Tomografia computadorizada versus avaliação clínica no diagnóstico e tratamento das infecções cervicais profundas

Autores

  • Agricio Nubiato Crespo Universidade Estadual de Campinas
  • Carlos Takahiro Chone Universidade Estadual de Campinas
  • Adriano Santana Fonseca Universidade Estadual de Campinas
  • Maria Carolina Montenegro Universidade Estadual de Campinas
  • Rodrigo Pereira Universidade Estadual de Campinas
  • João Altemani Milani Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave:

Drenagem, Abscesso, Infecção, Pescoço, Tomógrafos computadorizados

Resumo

CONTEXTO: Infecções profundas do pescoço têm um potencial alto para complicações graves e morte, se não corretamente diagnosticadas e tratadas. A diferença entre resultados de avaliação clínica e tomográfica pode demonstrar que a avaliação clínica isolada subestima a extensão de doença, o que pode conduzir a tratamento conservador e a pior prognóstico. OBJETIVO: Comparar achados clínicos à tomografia computadorizada de pescoço em relação aos espaços cervicais envolvidos e determinar as características clínicas e radiológicas principais associadas com infecção de espaço profundo de pescoço. TIPO DE ESTUDO: Estudo retrospectivo não randomizado. LOCAL: Departamento de Otorrinolaringologia – Cabeça e Pescoço, Universidade Estatal de Campinas, Brasil, um centro universitário, terciário. MÉTODOS: Foi avaliado prontuário médico de 65 pacientes com infecções profundas de pescoço. Foram analisados idade, gênero, queixas clínicas, exames físicos, resultados de raios-x e tomografia computadorizada, microbiologia, tratamento e resultados. Foram avaliados os sinais clínicos e sintomas, estratificados em ordem de freqüência. A freqüência de espaços cervicais profundos envolvidos nesta infecção também foram avaliados clínico e tomograficamente. Todos resultados clínicos e tomográficos foram comparados com a observação cirúrgica em relação aos espaços cervicais afetados por infecção. RESULTADOS: Os resultados clínicos mais freqüentes foram inchaço cervical, dor local, eritema cutâneo local e aumento localizado de temperatura. O local mais afetado de acordo com a avaliação física foi o triângulo de submandibular (49,2%), mas, à tomografia computadorizada cervical, foi o espaço látero-faríngeo (65%). Mais de um espaço cervical profundo foi acometido, de acordo com a tomografia computadorizada cervical, em 90% dos pacientes, como demonstrado pela extensão do edema e aumento de captação de tecidos moles, e em geral apenas um espaço à avaliação clínica isolada. DISCUSSÃO: Os sintomas clínicos mais freqüentes das infecções cervicais profundas foram dor cervical, aumento de volume cervical e febre. Sinais importantes da tomografia computadorizada, para avaliação desta infecção, foram aumento de captação de contraste em tecidos moles do pescoço e edema. O espaço profundo do pescoço mais afetado pela infecção foi o laterofaríngeo, pela tomografia computadorizada do pescoço. O espaço submandibular foi o mais freqüente, ao exame físico, mas foi o segundo mais freqüente, de acordo com a tomografia computadorizada do pescoço, uma vez que o láterofaríngeo é um espaço difícil de ser examinado. Este exame é o mais importante para avaliação correta dos espaços cervicais envolvidos para a sua correta drenagem cirúrgica. CONCLUSÕES: Os achados clínicos mais freqüentes foram massa cervical, dor de pescoço, eritema de pele local e aumento de temperatura local. Avaliação com tomografia computadorizada cervical, demonstrou o espaço láterofaríngeo como o espaço cervical mais afetado. Mais de um espaço profundo de pescoço esteve acometido em 90% dos pacientes à tomografia computadorizada cervical. Avaliação clínica subestima a extensão de infecção profunda do pescoço em 70% de pacientes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Agricio Nubiato Crespo, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Department of Otolaryngology and Head and Neck, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

Carlos Takahiro Chone, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Department of Otolaryngology and Head and Neck, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

Adriano Santana Fonseca, Universidade Estadual de Campinas

MD. Department of Otolaryngology and Head and Neck, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

Maria Carolina Montenegro, Universidade Estadual de Campinas

MD. Department of Otolaryngology and Head and Neck, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

Rodrigo Pereira, Universidade Estadual de Campinas

MD. Department of Otolaryngology and Head and Neck, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

João Altemani Milani, Universidade Estadual de Campinas

MD, PhD. Department of Radiology, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brazil.

