Detecção do DNA livre circulante do vírus Epstein-Barr no plasma de pacientes com Doença de Hodgkin

Autores

  • Juliane Garcez Musacchio Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • Maria da Glória da Costa Carvalho Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • José Carlos Oliveira de Morais Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • Nathalie Henriques Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • Adriana Scheliga Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • Sérgio Romano Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer
  • Nelson Spector Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

Palavras-chave:

DNA, Vírus Epstein-Barr, Doença de Hodgkin, Linfoma, Reação em cadeia da polimerase

Resumo

CONTEXTO E OBJETIVO: O DNA do vírus Epstein-Barr (EBV) está freqüentemente presente no sangue periférico de pacientes com doença de Hodgkin. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência deste achado, e correlacioná-lo com a expressão imunoistoquímica da LMP-1 (latent membrane protein 1) e a presença de outros fatores clínicos. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo prospectivo realizado no Serviço de Hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e no Serviço de Oncologia do Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, Brasil. MÉTODOS: Trinta pacientes com doença de Hodgkin recém-diagnosticada foram estudados, assim como um grupo controle composto por 13 indivíduos saudáveis. O DNA do EBV no plasma foi determinado pela reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional. RESULTADOS: A idade mediana foi 28 anos e 16 pacientes eram do sexo feminino. A doença dissemi- nada esteve presente em 19 pacientes e seis eram HIV+. O DNA do EBV foi detectado no plasma de 13 pacientes e um controle (43% versus 8%, p = 0,03). A prevalência do DNA do EBV foi maior nos pacientes HIV+ (100% versus 29%, p = 0,0007) e naqueles com doença disseminada (63% versus 9%, p = 0,006). Quando somente os pacientes HIV-negativos foram analisados, a prevalência do DNA do EBV permaneceu maior nos pacientes com doença disseminada. A prevalência do DNA do EBV variou de acordo com o subtipo histológico: foi de 32% nos pacientes com esclerose nodular e de 100% nos pacientes com celularidade mista e depleção linfocítica (p = 0,02). O DNA do EBV foi encontrado em 10/11 pacientes com a expressão da LMP-1 em linfonodos, e em 3/19 pacientes sem a expressão da LMP-1 (coeficiente de kappa = 0,72). CONCLUSÕES: O DNA circulante do EBV foi detectado no plasma de 91% dos pacientes com doença de Hodgkin associada ao EBV, e em todos os pacientes com doença de Hodgkin associada ao HIV. A prevalência do DNA circulante do EBV foi maior nos pacientes com doença avançada, independentemente do status para o HIV.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliane Garcez Musacchio, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD, PhD. Hematology Service, Faculdade de Medicina and Hospital Universitário, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Maria da Glória da Costa Carvalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD, PhD. Biophysics Institute, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

José Carlos Oliveira de Morais, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD, PhD. Pathology Service, Faculdade de Medicina and Hospital Universitário, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Nathalie Henriques Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD, PhD. Biophysics Institute, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Adriana Scheliga, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD. Oncology Service, Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, Brazil.

Sérgio Romano, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD. Pathology Service, Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, Brazil.

Nelson Spector, Universidade Federal do Rio de Janeiro and Instituto Nacional do Câncer

MD, PhD. Hematology Service, Faculdade de Medicina and Hospital Universitário, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.

Referências

Glaser SL, Lin RJ, Stewart SL, et al. Epstein-Barr virus-associated Hodgkin’s disease: epidemiologic characteristics in international data. Int J Cancer. 1999;70(4):375-82.

Weiss LM, Strickler JG, Warnke R, Purtilo DT, Sklar J. Epstein- Barr viral DNA in tissues of Hodgkin’s disease. Am J Pathol. 1987;129(1):86-91.

Huen DS, Henderson SA, Croom-Carter D, Rowe M. The Epstein-Barr virus latent membrane protein-1 (LMP-1) mediates activation of NF-kappa B and cell surface phenotype via two effector regions in its carboxy-terminal cytoplasmic domain. Oncogene. 1995;10(3):549-60.

Anker P, Mulcahy H, Chen XQ, Stroun M. Detection of cir- culating tumour DNA in the blood (plasma/serum) of cancer patients. Cancer Metastasis Rev. 1999;18(1):65-73.

Yamamoto M, Kimura H, Hironaka T, et al. Detection and quantification of virus DNA in plasma of patients with Epstein-Barr virus-associated disease. J Clin Microbiol. 1995;33(7):1765-8.

Lo YM, Chan LY, Chan AT, et al. Quantitative and temporal correlation between circulating cell-free Epstein-Barr virus DNA and tumor recurrence in nasopharyngeal carcinoma. Cancer Res. 1999;59(21):5452-5.

