Alta prevalência de desnutrição em pacientes com tumores sólidos não-hematológicos medida pelas pregas cutâneas e circunferências
Palavras-chave:
Desnutrição, Avaliação nutricional, Antropometria, Câncer, Criança, AdolescenteResumo
CONTEXTO E OBJETIVO: Em pacientes com câncer, a desnutrição tem múltiplas causas. Medidas antropométricas de peso e estatura são o método mais utilizado para avaliação do estado nutricional. Infelizmente, esse método é limitado em pacientes com câncer, pois o peso inclui o tumor e a relação peso/estatura não leva em conta alterações específicas de tecido magro. O objetivo deste estudo é avaliar diferenças entre medidas antropométricas e de composição corporal em crianças e adolescentes com câncer. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de corte transversal realizado no Instituto de Oncologia Pediátrica, Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Crianças e adolescentes com câncer com idade acima de um ano foram avaliadas de março de 1998 a janeiro de 2000. Medidas antropométricas tradicionais foram coletadas no primeiro mês de tratamento oncológico (terapia de indução) por meio do escore-z de peso para estatura (P/E) nas crianças e índice de massa corpórea (IMC) nos adolescentes. A avaliação da composição corporal foi composta por medidas de prega cutânea triciptal (PCT), circunferência do braço (CB) e circunferência muscular do braço (CMB). Os dados foram analisados comparando-se as prevalências de desnutrição entre os métodos de avaliação nutricional. O teste do qui-quadrado e o grau de associação foram usados para comparar as taxas entre portadores de tumores sólidos e hematológicos. RESULTADOS: 139 pacientes foram avaliados, 127 tinham dados completos para análise. O estudo demonstrou maior percentual de déficit nos portadores de doenças sólidas não-hematológicas pelo P/E ou IMC, CB, e CMB. A análise global também sugere que a PCT (40%) e a CB (35%) demonstraram maior percentual de déficit quando comparadas ao escore-z de P/E ou IMC (19%). CONCLUSÃO: Pacientes com tumores sólidos apresentaram maior prevalência de desnutrição. As medidas de composição corporal por meio da PCT e CB detectaram mais pacientes desnutridos do que o P/E e o IMC.
Downloads
Referências
Mauer AM, Burgess JB, Donaldson SS, et al. Special nutritional needs of children with malignancies: a review. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1990;14(3):315-24.
Garófolo A, Lopez FA. Novos conceitos e propostas na assis- tência nutricional da criança com câncer. [New concepts in the nutritional support in children with cancer]. Rev Paul Pediatr. 2002;20(3):140-6.
Laviano A, Meguid MM, Yang ZJ, Gleason JR, Cangiano C, Rossi Fanelli F. Cracking the riddle of cancer anorexia. Nutrition. 1996;12(10):706-10.
Rossi Fanelli F, Laviano A, Preziosa I, Casciano A, Muscaritoli M, Cangiano C. Tryptophan and secondary anorexia. Adv Exp Med Biol. 1996;398:545-9.
Andrassy RJ, Chwals WJ. Nutritional support of the pediatric oncology patient. Nutrition. 1998;14(1):124-9.
Angus F, Burakoff R. The percutaneous endoscopic gastrostomy tube: medical and ethical issues in placement. Am J Gastroen- terol. 2003;98(2):272-7.
World Health Organization. Management of severe malnutri- tion: a manual for physicians and other senior health workers. Geneva: World Health Organization; 1999. Available from URL: http://www.who.int/nut/documents/manage_severe_mal-nutrition_eng.pdf. Accessed in 2005 (Aug 30).
World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Technical Report Series no. 854. Geneva: World Health Organization; 1995. Available from URL http://www.who.int/bookorders/anglais/detart1.jsp?sesslan=1&codlan=1&codcol=10&codcch=854. Accessed in 2005 (Aug 30).
Frisancho AR. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. 4th ed. Michigan: University of Michigan Press; 1993.
Vieira S. Bioestatística: tópicos avançados. Rio de Janeiro: Campus; 2003.
Sanchez MC, Iraola GA, Gutierrez NA, Altuna MS, Regato JLB. Estudio nutricional en niños oncológicos. An Esp Pediatr. 1992;36(4):277-80.
Schiavetti A, Fornari C, Guidi R, et al. Prevalenza delle alterazioni dello stato nutrizionale in un campione di pa- zienti afferenti a un Day Hospital oncologico pediatrico. [Nutritional status disorders prevalence rates in a sample of pediatric oncology Day Hospital patients]. Minerva Pediatr. 2001;53(3):183-8.
Elhasid R, Laor A, Lischinsky S, Postovsky S, Weyl Ben Arush M. Nutritional status of children with solid tumors. Cancer. 1999;86(1):119-25.
Garófolo A, Lopez FA, Petrilli AS. Acompanhamento do estado nutri- cional de pacientes com osteosarcoma. [Nutritional status follow-up of patients with osteosarcoma]. Acta Oncol Bras. 2002;22(1):233-7.
Caran EM, Oliveira DT, Luis FAV. Síndrome de lise tumoral – guia prático para o Pediatra. Rev Paul Pediatr. 2001;19(2):84-6.
Damiani D, Kuperman H, Dichtchekenian V, Della Manna T, Setian N. Corticoterapia e suas repercussões: a relação custo-benefício. [Repercussions of corticotherapy: the cost- benefit ratio]. Pediatria 2001;(1):71-82. Available from URL: http://pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/506.pdf. Accessed in 2005 (Aug 30).
Windsor JA, Hill GL. Weight loss with physiologic impairment. A basic indicator of surgical risk. Ann Surg. 1988;207(3):290-6.
Taskinen MH, Antikainen M, Saarinen-Pihkala UM. Skeletal muscle protein mass correlates with the lipid status in children with solid tumors and before bone marrow transplantation. Eur J Clin Nutr. 2000;54(3):219-24.
Sarni RS, Garófolo A. Métodos empregados na avaliação da composição corporal. In: Ancona-Lopez F, Sigulem DM, Taddei JAC, editors. Fundamentos da terapia nutricional em pediatria. São Paulo: Sarvier; 2002. p. 19-28.
Brennan BM. Sensitive measures of the nutritional status of children with cancer in hospital and in the field. Int J Cancer Suppl. 1998;11:10-3.
Smith DE, Stevens MC, Booth IW. Malnutrition at diagnosis of malignancy in childhood: common but mostly missed. Eur J Pediatr. 1991;150(5):318-22.
Brennan BM, Gill M, Pennells L, Eden OB, Thomas AG, Clayton PE. Insulin-like growth factor I, IGF binding protein 3, and IGFBP protease activity: relation to anthropometric indices in solid tumours or leukaemia. Arch Dis Child. 1999;80(3):226- 30.
Taskinen M, Saarinen-Pinkala UM. Evaluation of muscle protein mass in children with solid tumors by muscle thickness measure- ment with ultrasonography, as compared with anthropometric methods and visceral protein concentrations. Eur J Clin Nutr. 1998;52(6):402-6.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.