Comparação entre o teste de tolerância a 100 g de glicose e dois outros testes de rastreamento do diabete gestacional

combinação da glicemia de jejum com análise dos fatores de risco e teste de tolerância a 50 g de glicose

Autores

  • Wilson Ayach Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Roberto Antonio Araújo Costa Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Iracema de Mattos Paranhos Calderon Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Marilza Vieira Cunha Rudge Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Palavras-chave:

Glicemia, Diabetes gestacional, Teste de tolerância a glucose, Hiperglicemia, Diabetes melito

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: A falta de consenso sobre os protocolos de rastreamento e diagnóstico do diabetes gestacional, associada às dificuldades na realização do teste oral simplificado do diabete gestacional (o teste de tolerância a 100 g de glicose, considerado padrão-ouro) justificam a comparação com alternativas. O objetivo deste trabalho é comparar o teste padrão-ouro a dois testes de rastreamento: associação de glicemia de jejum e fatores de risco (GJ + FR) e o teste oral simplificado de tolerância a 50 g de glicose (TTG 50 g), com o teste de tolerância a 100 g de glicose (TTG 100 g). TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte longitudinal, prospectivo, realizado no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. MÉTODOS: 341 gestantes foram submetidas aos três testes. Calcularam-se os índices de sensibilidade (S), especificidade (E), valores preditivos (VPP e VPN), razões de probabilidade (RPP e RPN) e resultados falsos (FP e FN), positivos e negativos da associação GJ + FR e do TTG 50 g em relação ao TTG 100 g. Compararam-se as médias das glicemias de uma hora pós-sobrecarga (1hPS) com 50 e 100 g. Na análise estatística, empregou-se o teste t de Student, com limite de significância de 5%. RESULTADOS: A associação GJ + FR encaminhou mais gestantes (53,9%) para a confirmação diagnóstica que o TTG 50 g (14,4%). Os dois testes foram equivalentes nos índices de S (86,4 e 76,9%), VPN (98,7 e 98,9%), RPN (0,3 e 0,27) e FN (15,4 e 23,1%). As médias das glicemias 1hPS foram semelhantes, 106,8 mg/dl para o TTG 50 g e 107,5 mg/dl para o TTG 100 g. CONCLUSÕES: Os resultados da eficiência diagnóstica associados à simplicidade, praticabilidade e custo referendaram a associação GJ + FR como o mais adequado para o rastreamento. A equivalência das glicemias de 1hPS permitiram a proposição de um novo protocolo de rastreamento e diagnóstico do diabete gestacional, com menores custo e desconforto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Wilson Ayach, Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

MD, PhD. Department of Gynecology and Obstetrics, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil.

Roberto Antonio Araújo Costa, Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

MD. Postgraduate student in the Department of Gynecology and Obstetrics, Faculdade de Medicina de Botucatu, Botucatu, São Paulo, Brazil.

Iracema de Mattos Paranhos Calderon, Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

MD, PhD. Department of Gynecology and Obstetrics, Faculdade de Medicina de Botucatu, Botucatu, São Paulo, Brazil

Marilza Vieira Cunha Rudge, Faculdade de Medicina de Botucatu and Hospital Universitário, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

MD, PhD. Department of Gynecology and Obstetrics, Faculdade de Medicina de Botucatu, Botucatu, São Paulo, Brazil.

Referências

American Diabetes Association. Gestational diabetes mellitus. Definition, detection, and diagnosis. Diabetes Care. 2002;25: S94–S96. Available at: http://care.diabetesjournals.org/cgi/content/full/25/suppl_1/s94. Accessed in 2005 (Sep 13).

Oh W. Neonatal cone and long-term outcome on infants of diabetic mothers. In: Merkatz IR, Adam PAJ, editors. The diabetic pregnancy: a perinatal perspective. New York: Grune Statton; 1979. p. 195-205.

Rudge MVC, Calderon IMP, Ramos MD, Maestá I, Souza LMS, Peraçoli JC. Perspectiva perinatal decorrente do rígido controle pré- natal em gestações complicadas pelo diabete. [Perinatal perspective resulting from rigid prenatal control in pregnancies complicated by diabetes]. Rev Bras Ginecol Obstet. 1995;17(1):26-32.

Rudge MV, Calderon IM, Ramos MD, Abbade JF, Rugolo LM. Perinatal outcome of pregnancies complicated by diabetes and by maternal daily hyperglycemia not related to diabetes. A retrospective 10-year analysis. Gynecol Obstet Invest. 2000;50(2):108-12.

