Uso de albumina como fator de risco para mortalidade intra-hospitalar em pacientes portadores de queimaduras no Brasil

coorte histórica não concorrente

Autores

  • Gilson Caleman Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo
  • José Fausto de Morais Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo
  • Maria Eduarda dos Santos Puga Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo
  • Rachel Riera Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo
  • Álvaro Nagib Atallah Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

Albumina sérica, Queimaduras, Mortalidade, Pacientes internados, Estudos de coortes

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Em pacientes queimados é comum o uso de substâncias coloidais sob justificativa de que é necessário corrigir a pressão oncótica do plasma, reduzindo o edema na área queimada e a hipotensão. O objetivo foi avaliar o risco de mortalidade hospitalar, comparando o uso de albumina e soluções cristaloides para esses pacientes. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo coorte histórico não concorrente na Faculdade de Medicina de Marília, no Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Terapêutica da Universidade Federal de São Paulo e no Centro Cochrane do Brasil. MÉTODOS: Pacientes queimados hospitalizados entre 2000 e 2001, registrados no Sistema de Informações Hospitalares e que receberam albumina foram comparados com aqueles que receberam outros tipos de reposição volêmica. O desfecho primário foi a taxa de mortalidade hospitalar. Os dados foram coletados dos arquivos do programa Datasus. RESULTADOS: Foram incluídos 39.684 pacientes: sendo 24.116 pacientes com queimaduras moderadas e 15.566 pacientes com queimaduras graves. Entre os homens tratados com albumina, o odds ratio para o risco de morte foi 20,58 (intervalo de confiança IC 95% 11,28-37,54) para queimaduras moderadas e 6,24 (IC 5,22-7,45) para queimaduras graves. Entre as mulheres, esse risco foi de 40,97 para queimaduras moderadas (IC 21,71-77,30) e 7,35 para queimaduras graves (IC 5,99-9,01). A força da associação entre o uso de albumina e o risco de morte foi mantida para as outras características estudadas, com significância estatística. CONCLUSÃO: O uso de albumina entre pacientes com queimaduras moderadas e graves foi associado a aumento considerável da mortalidade.

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Biografia do Autor

Gilson Caleman, Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

MD, MSc, PhD. Full professor, Faculdade de Medicina de Marília (Famema), Marília, São Paulo, Brazil.

José Fausto de Morais, Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

MD, MSc, PhD. Full professor, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, Minas Gerais, Brazil.

Maria Eduarda dos Santos Puga, Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

MSc. Research assistant, Brazilian Cochrane Center, São Paulo, Brazil.

Rachel Riera, Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

MD, MSc. Attending physician in the Department of Emergency and Evidence-Based Medicine, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), and research assistant in the Brazilian Cochrane Center, São Paulo, Brazil.

Álvaro Nagib Atallah, Faculdade de Medicina de Marília and Universidade Federal de São Paulo

MD, PhD. Full professor in the Department of Emergency and Evidence-Based Medicine, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), and Director of the Brazilian Cochrane Center, São Paulo, Brazil.

Referências

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Publicado

2010-09-09

Como Citar

1.
Caleman G, Morais JF de, Puga ME dos S, Riera R, Atallah Álvaro N. Uso de albumina como fator de risco para mortalidade intra-hospitalar em pacientes portadores de queimaduras no Brasil: coorte histórica não concorrente. Sao Paulo Med J [Internet]. 9º de setembro de 2010 [citado 16º de outubro de 2025];128(5):289-95. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1820

Edição

Seção

Artigo Original