Gordura corporal central e resistência à insulina em adolescentes obesos pós-púberes

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A resistência à insulina é uma desordem metabólica, comumente associada ao acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode aumentar o risco de doenças crônicas. O objetivo foi avaliar a relação entre a composição corporal e a resistência à insulina em adolescentes obesos. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal, realizado no Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, Departamento de Pediatria, Universidade Federal de São Paulo. MÉTODOS: Realizou-se avaliação da composição corporal, avaliação do consumo alimentar e avaliação bioquímica (dosagem de glicose, insulina, colesterol total e frações, leptina e grelina). A resistência à insulina (RI) foi calculada pelo HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance). RESULTADOS: 49 adolescentes obesos [12 meninos e 37 meninas; idade média de 16.6 (1.4) anos; média de índice de massa corpórea (IMC) 35.0 (3.9) kg/m2] participaram do estudo. A concentração média de glicose, insulina e HOMA-IR foram de 90.3 (6.4) mg/dl, 16.6 (8.1) µUI/ml e 3.7 (1.9), respectivamente. Hiperinsulinemia e RI foram observadas em 40,2% e 57,1% dos adolescentes, meninos e meninas, respectivamente. Adolescentes com RI apresentaram maior IMC e gordura do tronco. A concentração de leptina apresentou tendência a ser maior nestes indivíduos. A RI foi positivamente correlacionada com a gordura do tronco, IMC, massa adiposa (kg), leptina e percentual de gordura corporal. Além disso, houve correlação negativa entre HOMA-IR com a massa magra. A composição corporal foi capaz de predizer 30% do HOMA-IR segundo os modelos de regressão linear. CONCLUSÃO: A gordura do tronco foi significativamente associada com a resistência à insulina, demonstrando a importância clínica da obesidade abdominal durante a adolescência.