Coustan DR. Rastreamento e Testes para Diabetes Melito Gestacional. In: Reece EA, editor. Diabetes na Gravidez. Clínicas Obstétricas e Ginecológicas da América do Norte. Interlivros; 1996. p. 250-65.

Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH. Epidemiologia Clínica: Elementos essenciais. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 1996.

Jekel JF, Katz DL, Elmore JG,. Epidemiologia, Bioestatística e Medicina Preventiva. 1a ed. Porto Alegre: Artmed; 1999.

Riegelman RK. Studying a Study and Testing a Test: How to read the medical evidence. 4th ed. Washington: Lippincott Williams & Wilkins; 1999.

O’Sullivan JB, Mahan CM. Criteria for the Oral Glucose Toler- ance Test in Pregnancy. Diabetes. 1964;13:278-85.

Langer O, Anyaegbunam A, Brustman L, Divon M. Manage- ment of women with one abnormal oral glucose tolerance test value reduces adverse outcome in pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 1989;161(3):593-9.

WHO Expert Committee on Diabetes Mellitus: second report. World Health Organ Tech Rep Ser. 1980;646:1-80.

Gillmer MD, Beard RW, Brooke FM, Oakley NW. Carbohydrate metabolism in pregnancy. Part I. Diurnal plasma glucose profile in normal and diabetic women. Br Med J. 1975;3(5980):399-402.

Carbohydrate metabolism in pregnancy. Part II. Relation between maternal glucose tolerance and glucose metabolism in the newborn. Br Med J. 1975;3(5980):402-4.

Deerochanawong C, Putiyanun C, Wongsuryrat M, Serirat S, Jinayon P. Comparison of National Diabetes Data Group and World Health Organization criteria for detecting gestational diabetes mellitus. Diabetologia. 1996;39(9):1070-3.

Khan KS, Syed AH, Hashmi FA, Rizvi JH. Relationship of fetal macrosomia to a 75g glucose challenge test in nondiabetic pregnant women. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 1994;34(1):24-7.

Gillmer MD, Oakley NW, Beard RW, Nithyananthan R, Cawston M. Screening for diabetes during pregnancy. Br J Obstet Gynaecol. 1980;87(5):377-82.

Rudge MVC, De Luca LA. Diabete e Gravidez. Femina. 1981;9:463-7.

Rudge MVC, Calderon IMP, Ramos MD, Brasil MAM, Peraçoli JC. Comparação de dois métodos de rastreamento do diabetes na gestação. [Gestational diabetes investigated by comparison of two screening methods]. Rev Bras Ginecol Obstet. 1994;16(6):203-5.

Greenberg LR, Moore TR, Murphy H. Gestational diabetes mellitus: antenatal variables as predictors of postpartum glucose intolerance. Obstet Gynecol. 1995;86(1):97-101.

Gaudier FL, Hauth JC, Poist M, Corbett D, Cliver SP. Recurrence of gestational diabetes mellitus. Obstet Gynecol. 1992;80(5):755-8.

O’Sullivan JB, Mahan CM, Charles D, Dandrow RV. Screening criteria for high-risk gestational diabetic patients. Am J Obstet Gynecol. 1973;116(7):895-900.

Ministério da Saúde. Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos. 3a ed. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde — SPS/Ministério da Saúde. Available from URL: http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pre_natal.pdf. Accessed in: 2005 (Sep 13).

Fonseca JS, Martins GA. Amostragem. In: Martins GA, Fonseca JS. editores. Curso de estatística. 6a ed. São Paulo: Atlas; 1996. p. 177-85.

Cooper GR. Methods for determining the amount of glucose in blood. CRC Crit Rev Clin Lab Sci. 1973;4(2):101–45.

Honório AC, Calderon IMP, Ramos MD, Rudge MVC. Repercussões placentárias decorrentes da hiperglicemia materna, induzida por sensibilização do pâncreas à aloxana e pelo teste de sobrecarga à glicose (TTG). [Placental alterations in maternal hyperglycemia induced by sensibilization by alloxan and the answer of pancreas to the glycose tolerance test (GTT)]. Rev Ginecol Obstet. 1995;6(1):23-8.

Downloads

Publicado

2006-01-01

Como Citar

1.
Ayach W, Costa RAA, Calderon I de MP, Rudge MVC. Comparação entre o teste de tolerância a 100 g de glicose e dois outros testes de rastreamento do diabete gestacional: combinação da glicemia de jejum com análise dos fatores de risco e teste de tolerância a 50 g de glicose. Sao Paulo Med J [Internet]. 1º de janeiro de 2006 [citado 14º de março de 2025];124(1):4-9. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2205

Edição

Seção

Artigo Original