Lei KI, Chan LY, Chan WY, Johnson PJ, Lo YM. Diagnostic and prognostic implications of circulating cell-free Epstein-Barr virus DNA in natural killer/T-cell lymphoma. Clin Cancer Res. 2002;8(1):29-34.

Limaye AP, Huang ML, Atienza EE, Ferrenberg JM, Corey L. Detection of Epstein-Barr virus DNA in sera from transplant recipients with lymphoproliferative disorders. J Clin Microbiol. 1999;37(4):1113-6.

Gallagher A, Armstrong AA, MacKenzie J, et al. Detection of Epstein-Barr virus (EBV) genomes in the serum of pa- tients with EBV-associated Hodgkin’s disease. Int J Cancer. 1999;84(4):442-8.

Lei KI, Chan LY, Chan WY, Johnson PJ, Lo YM. Quantitative analysis of circulating cell-free Epstein-Barr virus (EBV) DNA levels in patients with EBV-associated lymphoid malignancies. Br J Haematol. 2000;111(1):239-46.

Wagner HJ, Schlager F, Claviez A, Bucsky P. Detection of Ep- stein-Barr virus DNA in peripheral blood of paediatric patients with Hodgkin’s disease by real-time polymerase chain reaction. Eur J Cancer. 2001;37(15):1853-7.

Rowe M, Evans HS, Young LS, Hennessy K, Kieff E, Rickinson AB.. Monoclonal antibodies to the latent membrane protein of Epstein-Barr virus reveal heterogeneity of the protein and inducible expression in virus-transformed cells. J Gen Virol. 1987;68(Pt 6):1575-86.

Deacon EM, Matthews JB, Potts AJ, Hamburger J, Bevan IS, Young LS. Detection of Epstein-Barr virus antigens and DNA in major and minor salivary glands using immunocytochem- istry and polymerase chain reaction: possible relationship with Sjogren’s syndrome. J Pathol. 1991;163(4):351-60.

Gulley ML, Glaser SL, Craig FE, et al. Guidelines for interpret- ing EBER in situ hybridization and LMP1 immunohistochemi- cal tests for detecting Epstein-Barr virus in Hodgkin lymphoma. Am J Clin Pathol. 2002;117(2):259-67.

Kornacker M, Jox A, Vockerodt M, et al. Detection of a Hodgkin/Reed-Sternberg cell specific immunoglobulin gene rearrangement in the serum DNA of a patient with Hodgkin’s disease. Br J Haematol. 1999;106(2):528-31.

Audouin J, Diebold J, Pallensen G. Frequent expression of Epstein- Barr virus latent membrane protein-1 in tumour cells of Hodgkin’s disease in HIV-positive patients. J Pathol. 1992;167(4):381-4.

Herndier BG, Sanchez HC, Chang KL, Chen YY, Weiss LM. High prevalence of Epstein-Barr virus in Reed-Sternberg cells of HIV-associated Hodgkin’s disease. Am J Pathol. 1993;142(4):1073-9.

Fan H, Kim SC, Chima CO. Epstein-Barr viral load as a marker of lymphoma in AIDS patients. J Med Virol. 2005;75(1):59-69.

Lo YM, Chan LY, Lo KW, et al. Quantitative analysis of cell-free Epstein-Barr virus DNA in plasma of patients with nasopha- ryngeal carcinoma. Cancer Res. 1999;59(6):1188-91.

Shotelersuk K, Khorprasert C, Sakdikul S, Pornthanakasem W, Voravud N, Mutirangura A. Epstein-Barr virus DNA in serum/plasma as a tumor marker for nasopharyngeal cancer. Clin Cancer Res. 2000;6(3):1046-51.

Wagner HJ, Wessel M, Jabs W, et al. Patients at risk for development of posttransplant lymphoproliferative disorder: plasma versus peripheral blood mononuclear cells as material for quantification of Epstein-Barr viral load using real-time quantitative polymerase chain reaction. Transplantation. 2001;72(6):1012-9.

Lin L, Yang J, Levin L, et al. Viral DNA in serum and plasma of patient with Epstein-Barr (EBV)-associated Hodgkin’s lymphoma may be tumor derived and appears years before diagnosis. In: 44th Annual Meeting of the American Society of Hematology; 2002 Dec 6-10. Philadelphia: American Society of Hematology; 2002. [abstract 753].

Downloads

Publicado

2006-05-05

Como Citar

1.
Musacchio JG, Carvalho M da G da C, Morais JCO de, Silva NH, Scheliga A, Romano S, Spector N. Detecção do DNA livre circulante do vírus Epstein-Barr no plasma de pacientes com Doença de Hodgkin. Sao Paulo Med J [Internet]. 5º de maio de 2006 [citado 10º de março de 2025];124(3):154-7. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2233

Edição

Seção

Artigo Original