Adenocarcinoma bem diferenciado de próstata na biópsia pode estar associado a doença extraprostática

Autores

  • José Cury Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Rafael Ferreira Coelho Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Miguel Srougi Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Próstata, Câncer de próstata, Neoplasias prostáticas, Patologia, Patologia cirúrgica

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A determinação acurada do escore de Gleason nas biópsias prostáticas é fundamental para seleção do tratamento adequado para o câncer de próstata, especialmente em relação aos tumores bem diferenciados (Gleason 2 a 4), para os quais a abordagem terapêutica pode ser mais conservadora. O objetivo deste trabalho foi avaliar a correlação entre o escore de Gleason 2 a 4 na biópsia de próstata com o estádio patológico final após a prostatectomia radical. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo retrospectivo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Foram revisados os prontuários médicos de 120 pacientes submetidos a prostatectomia radical retropúbica para tratamento de câncer de próstata localizado em nossa instituição entre dezembro de 2001 e julho de 2006. Trinta e dois destes pacientes apresentavam diagnóstico de câncer de próstata bem-diferenciado na biópsia prostática com agulha e foram incluídos no estudo. Os resultados das biópsias de próstata com agulha foram comparados com o estadiamento patológico final dos espécimes cirúrgicos obtidos com a prostatectomia radical. RESULTADOS: 16 de 32 pacientes (50%) apresentaram câncer de próstata moderadamente diferenciado (escore de Gleason 5 a 7) na avaliação do espécime cirúrgico. 18 de 32 pacientes (56%) apresentavam acometimento da cápsula prostática pelo tumor, sendo que 10 (31%) destes pacientes apresentavam, em associação, envolvimento de órgãos adjacentes. Avaliando os 16 pacientes que mantiveram escore de Gleason 2 a 4 no estadiamento patológico da peça cirúrgica, 11 (68,7%) destes pacientes apresentavam invasão focal da cápsula prostática e 5 (31,25%) pacientes apresentavam doença confinada à próstata. CONCLUSÃO: Tumores bem diferenciados da próstata na biópsia com agulha (escore de Gleason 2 a 4) não são preditivos de doença órgão-confinada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Cury, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Assistant professor in the Department of Urology, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, Brazil.

Rafael Ferreira Coelho, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Resident in the Department of Urology, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, Brazil.

Miguel Srougi, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Professor and chairman of the Department of Urology, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, Brazil.

Referências

Murphy GP, Whitmore WF Jr. A report of the workshops on the current status of the histologic grading of prostate cancer. Cancer. 1979;44(4):1490-4.

Murphy GP, Busch C, Abrahamsson PA, et al. Histopathology of localized prostate cancer. Consensus Conference on Diag- nosis and Prognostic Parameters in Localized Prostate Cancer. Stockholm, Sweden, May 12-13, 1993. Scand J Urol Nephrol Suppl. 1994;162:7-42; discussion 115-27.

D’Amico AV, Desjardin A, Chung A, et al. Assessment of outcome prediction models for patients with localized prostate carcinoma managed with radical prostatectomy or external beam radiation therapy. Cancer. 1998;82(10):1887-96.

Olumi AF, Richie JP, Schultz DJ, D’Amico AV. Calculated volume of prostate cancer identifies patients with clinical stage T1C disease at high risk biochemical recurrence after radical prostatectomy: a preliminary study. Urology. 2000;56(2):273-7.

Egevad L, Norlén BJ, Norberg M. The value of multiple core biopsies for predicting the Gleason score of prostate cancer. BJU Int. 2001;88(7):716-21

Fleshner NE, Cookson MS, Soloway SM, Fair WR. Repeat tran- srectal ultrasound-guided prostate biopsy: a strategy to improve the reliability of needle biopsy grading in patients with well-dif- ferentiated prostate cancer. Urology. 1998;52(4):659-62.

Epstein JI. Gleason score 2-4 adenocarcinoma of the prostate on needle biopsy: a diagnosis that should not be made. Am J Surg Pathol. 2000;24(4):477-8.

Cury J, Srougi M, Leite KRM, Lopes LHC, Carneiro PC. Cor- relação entre a graduação histológica de biópsias e do espécimen cirúrgico em câncer da próstata. [Correlation between histologic biopsy grading and radical prostatectomy specimen in prostate cancer]. Rev Col Bras Cir. 1999;26(1):21-5.

Thickman D, Speers WC, Philpott PJ, Shapiro H. Effect of the number of core biopsies of the prostate on predicting Gleason score of prostate cancer. J Urol. 1996;156(1):110-3.

Garnett JE, Oyasu R, Grayhack JT. The accuracy of diagnostic biopsy specimens in predicting tumor grades by Gleason’s classification of radical prostatectomy specimens. J Urol. 1984;131(4):690-3.

