O perímetro braquial e a relação perímetro braquial/perímetro cefálico em recém-nascidos de termo
Palavras-chave:
Perímetro braquial, Medição do perímetro braquial, Cefalometria, Antropometria, Retardo do crescimento fetal, Recém-nascidoResumo
CONTEXTO: O perímetro braquial do recém-nascido está fortemente relacionado ao peso de nascimento e constitui bom indicador de baixo peso e de peso insatisfatório ao nascer. No entanto, há carência de estudos nacionais que forneçam informações acerca da relação perímetro braquial/perímetro cefálico no período neonatal, de modo que essa medida não faz parte da rotina de avaliação do recém-nascido. OBJETIVOS: Estudar a medida do perímetro braquial e a relação perímetro braquial/perímetro cefálico, em uma população de recém-nascidos de termo. TIPO DE ESTUDO: Estudo de corte transversal, realizado entre junho de 1997 e agosto de 1999. LOCAL: Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros. São Paulo e Instituto de Assistência Médica ao Servidor Estadual de São Paulo (IAMSP — SP) PARTICIPANTES: Foram incluídos no estudo 131 recém-nascidos: 66 do sexo masculino e 65 do feminino. PROCEDIMENTOS: Foram incluídos recém-nascidos de mães sadias, no termo, de gestação única, adequados para a idade gestacional, sem malformações graves ou alterações clínicas sugestivas de restrição de crescimento intra-uterino. Os recém-nascidos foram medidos nas primeiras 48 horas de vida e os dados, analisados mediante um nível de significância de 1%. VARIÁVEIS ESTUDADAS: Perímetro braquial, relação perímetro braquial/perímetro cefálico, peso ao nascer, idade gestacional, sexo. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 131 recém-nascidos: 66 do sexo masculino e 65 do feminino. O perímetro braquial apresentou valor médio de 10,76 ± 0,68 no sexo feminino e 10,76 ± 0,81 no sexo masculino. A relação perímetro braquial/perímetro cefálico apresentou valor médio de 0,31 ± 0,02 para ambos os sexos. Não se observou diferença significativa em nenhuma das medidas em relação ao sexo. Os valores do perímetro braquial apresentaram correlação positiva com o peso de nascimento e com a idade gestacional ao passo que a relação perímetro braquial/perímetro cefálico relacionou-se apenas com o peso ao nascer. Foram obtidas curvas de regressão para o perímetro braquial em relação ao peso e à idade gestacional, e para a relação perímetro braquial/perímetro cefálico em relação ao peso de nascimento, apenas. A associação entre o perímetro braquial e a idade gestacional foi melhor representada através de regressão quadrática. CONCLUSÕES: Foram estabelecidos valores de perímetro braquial e da relação perímetro braquial/perímetro cefálico na população estudada. Foi possível obter curvas de regressão para o perímetro braquial em relação tanto ao peso de nascimento quanto à idade gestacional. No entanto, para a relação perímetro braquial/perímetro cefálico, foi possível obter curva de regressão linear apenas em relação ao peso de nascimento. Não se demonstrou diferença entre os sexos para nenhuma das medidas estudadas. Os baixos coeficientes de correlação encontrados, bem como o comportamento das medidas em relação à idade gestacional, sugerem que a utilização de curvas de regressão linear não parece um bom método para predizer os valores do perímetro braquial ou da relação entre o perímetro braquial e o perímetro cefálico, em recém-nascidos de termo.
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