Proteína C-reativa não é um marcador útil de infecção em unidade de terapia intensiva cirúrgica

Autores

  • Domingos Dias Cicarelli Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Joaquim Edson Vieira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Fábio Ely Martins Benseñor Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Choque séptico, Proteína C-reativa, Síndrome de resposta inflamatória sistêmica, Insuficiência de múltiplos órgãos, Lactatos

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A proteína C reativa (PCR) é muito usada como marcador de estados inflamatórios e na identificação precoce de infecção. Este estudo teve como proposta investigar a PCR como marcadora de infecção em pacientes em choque séptico no período pós-operatório. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo prospectivo, monocêntrico, desenvolvido numa unidade de terapia intensiva pós-operatória do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. MÉTODOS: Foram avaliados 54 pacientes no pós-operatório, sendo 29 deles com choque séptico (grupo SS) e 25 com síndrome da resposta inflamatória sistêmica (grupo SI). Todos os pacientes foram acompanhados durante sete dias pelo escore SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) e com dosagens diárias de PCR e lactato. RESULTADOS: As dosagens de PCR não diferiram entre os grupos. Não foi observada correlação entre dosagem de PCR e lactato ou escore SOFA nos grupos estudados. Observamos que as concentrações plasmáticas de PCR estavam elevadas em quase todos os pacientes avaliados. Os pacientes no pós-operatório apresentam estado inflamatório em resposta à agressão cirúrgica, sendo este fato capaz de explicar as dosagens de PCR elevadas, independentemente de o paciente estar ou não infectado. CONCLUSÕES: Este estudo não evidenciou correlação entre PCR e infecção nos pacientes com síndrome da resposta inflamatória sistêmica e choque séptico no período pós-operatório precoce.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Domingos Dias Cicarelli, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Attending anesthesiologist, Intensive Care Unit, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas da Faculdade (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Joaquim Edson Vieira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Attending anesthesiologist, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Fábio Ely Martins Benseñor, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Attending anesthesiologist, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas (HC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, Brazil.

Referências

Cicarelli DD, Benseñor FE, Vieira JE. Effects of single dose of dexamethasone on patients with systemic inflammatory response. Sao Paulo Med J. 2006;124(2):90-5.

Luzzani A, Polati E, Dorizzi R, Rungatscher A, Pavan R, Merlini A. Comparison of procalcitonin and C-reactive protein as markers of sepsis. Crit Care Med. 2003;31(6):1737-41.

Enguix A, Rey C, Concha A, Medina A, Coto D, Diéguez MA. Comparison of procalcitonin with C-reactive protein and serum amyloid for the early diagnosis of bacterial sepsis in critically ill neonates and children. Intensive Care Med. 2001;27(1):211-5.

Cicarelli LM, Perroni AG, Zugaib M, de Albuquerque PB, Campa A. Maternal and cord blood levels of serum amyloid A, C-reactive protein, tumor necrosis factor-alpha, interleukin-1beta, and interleukin-8 during and after delivery. Mediators Inflamm. 2005;2005(2):96-100.

Castelli GP, Pognani C, Cita M, Stuani A, Sgarbi L, Paladini R. Procalcitonin, C-reactive pro- tein, white blood cells and SOFA score in ICU: diagnosis and monitoring of sepsis. Minerva Anestesiol. 2006;72(1-2):69-80.

Meisner M, Tschaikowsky K, Hutzler A, Schick C, Schüttler J. Postoperative plasma concentrations of procalcitonin after different types of surgery. Intensive Care Med. 1998;24(7):680-4.

Levy MM, Fink MP, Marshall JC, et al. 2001 SCCM/ESICM/ACCP/ATS/SIS International Sep- sis Definitions Conference. Intensive Care Med. 2003;29(4):530-8.

Reade MC, Young JD. Consent for observational studies in critical care: time to open Pandora’s Box. Anaesthesia. 2003;58(1):1-3.

Reny JL, Vuagnat A, Ract C, Benoit MO, Safar M, Fagon JY. Diagnosis and follow-up of infec- tions in intensive care patients: value of C-reactive protein compared with other clinical and biological variables. Crit Care Med. 2002;30(3):529-35.

Lobo SM, Lobo FR, Bota DP, et al. C-reactive protein levels correlate with mortality and organ failure in critically ill patients. Chest. 2003;123(6):2043-9.

Marshall JC, Vincent JL, Fink MP, et al. Measures, markers, and mediators: toward a staging system for clinical sepsis. A report of the Fifth Toronto Sepsis Roundtable, Toronto, Ontario, Canada, October 25-26, 2000. Crit Care Med. 2003;31(5):1560-7.

Hulley SB, Cummings SR. Designing clinical research: an epidemiologic approach. 1st ed. Philadelphia: Williams & Wilkins; 1988.

Okino AM, Bürger C, Cardoso JR, Lavado EL, Lotufo PA, Campa A. The acute-phase proteins serum amyloid A and C reactive protein in transudates and exudates. Mediators Inflamm. 2006;2006(1);47297.

Kosuge M, Ebina T, Ishikawa T, et al. Serum amyloid A is a better predictor of clinical outco- mes than C-reactive protein in non-ST-segment elevation acute coronary syndromes. Circ J. 2007;71(2):186-90.

Suprin E, Camus C, Gacouin A, et al. Procalcitonin: a valuable indicator of infection in a medical ICU? Intensive Care Med. 2000;26(9):1232-8.

Gabay C, Kushner I. Acute-phase proteins and other systemic responses to inflammation. N Engl J Med. 1999;340(6):448-54.

Ugarte H, Silva E, Mercan D, De Mendonça A, Vincent JL. Procalcitonin used as a marker of infection in the intensive care unit. Crit Care Med. 1999;27(3):498-504.

Ventetuolo CE, Levy MM. Biomarkers: diagnosis and risk assessment in sepsis. Clin Chest Med. 2008;29(4):591-603, vii.

Castelli GP, Pognani C, Meisner M, Stuani A, Bellomi D, Sgarbi L. Procalcitonin and C-reactive protein during systemic inflammatory response syndrome, sepsis and organ dysfunction. Crit Care. 2004;8(4):R234-42.

Cicarelli DD, Vieira JE, Benseñor FE. Comparison of C-reactive protein and serum amyloid a protein in septic shock patients. Mediators Inflamm. 2008;2008:631414.

Downloads

Publicado

2009-11-11

Como Citar

1.
Cicarelli DD, Vieira JE, Benseñor FEM. Proteína C-reativa não é um marcador útil de infecção em unidade de terapia intensiva cirúrgica. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2009 [citado 10º de março de 2025];127(6):350-4. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1928

Edição

Seção

Artigo Original