Colelitíase e lama biliar em pacientes com síndrome de Down

Autores

  • Márcia Cristina Bastos Boëchat Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz
  • Kátia Silveira da Silva Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz
  • Juan Clinton Llerena Júnior Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz
  • Paulo Roberto Mafra Boëchat Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz

Palavras-chave:

Síndrome de Down, Vesícula biliar, Litíase, Colecistite, Colecistectomia

Resumo

OBJETIVO: Demonstrar prevalência, características clínicas e evolução de litíase e lama biliar em pacientes com síndrome de Down (SD) num hospital materno-infantil no Rio de Janeiro. Apesar de estudos revelarem aumento das anormalidades biliares em pacientes com SD em alguns países, no Brasil existe apenas um trabalho abordando o tema. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal seguido por um estudo de coorte retrospectivo de todos os indivíduos com diagnóstico ultra-sonográfico de anormalidades da vesícula biliar. MÉTODOS: Foram selecionados 547 pacientes com SD (53,2% sexo masculino, 46,8% feminino) atendidos no Instituto Fernandes Figueira, Fundação Instituto Oswaldo Cruz (IFF-Fiocruz) em 2001. Todos os pacientes incluídos neste estudo foram submetidos a ultra-sonografia abdominal quando tinham idades variando entre um dia e três anos (mediana cinco meses). Dados clínicos e ultra-sonográficos foram avaliados. RESULTADOS: Em 50 (9,1%) crianças, a ultra-sonografia demonstrou alteração da vesícula biliar (6,9% litíase e 2,2 % lama biliar). Houve resolução espontânea em 66,7% dos pacientes com lama biliar e em 28,9% dos pacientes com litíase. A colecistectomia foi realizada em 26,3% dos pacientes com cálculo biliar. CONCLUSÃO: Resultados deste estudo e a comparação com a literatura sugerem que a SD deve ser consi- derada como fator de risco para desenvolvimento de litíase e lama biliar em crianças, sobretudo no período neonatal, sem que existam outros fatores predisponentes para formação de cálculo biliar. Na maioria das vezes, estas alterações são assintomáticas e, freqüentemente, têm evolução favorável, permanecendo desta forma ou tendo resolução espontânea. Pacientes devem ser acompanhados com ultra-sonografias seriadas. Tratamento cirúrgico está indicado para casos sintomáticos ou na presença de colecistite.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Márcia Cristina Bastos Boëchat, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz

MD. Pediatric radiologist, Radiology Service, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Kátia Silveira da Silva, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz

PhD. Epidemiologist, Epidemiology Group, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Juan Clinton Llerena Júnior, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz

PhD. Geneticist, Department of Medical Genetics, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Paulo Roberto Mafra Boëchat, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz

MD. Pediatric surgeon, Department of Pediatric Surgery, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Referências

Palasciano G, Portincasa P, Vinciguerra V, et al. Gallstone prevalence and gallbladder volume in children and adolescents: an epidemiological ultrasonographic survey and relationship to body mass index. Am J Gastroenterol. 1989;84(11):1378-82.

Reif S, Sloven DG, Lebenthal E. Gallstones in children. Char- acterization by age, etiology, and outcome. Am J Dis Child. 1991;145(1):105-8.

Ruibal Francisco J, Aleo Luján E, Alvarez Mingote A, Piñero Martínez E, Gómez Casares R. Colelitiasis en la infancia. Análisis de 24 pacientes y revisión de 123 casos publicados en España. [Childhood cholelithiasis. Analysis of 24 patients diagnosed in our department and review of 123 cases published in Spain]. An Esp Pediatr. 2001;54(2):120-5.

Holcomb GW 3rd. Laparoscopic cholecystectomy. Semin Pediatr Surg. 1993;2(3):159-67.

Kumar R, Nguyen K, Shun A. Gallstones and common bile duct calculi in infancy and childhood. Aust N Z J Surg. 2000;70(3):188-91.

Wesdorp I, Bosman D, de Graaff A, Aronson D, van der Blij F, Taminiau J. Clinical presentations and predisposing factors of cholelithiasis and sludge in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2000;31(4):411-17.

