A elevação do tronco e membros inferiores não influencia tempo de permanência na Unidade de Recuperação Pós-Anestésica

Autores

  • Otávio Omati Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Fábio Ely Martins Benseñor Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
  • Joaquim Edson Vieira Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Anestesia, Período de recuperação da anestesia, Modalidades de posição, Decúbito dorsal, Anestesia geral

Resumo

CONTEXTO: A recuperação após anestesia depende de monitorização padronizada e de avaliações individuais. OBJETIVO: Investigar a influência do posicionamento do paciente sobre o tempo de recuperação pós-anestesia geral e regional. TIPO DE ESTUDO: Retrospectivo. LOCAL: Unidade de Recuperação Pós-Anestésica, Hospital das Clínicas de São Paulo. MÉTODOS: Pacientes receberam cuidados de enfermagem sob supervisão de anestesiologista na Unidade de Recuperação Pós-Anestésica quando em posição supina ou com tronco e pernas elevadas em 30 graus a cada 30 minutos. O início da contagem de tempo foi na admissão à unidade e a última medida foi tomada quando paciente recebeu nota 10 na escala de Aldrete-Kroulik. O período de tempo até receber alta foi registrado. RESULTADOS: 442 pacientes recuperaram-se após anestesia geral (n = 274) ou regional (n = 168), posicionados em supino ou com tronco e pernas elevadas. A mediana para resultados não-paramétricos não mostrou diferença no tempo de permanência quando em supino (75 min, n = 229) ou com tronco e pernas elevados (70 min, n = 213, p = 0,729). Pacientes recuperaram mais rapidamente de anestesia regional quando com tronco e pernas elevadas (70 min) do que em supino (84.5 min) embora sem significância estatística (p = 0,097). Não houve diferença na recuperação da anestesia geral em qualquer posição investigada (70 min, p = 0,493). DISCUSSÃO: A elevação das pernas em posição supina pode aumentar o retorno venoso pois a anestesia do neuro-eixo bloqueia o sistema simpático e essa manobra mostrou-se capaz de promover melhor débito cardíaco durante hipovolemia. Os achados deste estudo não comprovam esta hipótese. No entanto, algumas limitações deste estudo se aplicam, como uma coleta retrospectiva, impedindo aleatorização dos grupos de recuperação, bem como a ausência de registro do tempo de exposição aos anestésicos. CONCLUSÕES: Não houve diferença para o tempo de recuperação pós anestesia considerando o posicionamento do paciente.

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Biografia do Autor

Otávio Omati, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD. In-training resident physician, Anesthesiology Training Center, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Fábio Ely Martins Benseñor, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD. Supervisor of post-anesthesia care unit, Anesthesiology Division, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Joaquim Edson Vieira, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

MD, PhD, TSA-SP. Attending physician, Anesthesiology Division, Hospital das Clínicas, and collaborating professor, Internal Medicine Department, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil. Holder of Superior Title in Anesthesiology (TSA-SP), Brazilian Society of Anesthesiology.

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Publicado

2004-09-09

Como Citar

1.
Omati O, Benseñor FEM, Vieira JE. A elevação do tronco e membros inferiores não influencia tempo de permanência na Unidade de Recuperação Pós-Anestésica. Sao Paulo Med J [Internet]. 9º de setembro de 2004 [citado 15º de junho de 2025];122(5):213-6. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2530

Edição

Seção

Artigo Original