Tratamento precoce com dexametasona em pacientes com choque séptico

ensaio clínico prospectivo e aleatório

Autores

  • Domingos Dias Cicarelli Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Joaquim Edson Vieira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Fábio Ely Martins Benseñor Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Infecção, Choque séptico, Sepse, Glucocorticóides, Dexametasona

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: Sepse e choque séptico são doenças muito comuns em pacientes gravemente enfermos, evoluindo muitas vezes com síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMO) e morte. A proposta do trabalho foi investigar a efi cácia da administração precoce de dexametasona a estes pacientes, tentando evitar a progressão do choque séptico para SDMO e morte. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo prospectivo, aleatório, duplamente encoberto, monocêntrico, realizado na Unidade de Terapia Intensiva pós-operatória do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. MÉTODOS: Foram estudados 29 pacientes com choque séptico. Os participantes foram aleatoriamente divididos em dois grupos que receberam 0,2 mg/kg de dexametasona (grupo D) ou placebo (grupo P), repetidas a cada 36 horas. Os pacientes foram acompanhados durante sete dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva através do escore SOFA (Sequential Organ Failure Assessment). RESULTADOS: Os pacientes que receberam dexametasona necessitaram de menos tempo de tratamento com vasopressores durante o período de sete dias (p = 0,043). A mortalidade em sete dias no grupo P foi de 67% (10 em 15) e no grupo D foi de 21% (3 em 14) (risco relativo = 0.31, intervalo de confi ança 95% 0.11-0.88). CONCLUSÃO: O tratamento precoce com dexametasona dos pacientes com choque séptico reduziu a mortalidade em sete dias de acompanhamento e mostrou tendência de redução da mortalidade em 28 dias.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Domingos Dias Cicarelli, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. Attending Physician, Anesthesiology in Intensive Care Unit, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), São Paulo, Brazil.

Joaquim Edson Vieira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Attending Physician, Anesthesiology, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), São Paulo, Brazil.

Fábio Ely Martins Benseñor, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Attending Physician, Anesthesiology, Anesthesia Division, Department of Surgery, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), São Paulo, Brazil.

Referências

Hotchkiss RS, Karl IE. The pathophysiology and treatment of sepsis. N Engl J Med. 2003;348(2):138-50.

Christman JW, Lancaster LH, Blackwell TS. Nuclear factor kappa B: a pivotal role in the systemic inflammatory response syndrome and new target for therapy. Intensive Care Med. 1998;24(11):1131-8.

Scheinman RI, Cogswell PC, Lofquist AK, Baldwin AS Jr. Role of transcriptional activation of I kappa B alpha in mediation of immuno- suppression by glucocorticoids. Science. 1995;270(5234):283-6.

Briegel J, Forst H, Haller M, et al. Stress doses of hydrocortisone reverse hyperdynamic septic shock: a prospective, randomized, dou- ble-blind, single-center study. Crit Care Med. 1999;27(4):723-32.

Meduri GU, Headley AS, Golden E, et al. Effect of prolonged methylprednisolone therapy in unresolving acute respira- tory distress syndrome: a randomized controlled trial. JAMA. 1998;280(2):159-65.

Carlet J; International Sepsis Forum. Immunological therapy in sepsis: currently available. Intensive Care Med. 2001;27 (Suppl 1):S93-103.

Cicarelli DD, Benseñor FE, Vieira JE. Effects of single dose of dexamethasone on patients with systemic inflammatory response. Sao Paulo Med J. 2006;124(2):90-5.

Schimmer BP, Parker KL. Adrenocorticotropic hormone; adreno- cortical steroids and their synthetic analogs; inhibitors of the synthesis and actions of adrenocortical hormones. In: Hardman JG, Limbird LE, Molinoff PB, Ruddon RW, Gilman AG, editors. Goodman and Gilman’s the pharmacological basis of therapeutics. 9th ed. New York: McGraw-Hill; 1996. p. 1459-85.

Reade MC, Young JD. Consent for observational studies in critical care: time to open Pandora’s Box. Anaesthesia. 2003;58(1):1-3.

Cook R, Cook D, Tilley J, Lee K, Marshall J; Canadian Critical Care Trials Group. Multiple organ dysfunction: baseline and se- rial component scores. Crit Care Med. 2001;29(11):2046-50.

Vincent JL, Moreno R, Takala J, et al. The SOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment) score to describe organ dysfunc- tion/failure. On behalf of the Working Group on Sepsis-Related Problems of the European Society of Intensive Care Medicine. Intensive Care Med. 1996;22(7):707-10.

Vincent JL, de Mendonça A, Cantraine F, et al. Use of the SOFA score to assess the incidence of organ dysfunction/failure in intensive care units: results of a multicenter, prospective study. Working group on “sepsis-related problems” of the European Society of Intensive Care Medicine. Crit Care Med. 1998;26(11):1793-800.

Pettilä V, Pettilä M, Sarna S, Voutilainen P, Takkunen O. Comparison of multiple organ dysfunction scores in the predic- tion of hospital mortality in the critically ill. Crit Care Med. 2002;30(8):1705-11.

Póvoa P, Almeida E, Moreira P, et al. C-reactive protein as an indicator of sepsis. Intensive Care Med. 1998;24(10):1052-6.

Hollenberg SM, Ahrens TS, Annane D, et al. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients: 2004 update. Crit Care Med. 2004;32(9):1928-48.

Greenberg RS, Daniels SR, Flanders WD, Eley JW, Boring JR. Medical epidemiology. 3rd ed. New York: McGraw-Hill; 2001.

MacLaren R, Jung R. Stress-dose corticosteroids therapy for sepsis and acute lung injury or acute respiratory distress syndrome in critically ill adults. Pharmacotherapy. 2002;22(9):1140-56.

Manglik S, Flores E, Lubarsky L, Fernandez F, Chhibber VL, Tayek JA. Glucocorticoid insufficiency in patients who present to the hospital with severe sepsis: a prospective clinical trial. Crit Care Med. 2003;31(6):1668-75.

Abraham E, Evans T. Corticosteroids and septic shock. JAMA. 2002;288(7):886-7.

Annane D, Sébille V, Charpentier C, et al. Effect of treatment with low doses of hydrocortisone and fludrocortisone on mortality in patients with septic shock. JAMA. 2002;288(7):862-71.

Matot I, Sprung CL. Corticosteroids in septic shock: resurrection of the last rites? Crit Care Med. 1998;26(4):627-30.

Meduri GU, Kanangat S. Glucocorticoid treatment of sepsis and acute respiratory distress syndrome: time for a critical reappraisal. Crit Care Med. 1998;26(4):630-3.

Thompson BT. Glucocorticoids and acute lung injury. Crit Care Med. 2003;31(4 Suppl):S253-7.

Martin GS, Bernard GR; International Sepsis Forum. Airway and lung in sepsis. Intensive Care Med. 2001;27(Suppl 1):S63-79.

Downloads

Publicado

2007-07-07

Como Citar

1.
Cicarelli DD, Vieira JE, Benseñor FEM. Tratamento precoce com dexametasona em pacientes com choque séptico: ensaio clínico prospectivo e aleatório. Sao Paulo Med J [Internet]. 7º de julho de 2007 [citado 17º de março de 2025];125(4):237-41. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2129

Edição

Seção

Artigo Original