Toscano E, Trivellini V, Andria G. Cholelithiasis in Down’s syndrome. Arch Dis Child. 2001;85(3):242-3.

Bor O, Dinleyici EC, Kebapci M, Aydogdu SD. Ceftriaxone- associated biliary sludge and pseudocholelithiasis during child- hood: a prospective study. Pediatr Int. 2004;46(3):322-4.

Lobe TE. Cholelithiaisis and cholecystitis in children. Semin Pediatr Surg. 2000;9(4):170-6.

Palanduz A, Yalçin I, Tonguç E, et al. Sonographic assessment of ceftriaxone-associated biliary pseudolithiasis in children. J Clin Ultrasound. 2000;28(4):166-8.

Rescorla FJ. Cholelithiasis, cholecystitis, and common bile duct stones. Curr Opin Pediatr. 1997;9(3):276-82.

Aughton DJ, Gibson P, Cacciarelli A. Cholelithiasis in infants with Down syndrome. Three cases and literature review. Clin Pediatr (Phila). 1992;31(11):650-2.

Aynaci FM, Erduran E, Mocan H, Okten A, Sarpkaya AO. Cholelithiasis in infants with Down syndrome: report of two cases. Acta Paediatr. 1995;84(6):711-2.

Elías Pollina J, Garate J, Martin Bejarano E, et al. Colelitiasis en la infancia. Propuestas de un estudio multicéntrico. [Cholelithi- asis in childhood. Proposals based on a multicentric study]. Cir Pediatr. 1992;5(2):96-100.

Llerena JC Jr, Boy R, Barbosa Neto J, et al. Abdominal ultrasound scan in Down syndrome patients: high frequency of nonsymptomatic biliary tract disease. Am J Med Genet. 1993;46(5):612.

Hanbidge AE, Buckler PM, O’Malley ME, Wilson SR. From the RSNA refresher courses: imaging evaluation for acute pain in the right upper quadrant. Radiographics. 2004;24(4):1117-35.

Hayden KC Jr, Swischuk LE. Liver and biliary tract. In: Hayden KC Jr, Swischuk LE, editors. Pediatric ultrasonography. Balti- more: Williams & Wilkins; 1987. p. 186-93.

Siegel MJ. Liver and biliary tract. In: Siegel MJ, editor. Pediatric sonography. 1st edition. New York: Raven Press Ltd.; 1991. p. 154-7.

Yang HL, Li ZZ, Sun YG. Reliability of ultrasonography in diagno- sis of biliary lithiasis. Chin Med J (Engl). 1990;103(8):638-41.

Debray D, Pariente D, Gauthier F, Myara A, Bernard O. Cholelithiasis in infancy: a study of 40 cases. J Pediatr. 1993;122(3):385-91.

St-Vil D, Yazbeck S, Luks FI, Hancock BJ, Filiatrault D, Youssef S. Cholelithiasis in newborns and infants. J Pediatr Surg. 1992;27(10):1305-7.

Buchin PJ, Levy JS, Schullinger JN. Down’s syndrome and gastrointestinal tract. J Clin Gastroenterol. 1986;8(2):111-4.

Bocconi L, Nava S, Fogliani R, Nicolini U. Trisomy 21 is as- sociated with hypercholesterolemia during intrauterine life. Am J Obstet Gynecol. 1997;176(3):540-3.

Horovitz DD, de Mattos RA, Llerena JC Jr. Medical genetic services in the state of Rio de Janeiro, Brazil. Community Genet. 2004;7(2-3):111-6.

Bailey PV, Connors RH, Tracy TF Jr, Sotelo-Avila C, Lewis JE, Weber TR. Changing spectrum of cholelithiasis and cholecystitis in infants and children. Am J Surg. 1989;158(6):585-8.

Downloads

Publicado

2007-11-11

Como Citar

1.
Boëchat MCB, Silva KS da, Llerena Júnior JC, Boëchat PRM. Colelitíase e lama biliar em pacientes com síndrome de Down. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2007 [citado 19º de março de 2025];125(6):329-32. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2190

Edição

Seção

Artigo Original