Referências

Chen MK, Wen YS, Chang CC, Huang MT, Hsiao HC. Predispos- ing factors of life-threatening deep neck infection: logistic regression analysis of 214 cases. J Otolaryngol. 1998;27(3):141-4.

Wang LF, Kuo WR, Tsai SM, Huang KJ. Characterizations of life- threatening deep cervical space infections: a review of one hundred ninety-six cases. Am J Otolaryngol. 2003;24(2):111-7.

Parhiscar A, Har-El G. Deep neck abscess: a retrospective review of 210 cases. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2001;110(11):1051-4.

Bielamowicz SA, Storper IS, Jabour BA, Lufkin RB, Hanafee WN. Spaces and triangles of the head and neck. Head Neck. 1994;16(4):383-8.

Fradis M, Goldsher M, David JB, Podoshin L. Life-threatening deep cervical abscess after infiltration of the tonsillar bed for tonsillectomy. Ear Nose Throat J. 1998;77(5):418-21.

Manecke GR, Marghoob S, Finzel KC, Madoff DC, Quijano IH, Poppers PJ. Catastrophic caudad spread of a peritonsillar abscess: a case report. Anesthesiology. 1999;91(6):1956-8.

Thorp MA, Carrie S. Neck abscess: an unusual presentation of a thoracic malignancy. J Laryngol Otol. 1998;112(9):891-2.

Gawrychowski J, Rokicki W, Rokicki M. Martwicze zstepujace zapalenie sródpiersia--przebieg i metody leczenia chirurgicznego. [Descending necrotic mediastinitis - course and methods of surgi- cal treatment]. Pneumonol Alergol Pol. 2003;71(1-2):17-23.

Pinto A, Scaglione M, Giovine S, Lassandro F, Gagliardi N, Romano L, Grassi R. Regarding three cases of descending necrotizing mediastinitis: spiral CT assessment. Radiol Med (Turin). 2003;105(4):291-5.

Wang LF, Kuo WR, Lin CS, Lee KW, Huang KJ. Space infection of the head and neck. Kaohsiung J Med Sci. 2002;18(8):386-92.

Karnath B, Siddiqi A. Acute mediastinal widening. South Med J. 2002;95(10):1222-5.

Dawes LC, Bova R, Carter P. Retropharyngeal abscess in chil- dren. ANZ J Surg. 2002;72(6):417-20.

Matsuda A, Tanaka H, Kanaya T, Kamata K, Hasegawa M. Peritonsillar abscess: a study of 724 cases in Japan. Ear Nose Throat J. 2002;81(6):384-9.

Tan PT, Chang LY, Huang YC, Chiu CH, Wang CR, Lin TY. Deep neck infections in children. J Microbiol Immunol Infect. 2001;34(4):287-92.

Papalia E, Rena O, Oliaro A, et al. Descending necrotizing mediastinitis: surgical management. Eur J Cardiothorac Surg. 2001;20(4):739-42.

De Bast Y, Appoloni O, Firket C, Capello M, Rocmans P, Vincent JL. Angine de Ludwig. [Ludwig’s angina]. Rev Med Brux. 2000;21(3):137-41.

Jovic R, Vlaski L, Komazec Z, Canji K. Rezultati lecenja dubokih apscesa i flegmona vrata. [Results of treatment of deep neck abscesses and phlegmons]. Med Pregl. 1999;52(9-10):402-8.

Iyoda A, Yusa T, Fujisawa T, Mabashi T, Hiroshima K, Ohwada H. Descending necrotizing mediastinitis: report of a case. Surg Today. 1999;29(11):1209-12.

Karkanevatos A, Beasley NJ, Swift AC. Acute non-tuberculous retropharyngeal abscess in an adult. A case report and review of the literature. J Laryngol Otol. 1997;111(2):169-71.

Lee KC, Tami TA, Echavez M, Wildes TO. Deep neck infections in patients at risk for acquired immunodeficiency syndrome. Laryngoscope. 1990;100(9):915-9.

Pak MW, Chan KL, van Hasselt CA. Retropharyngeal abscess. A rare presentation of nasopharyngeal carcinoma. J Laryngol Otol. 1999;113(1):70-2.

Westmore GA. Cervical abscess: a life-threatening complication of infectious mononucleosis. J Laryngol Otol. 1990;104(4):358-9.

Asmar BI. Bacteriology of retropharyngeal abscess in children. Pediatr Infect Dis J. 1990;9(8):595-7.

