Prevalência e fatores de risco para neoplasia intraepitelial cervical em mulheres infectadas pelo HIV em Salvador, Bahia, Brasil

Autores

  • Paula Matos Oliveira Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
  • Rone Peterson Cerqueira Oliveira Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
  • Iane Érica Martins Travessa Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
  • Marques Vinícius de Castro Gomes Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
  • Maria Lícia de Jesus dos Santos Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
  • Maria Fernanda Rios Grassi Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Palavras-chave:

HIV, Neoplasia intra-epitelial cervical, Prevalência, Fatores de risco, Brasil

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: O vírus da imunodeficiência humana (HIV) está frequentemente associado à neoplasia intraepitelial de alto grau. Imunossupressão e carga viral do HIV elevada são os principais fatores de risco para neoplasia intra-epitelial cervical (NIC). O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de NIC em mulheres infectadas pelo HIV, em Salvador, Bahia, Brasil e descrever os fatores de risco, comparando-as com mulheres não infectadas. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal no Centro de Referência de Aids da Bahia e Ambulatório de Ginecologia da Fundação Bahiana para o Desenvolvimento da Ciência, em Salvador, Bahia, Brasil. MÉTODOS: Foram incluídas no estudo 64 mulheres infectadas pelo HIV e 76 não infectadas provenientes de Salvador, no período de maio de 2006 a maio de 2007. Foi avaliada a associação entre NIC e presença da infecção pelo HIV, carga viral do HIV, proporção de linfócitos T CD4+ e fatores de risco. A independência dos fatores de risco foi verificada pela regressão logística. RESULTADOS: A prevalência de NIC foi maior nas mulheres infectadas pelo HIV que no grupo controle (26,6% versus 6,6%; P = 0,01). A razão de chances para NIC em mulheres infectadas pelo HIV foi 3,7 (95% intervalo de confiança, IC: 1,23-11; P = 0,01) após ajuste das variáveis: idade da primeira relação sexual, número de parceiros, número de partos e história prévia de doença sexualmente transmissível. CONCLUSÃO: A prevalência de NIC foi significativamente maior em mulheres infectadas pelo HIV que naquelas não infectadas. A infecção pelo HIV foi o fator de risco mais importante associado com o desenvolvimento de lesões cervicais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paula Matos Oliveira, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

MD. Doctoral student in the Postgraduate Program on Medicine and Human Health, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador, Bahia, Brazil.

Rone Peterson Cerqueira Oliveira, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

MD, MSc. Assistant professor, Gynecological Service, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador, Bahia, Brazil.

Iane Érica Martins Travessa, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Scientific initiation student, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador, Bahia, Brazil.

Marques Vinícius de Castro Gomes, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Scientific initiation student, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador, Bahia, Brazil.

Maria Lícia de Jesus dos Santos, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

MD. Gynecologist at the AIDS Reference Center of Bahia (Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa, CEDAP), Salvador, Bahia, Brazil.

Maria Fernanda Rios Grassi, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

MD. Gynecologist at the AIDS Reference Center of Bahia (Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa, CEDAP), Salvador, Bahia, Brazil.

Referências

World Health Organization. Comprehensive cervical cancer control: A guide to essential practice. Geneva: World Health Organization; 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/estimativa_incidencia_cancer_2008.pdf. Accessed in 2010 (May 28).

Almonte M, Albero G, Molano M, et al. Risk factors for human papillomavirus exposure and co-factors for cervical cancer in Latin America and the Caribbean. Vaccine. 2008;26 Suppl 11:L16-36.

Silva TT, Guimarães ML, Barbosa MIC, Pinheiro MFG, Maia AF. Identificação de tipos de papi- lomavírus e de outros fatores de risco para neoplasia intra-epitelial cervical [Identification of papillomavirus types and other risk factors for cervical intraepithelial neoplasia]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;28(5):285-91.

Levi JE, Fernandes S, Tateno AF, et al. Presence of multiple human papillomavirus types in cervical samples from HIV-infected women. Gynecol Oncol. 2004;92(1):225-31.

Nappi L, Carriero C, Bettocchi S, et al. Cervical squamous intraepithelial lesions of low-grade in HIV-infected women: recurrence, persistence, and progression, in treated and untreated women. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2005;121(2):226-32.

Solomon D, Davey D, Kurman R, et al. The 2001 Bethesda System: terminology for reporting results of cervical cytology. JAMA. 2002;287(16):2114-9.

Richart RM. A modified terminology for cervical intraepithelial neoplasia. Obstet Gynecol. 1990;75(1):131-3.

