Tentativa de suicídio com metanol puro em paciente admitido precocemente após a ingestão

relato de caso

Autores

  • Fábio Bucaretchi Poison Control Center School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas
  • Eduardo Mello De Capitani Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas
  • Paulo Roberto de Madureira Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas
  • Danielle Menezes Cesconetto Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas
  • Rafael Lanaro Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas
  • Ronan José Vieira Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave:

Metanol, Tentativa de suicídio, Intoxicação, Etanol, Hemodiálise

Resumo

CONTEXTO: A maioria dos pacientes intoxicados por metanol se apresenta um a vários dias após a ingestão, com acidose grave e/ou alterações visuais, sendo rara a admissão com menos de seis horas da exposição. Descrevemos uma tentativa de suicídio com metanol puro admitido três horas após a ingestão. RELATO DE CASO: Homem de 52 anos, admitido três horas após ingestão intencional de 150 ml de metanol 99,9% sem co-ingestão de etanol. Ele estava alerta e cooperativo, apresentando náuseas, vertigem e relatando seis episódios de vômitos. Sem achados relevantes no exame físico. Foi coletada amostra sanguínea para determinação dos níveis séricos de metanol e etanol em quatro horas, com resultado liberado em 10 horas, mostrando metanol = 70 mg/dl e etanol não detectável. O paciente foi tratado com uma dose de ataque intravenosa (IV) de etanol 10% de 7 ml/kg, seguida por uma dose de manutenção de 0,9-1,0 ml/kg/h IV de 10 a 51 horas; hemodiálise (19 a 27 horas), recebendo, nesse período, 2,1 ml/kg/h de etanol 10% IV e oito doses de ácido folínico IV (50 mg cada 6 horas, de 4 a 51 horas). Desenvolveu acidose metabólica leve/moderada, sem acidemia, sendo liberado no quarto dia de internação após avaliação oftalmológica e realização de tomografia computadorizada cerebral, sem alterações. Acompanhamento não revelou sequelas. CONCLUSÃO: O presente caso pode ser classificado como uma intoxicação potencialmente grave por metanol, considerando a quantidade e a concentração ingerida e o nível sérico de metanol obtido em quatro horas. A boa evolução pode ser atribuída ao intervalo entre a exposição e a admissão hospitalar, e o tratamento específico com o antídoto e a hemodiálise, respectivamente iniciados em 10 e 19 horas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fábio Bucaretchi, Poison Control Center School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Assistant professor, Department of Pediatrics, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Eduardo Mello De Capitani, Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Assistant professor, Department of Internal Medicine, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Paulo Roberto de Madureira, Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Assistant professor, Department of Preventive and Social Medicine, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Danielle Menezes Cesconetto, Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

Medical student, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Rafael Lanaro, Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

MSc. Pharmacist, Toxicology Laboratory, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Ronan José Vieira, Poisoning Control Center, School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Assistant professor, Department of Internal Medicine, Poison Control Center (Centro de Controle de Intoxicações, CCI), School of Medical Sciences, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo, Brazil.

Referências

Barceloux DG, Bond GR, Krenzelok EP, Cooper H, Vale JA; American Academy of Clinical Toxicology Ad Hoc Committee on the Treatment Guidelines for Methanol Poisoning. American Academy of Clinical Toxicology practice guidelines on the treatment of methanol poisoning. J Toxicol Clin Toxicol. 2002;40(4):415-46.

Paasma R, Hovda KE, Tikkerberi A, Jacobsen D. Methanol mass poisoning in Estonia: outbre- ak in 154 patients. Clin Toxicol (Phila). 2007;45(2):152-7.

Kostic MA, Dart RC. Rethinking the toxic methanol level. J Toxicol Clin Toxicol. 2003;41(6):793- 800.

Brent J, McMartin K, Phillips S, Aaron C, Kulig K; Methylpyrazole for Toxic Alcohols Study Group. Fomepizole for the treatment of methanol poisoning. N Engl J Med. 2001;344(6):424-9.

Liu JJ, Daya MR, Mann NC. Methanol-related deaths in Ontario. J Toxicol Clin Toxicol. 1999;37(1):69-73.

Downloads

Publicado

2009-03-03

Como Citar

1.
Bucaretchi F, Capitani EMD, Madureira PR de, Cesconetto DM, Lanaro R, Vieira RJ. Tentativa de suicídio com metanol puro em paciente admitido precocemente após a ingestão: relato de caso. Sao Paulo Med J [Internet]. 3º de março de 2009 [citado 16º de outubro de 2025];127(2):108-10. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1856

Edição

Seção

Relato de Caso