site=default_collection&btnG.x=11&btnG.y=6. Ac- cessed in 2010 (Aug 10).

Wolf SM. Debating the use of racial and ethnic categories in research. J Law Med Ethics. 2006;34(3):483-6.

Harawa NT, Ford CL. The foundation of modern racial categories and implications for resear- ch on black/white disparities in health. Ethn Dis. 2009;19(2):209-17.

Azevêdo ES, Tavares-Neto J. Black identity and registries in Brazil: a question of rights and justice. Eubios Journal of Asian and International Bioethics. 2006;16(1):22-5. Available from: http://www.eubios.info/EJAIB.htm. Accessed in 2010 (Aug 10).

Anderson W. Teaching ‘race’ at medical school: social scientists on the margin. Soc Stud Sci. 2008;38(5):785-800.

Burchard EG, Ziv E, Coyle N, et al. The importance of race and ethnic background in biome- dical research and clinical practice. N Engl J Med. 2003;348(12):1170-5.

Tavares Neto J. Marcadores sorológicos das hepatites B e C em residentes de área endêmi- ca da esquistossomose mansônica [Hepatitis B and C serological markers in residents of a schistosomiasis mansoni endemic area]. Rev Patol Trop. 1998;27(2):205-330.

Passos GA Jr, Picanço VP. Frequency of the delta ccr5 deletion allele in the urban Brazilian population. Immunol Lett. 1998;61(2-3):205-7.

Bailey SR. Unmixing for race making in Brazil. AJS. 2008;114(3):577-614.

Downloads

Publicado

2010-07-07

Como Citar

1.
Alves C, Silva MSD da, Pinto LM, Toralles MBP, Tavares-Neto J. Definição e utilização da variável “raça” por estudantes de medicina em Salvador, Bahia, Brazil. Sao Paulo Med J [Internet]. 7º de julho de 2010 [citado 15º de outubro de 2025];128(4):206-10. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1792

Edição

Seção

Artigo Original