Moodley M, Garib R. The significance of human papillomavirus infection detected by cervical cytology among women infected with the human immunodeficiency virus. J Obstet Gynae- col. 2004;24(8):903-6.

Mbizvo EM, Msuya SE, Stray-Pedersen B, Chirenje MZ, Hussain A. Cervical dyskaryosis among women with and without HIV: prevalence and risk factors. Int J STD AIDS. 2005;16(12):789-93.

Russomano F, Reis A, Camargo MJ, Grinsztejn B, Tristão MA. Recurrence of cervical intraepi- thelial neoplasia grades 2 or 3 in HIV-infected women treated by large loop excision of the transformation zone (LLETZ). Sao Paulo Med J. 2008;126(1):17-22.

Coelho Lima BM, Golub JE, Tonani Mattos A, et al. Human papillomavirus in women with and without HIV-1 infection attending an STI clinic in Vitoria, Brazil. J Int Assoc Physicians AIDS Care (Chic III). 2009;8(5):286-90.

Richardson H, Kelsall G, Tellier P, et al. The natural history of type-specific human pa- pillomavirus infections in female university students. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2003;12(6):485-90.

Winer RL, Lee SK, Hughes JP, et al. Genital human papillomavirus infection: incidence and risk factors in a cohort of female university students. Am J Epidemiol. 2003;157(3):218-26.

Schiffman M, Castle PE. Human papillomavirus: epidemiology and public health. Arch Pa- thol Lab Med. 2003;127(8):930-4.

Moscicki AB, Hills N, Shiboski S, et al. Risks for incident human papillomavirus infection and low-grade squamous intraepithelial lesion development in young females. JAMA. 2001;285(23):2995-3002.

Sellors JW, Karwalajtys TL, Kaczorowski J, et al. Incidence, clearance and predictors of hu- man papillomavirus infection in women. CMAJ. 2003;168(4):421-5.

Baseman JG, Koutsky LA. The epidemiology of human papillomavirus infections. J Clin Virol. 2005;32 Suppl 1:S16-24.

Santos AL, Derchain SF, Martins MR, et al. Human papillomavirus viral load in predicting high-grade CIN in women with cervical smears showing only atypical squamous cells or low-grade squamous intraepithelial lesion. Sao Paulo Med J. 2003;121(6):238-43.

Dames DN, Ragin C, Griffith-Bowe A, Gomez P, Butler R. The prevalence of cervical cytology abnormalities and human papillomavirus in women infected with the human immunodefi- ciency virus. Infect Agent Cancer. 2009;4 Suppl 1:1-S8.

Parham GP, Sahasrabuddhe VV, Mwanahamuntu MH, et al. Prevalence and predictors of squamous intraepithelial lesions of the cervix in HIV-infected women in Lusaka, Zambia. Gynecol Oncol. 2006;103(3):1017-22.

Zimmermmann JB, Melo VH, Castro LPF, et al. Associação entre a contagem de linfócitos T CD4+ e a gravidade da neoplasia intra-epitelial cervical diagnosticada pela histopatologia em mulheres infectadas pelo HIV [Association between CD4+ T-cell count and intraepi- thelial cervical neoplasia diagnosed by histopathology in HIV-infected women]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;28(6):345-51.

Araújo ACL, Melo VH, Castro LPF, et al. Associação entre a carga viral e os linfócitos T CD4+ com lesões intra-epiteliais do colo uterino em mulheres infectadas pelo vírus da imunodefi- ciência humana [Association between viral load and CD4+ T lymphocyte count and cervical intraepithelial lesions in HIV-infected women]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(3):106-11.

Uchimura NS, Ribalta JC, Focchi J, et al. Evaluation of Langerhans’ cells in human papillo- mavirus-associated squamous intraepithelial lesions of the uterine cervix. Clin Exp Obstet Gynecol. 2004;31(4):260-2.

Giannini SL, Hubert P, Doyen J, Boniver J, Delvenne P. Influence of the mucosal epithelium microenvironment on Langerhans cells: implications for development of squamous intraepi- thelial lesions of the cervix. Int J Cancer. 2002;97(5):654-9.

Downloads

Publicado

2010-07-07

Como Citar

1.
Oliveira PM, Oliveira RPC, Travessa I Érica M, Gomes MV de C, Santos ML de J dos, Grassi MFR. Prevalência e fatores de risco para neoplasia intraepitelial cervical em mulheres infectadas pelo HIV em Salvador, Bahia, Brasil . Sao Paulo Med J [Internet]. 7º de julho de 2010 [citado 15º de outubro de 2025];128(4):197-201. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1805

Edição

Seção

Artigo Original