Cookson MS, Fleshner NE, Soloway SM, Fair WR. Cor- relation between Gleason score of needle biopsy and radical prostatectomy specimen: accuracy and clinical implications. J Urol. 1997;157(2):559-62.

Bostwick DG. Gleason grading of prostatic needle biopsies. Correlation with grade in 316 matched prostatectomies. Am J Surg Pathol. 1994;18(8):796-803.

Danziger M, Shevchuk M, Antonescu C, Matthews GJ, Fracchia JA. Predictive accuracy of transrectal ultrasound- guided prostate biopsy: correlations to matched prostatectomy specimens. Urology. 1997;49(6):863-7.

Paulson DF. Impact of radical prostatectomy in the management of clinical localized disease. J Urol. 1994;152(5 Pt 2):1826-30.

Fukagai T, Namiki T, Namiki H, Carlile RG, Shimada M, Yoshida H. Discrepancies between Gleason scores of needle biopsy and radical prostatectomy specimens. Pathol Int. 2001;51(5):364-70.

Mills SE, Fowler JE Jr. Gleason histologic grading of prostatic carcinoma. Correlations between biopsy and prostatectomy specimens. Cancer. 1986;57(2):346-9.

Spires SE, Cibull ML, Wood DP Jr, Miller S, Spires SM, Banks ER. Gleason histologic grading in prostatic carcinoma. Correla- tion of 18-gauge core biopsy with prostatectomy. Arch Pathol Lab Med. 1994;118(7):705-8.

Steinberg DM, Sauvageot J, Piantadosi S, Epstein JI. Correlation of prostate needle biopsy and radical prostatectomy Gleason grade in academic and community settings. Am J Surg Pathol. 1997;21(5):566-76.

Carlson GD, Calvanese CB, Kahane H, Epstein JI. Accuracy of biopsy Gleason scores from a large uropathology laboratory: use of a diagnostic protocol to minimize observer variability. Urology. 1998;51(4):525-9.

Eble JN, Sauter G, Epstein JI, Sesterhenn IA. WHO Classification of tumours: pathology and genetics of tumours of the urinary system and male genital organs. Lyon: IARC Press; 2004.

Poulos CK, Daggy JK, Cheng L. Preoperative prediction of Gleason grade in radical prostatectomy specimens: the influence of different Gleason grades from multiple positive biopsy sites. Mod Pathol. 2005;18(2):228-34.

Allsbrook WC Jr, Mangold KA, Johnson MH, Lane RB, Lane CG, Epstein JI. Interobserver reproducibility of Gleason grad- ing of prostatic carcinoma: general pathologist. Hum Pathol. 2001;32(1):81-8.

de las Morenas A, Siroky MB, Merriam J, Stilmant MM. Prostatic adenocarcinoma: reproducibility and correlation with clinical stages of four grading systems. Hum Pathol. 1988;19(5):595-7.

Ruijter E, van Leenders G, Miller G, Debruyne F, van de Kaa C. Errors in histological grading by prostatic needle bi- opsy specimens: frequency and predisposing factors. J Pathol. 2000;192(2):229-33.

di Loreto C, Fitzpatrick B, Underhill S, et al. Correlation between visual clues, objective architectural features, and interobserver agreement in prostate cancer. Am J Clin Pathol. 1991;96(1):70-5.

McLean M, Srigley J, Banerjee D, Warde P, Hao Y. Interobserver variation in prostate cancer Gleason scoring: are there implica- tions for the design of clinical trials and treatment strategies? Clin Oncol (R Coll Radiol). 1997;9(4):222-5.

Kronz JD, Silberman MA, Allsbrook WC, Epstein JI. A web- based tutorial improves practicing pathologists’ Gleason grading of images of prostate carcinoma specimens obtained by needle biopsy: validation of a new medical education paradigm. Cancer. 2000;89(8):1818-23.

Partin AW, Kattan MW, Subong EN, et al. Combination of prostate-specific antigen, clinical stage, and Gleason score to predict pathological stage of localized prostate cancer. A multi- institutional update. JAMA. 1997;277(18):1445-51.

Kattan MW, Eastham JA, Stapleton AM, Wheeler TM, Scardino PT. A preoperative nomogram for disease recurrence following radical prostatectomy for prostate cancer. J Natl Cancer Inst. 1998;90(10):766-71.

San Francisco IF, Regan MM, Olumi AF, DeWolf WC. Percent of cores positive for cancer is a better preoperative predictor of cancer recurrence after radical prostatectomy than prostate specific antigen. J Urol. 2004;171(4):1492-9.

Downloads

Publicado

2008-03-03

Como Citar

1.
Cury J, Coelho RF, Srougi M. Adenocarcinoma bem diferenciado de próstata na biópsia pode estar associado a doença extraprostática. Sao Paulo Med J [Internet]. 3º de março de 2008 [citado 10º de março de 2025];126(2):119-22. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/1952

Edição

Seção

Artigo Original