Prevalência de prescrição de medicamentos para pacientes idosos e não-idosos internados em um hospital escola
Palavras-chave:
Idoso, Pacientes internados, Farmacoepidemiologia, Hospitais gerais, EnvelhecimentoResumo
CONTEXTO: As alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento têm sido amplamente documentadas, bem como o freqüente uso simultâneo de vários medicamentos como conseqüência da elevada prevalência de doenças crônicodegenerativas entre os idosos. Conseqüentemente, o risco de reações adversas a medicamentos e de interações medicamentosas aumenta em idosos. Entretanto, poucos estudos têm comparado os padrões de prescrição para diferentes grupos etários de pacientes hospitalizados ou avaliaram os efeitos da idade na prescrição de medicamentos. OBJETIVO: Comparar a prevalência de prescrição de medicamentos para pacientes idosos e não-idosos em um hospital geral universitário a fim de avaliar se existem diferenças relacionadas à idade quanto ao número de medicamentos prescritos, quanto à escolha dos medicamentos e quanto às doses prescritas, bem como a adequação da prescrição para os pacientes idosos. TIPO DE ESTUDO: Estudo observacional, do tipo transversal. LOCAL: Hospital-escola, de complexidade terciária, com 400 leitos. AMOSTRA: Todos os pacientes internados em um dia do mês de junho de 1995, excluindo os internados na Unidade de Terapia Intensiva e dos Departamentos de Psiquiatria, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia. PROCEDIMENTO: Todos os medicamentos prescritos para os pacientes adultos internados nas enfermarias incluídas no estudo foram registrados a partir da folha de prescrição fornecida pela farmácia hospitalar. Os dados demográficos e os diagnósticos de alta foram fornecidos pelo Departamento de Estatística do Hospital. As informações sobre o peso e exames laboratoriais dos pacientes idosos foram obtidas a partir dos prontuários médicos. VARIÁVEIS ESTUDADAS: Características demográficas dos pacientes, diagnósticos de alta, exames laboratoriais (somente para os idosos) e medicamentos prescritos (nome, classe terapêutica, dose média diária). RESULTADOS: Entre os 273 pacientes internados e elegíveis para os estudo, 46,5% encontravam-se na faixa etária de 14-44 anos; 33%, de 45-64 anos e 20,5%, na faixa etária > 64 anos. Neoplasias foram significantemente mais freqüentes entre os pacientes idosos. A média do número de medicamentos prescritos foi de cinco por paciente para os três grupos etários. No conjunto dos pacientes os cinco medicamentos mais prescritos foram: dipirona, ranitidina, dipirona em combinação dose-fixa, metoclopramida e cefazolina. Os pacientes idosos receberam significantemente mais prescrições de insulina, furosemida e enoxaparina. Para a maioria dos medicamentos, a dose média prescrita mostrou que não houve ajuste de dose para os pacientes idosos. Em alguns casos, a escolha de medicamentos para os pacientes idosos foi questionável. CONCLUSÕES: Este estudo transversal avalia de modo simples e pouco dispendioso a exposição a medicamentos em ambiente hospitalar. Embora o processo de envelhecimento modifique a farmacologia de muitos fármacos, não foram observadas alterações nos padrões de prescrição em função da idade.
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