Visão de fumantes sobre seu hábito e sobre as causas de sua doença após o diagnóstico de câncer de pulmão
um estudo clínico qualitativo
Palavras-chave:
Neoplasias pulmonares, Adaptação psicológica, Pesquisa qualitativa, Tabagismo, TabacoResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: O câncer de pulmão é o mais comum dos tumores malignos, apresentando aumento de 2% ao ano em sua incidência mundial. Em 90% dos casos diagnosticados, está associado ao consumo de derivados de tabaco. No Brasil, é o câncer que mais faz vítimas fatais. É crucial aos médicos conhecer as representações psicológicas desses pacientes para preconizar tratamentos e educá-los. O objetivo deste trabalho é interpretar significados que fumantes com câncer de pulmão atribuem a possíveis causas da doença, bem como compreender percepções relacionadas ao uso do cigarro. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Desenho clínico-qualitativo (exploratório, não-experimental) realizado no Serviço de Pneumologia do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Amostra propositalmente pequena de pacientes internados com câncer; grupo fechado com 11 sujeitos quando ocorrida a saturação de informações das entrevistas. Entrevista semidirigida de questões abertas (entrevista em profundidade na observação acurada dos entrevistados) contendo poucos tópicos foi aplicada em ambiente confidencial, usando gravador de fita cassete. Após categorização do conjunto das falas, usando análise qualitativa de conteúdo, a discussão dos resultados empregou conceitos teóricos interdisciplinares, especialmente da psicologia médica. RESULTADOS: Entrevistamos seis homens e cinco mulheres, com idades variando entre 46 e 68 anos; sujeitos apresentando condições clínicas diversas. CONCLUSÃO: A compreensão psicológica desses pacientes exige uma abordagem mais ampla, considerando que o consumo de cigarros envolve motivações conscientes e inconscientes, fatores socioculturais e educacionais, glamourosa propaganda do tabaco e problemas de dependência físico-psíquica. Também evitaria o surgimento de figuras percebidas pelos pacientes como “inquisidores” dentre a equipe de saúde. Estas novas condições levariam à maior adesão ao tratamento e melhor qualidade de vida.
Downloads
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de pulmão. Available from URL: http://www.inca.gov. br/conteudo_view.asp?id=340. Accessed in 2006 (Feb 3).
American Cancer Society (ACS). Detailed guide: lung cancer. What are the key statistics for lung cancer? Available from URL: http://www.cancer.org/docroot/CRI/content/ CRI_2_4_1X_What_are_the_key_statistics_for_lung_can- cer_26.asp?sitearea=. Accessed in 2006 (Feb 3).
Cooley ME, Kaiser LR, Abrahm JL, Giarelli E. The silent epidemic: tobacco and the evolution of lung cancer and its treatment. Cancer Invest. 2001;19(7):739-51.
Zabora J, Brintzenhofeszoc K, Curbow B, Hooker C, Pianta- dosi S. The prevalence of psychological distress by cancer site. Psychooncology. 2001;10(1):19-28.
Sarna L, Brown JK, Cooley ME, et al. Quality of life and mean- ing of illness of women with lung cancer. Oncol Nurs Forum. 2005;32(1):E9-19.
Kahana LM. Living with lung cancer: the other side of the desk. Chest. 2000;118(3):840-2.
Murray SA, Kendall M, Boyd K, Worth A, Benton TF. Explor- ing the spiritual needs of people dying of lung cancer or heart failure: a prospective qualitative interview study of patients and their carers. Palliat Med. 2004;18(1):39-45.
O’Driscoll M, Corner J, Bailey C. The experience of breathlessness in lung cancer. Eur J Cancer Care (Engl). 1999;8(1):37-43.
Ekfors H, Petersson K. A qualitative study of the experiences during radiotherapy of Swedish patients suffering from lung cancer. Oncol Nurs Forum. 2004;31(2):329-34.
Hopwood P, Stephens RJ. Depression in patients with lung cancer: prevalence and risk factors derived from quality-of-life data. J Clin Oncol. 2000;18(4):893-903.
Montazeri A, Gillis CR, McEwen J. Quality of life in patients with lung cancer: a review of literature from 1970 to 1995. Chest. 1998;113(2):467-81.
Chapple A, Ziebland S, McPherson A. Stigma, shame, and blame experienced by patients with lung cancer: qualitative study. BMJ. 2004;328(7454):1470.
Denzin NK, Lincoln YS. The SAGE handbook of qualitative research. 3rd ed. Thousand Oaks: Sage Publications; 2005.
Greenhalgh T, Taylor R. Papers that go beyond numbers (qualita- tive research). BMJ. 1997;315(7110):740-3.
Turato ER. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-quali- tativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2003.
Bleger J. Temas de psicologia: entrevista y grupos. Buenos Aires: Nueva Visión; 1995.
de Figueiredo RM, Turato ER. Needs for assistance and emotional aspects of caregiving reported by AIDS patient caregivers in a day-care unit in Brazil. Issues Ment Health Nurs. 2001;22(6):633-43.
Fontanella BJB, Turato ER. Barreiras na relação clínico-paci- ente em dependentes de substâncias psicoativas procurando tratamento. [Doctor-patient relationship barriers to sub- stance dependents seeking treatment]. Rev Saúde Pública. 2002;36(4):439-47.
Campos CJG, Turato ER. A equipe de saúde, a pessoa com doença renal em hemodiálise e suas relações interpessoais. [The professional health team, the renal patient undergoing hemodi- alysis and interpersonal relationships]. Rev Bras Enfermagem. 2003;56(5):508-12.
Faller H, Schilling S, Lang H. Causal attribution and adaptation among lung cancer patients. J Psychosom Res. 1995;39(5);619-27.
Klein M. Love, guilt and reparation & other works. 1921-1945. New York: Free Press; 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.