Simo R, Hartley C, Rapado F, Zarod AP, Sanyal D, Rothera MP. Microbiology and antibiotic treatment of head and neck abscesses in children. Clin Otolaryngol. 1998;23(2):164-8.

Takoudes TG, Haddad J. Retropharyngeal abscess and Epstein- Barr virus infection in children. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1998;107(12):1072-5.

Westblom TU, Gudipati S. Salmonella neck abscesses. Clin Infect Dis. 1997;25(5):1256-7.

Marioni G, Bottin R, Tregnaghi A, Boninsegna M, Staffieri A. Craniocervical necrotizing fasciitis secondary to parotid gland abscess. Acta Otolaryngol. 2003;123(6):737-40.

Morales-Angulo C, Bezós Capelastegui JT, García Mantilla J, Carrera Herrero F, Pía Roiz M. Abscesos de cabeza y cuello. [Head and neck abscesses]. An Otorrinolaringol Ibero Am. 2001;28(6):613-20.

Goldenberg D, Golz A, Netzer A, Flax-Goldenberg R, Joachims HZ. Synergistic necrotizing cellulitis as a complication of peritonsillar abscess. Am J Otolaryngol. 2001;22(6):415-9.

Skitarelic N, Mladina R, Matulic Z, Kovacic M. Necrotizing fasciitis after peritonsillar abscess in an immunocompetent patient. J Laryngol Otol. 1999;113(8):759-61.

Brook I. Diagnosis and management of anaerobic infections of the head and neck. Ann Otol Rhinol Laryngol Suppl. 1992;155:9-15.

Nagy M, Pizzuto M, Backstrom J, Brodsky L. Deep neck infec- tions in children: a new approach to diagnosis and treatment. Laryngoscope. 1997;107(12 Pt 1):1627-34.

Brodsky L, Belles W, Brody A, Squire R, Stanievich J, Volk M.Needle aspiration of neck abscesses in children. Clin Pediatr (Phila). 1992;31(2):71-6.

McClay JE, Murray AD, Booth T. Intravenous antibiotic therapy for deep neck abscesses defined by computed tomography. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2003;129(11):1207-12.

Craig FW, Schunk JE. Retropharyngeal abscess in children: clinical presentation, utility of imaging, and current manage- ment. Pediatrics. 2003;111(6 Pt 1):1394-8.

Vural C, Gungor A, Comerci S. Accuracy of computerized tomography in deep neck infections in the pediatric population. Am J Otolaryngol. 2003;24(3):143-8.

Goldenberg D, Golz A, Netzer A, Flax-Goldenberg R, Joachims HZ. Synergistic necrotizing cellulitis as a complication of peritonsillar abscess. Am J Otolaryngol. 2001;22(6):415-9.

Eliashar R, Sichel JY, Gomori JM, Saah D, Elidan J. Role of com- puted tomography scan in the diagnosis and treatment of deep neck infections in children. Laryngoscope. 1999;109(5):844.

Thompson JW, Cohen SR, Reddix P. Retropharyngeal abscess in children: a retrospective and historical analysis. Laryngoscope. 1988;98(6 Pt 1):589-92.

Yeoh LH, Singh SD, Rogers JH. Retropharyngeal abscesses in children’s hospital. J Laryngol Otol. 1985;99(6):555-66.

Peterson LJ. Oropharyngeal infections. In: Cummings CW, Fredrickson JM, Harker LA, Krause CJ, Schuller DE, editors. Otolaryngology - Head and Neck Surgery. St Louis: CV Mosby; 1986. p. 1213-30.

Nusbaum AO, Som PM, Rothschild MA, Shugar JM. Recur- rence of a deep neck infection: a clinical indication of an underlying congenital lesion. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1999;125(12):1379-82.

Elden LM, Grundfast KM, Vezina G. Accuracy and usefulness of radiographic assessment of cervical neck infections in children. J Otolaryngol. 2001;30(2):82-9.

Boucher C, Dorion D, Fisch C. Retropharyngeal ab- scesses: a clinical and radiologic correlation. J Otolaryngol. 1999;28(3):134-7.

Udaka T, Fujiyoshi T, Yoshida M, Makishima K, Habu H. [A case of cervical necrotizing soft tissue infection]. Nippon Jibiinkoka Gakkai Kaiho. 2003;106(9):884-7.

Han JK, Kerschner JE. Streptococcus milleri: an organism for head and neck infections and abscess. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2001;127(6):650-4.

Fujiyoshi T, Okasaka T, Yoshida M, Makishima K. [Clinical and bacteriological significance of the Streptococcus milleri group in deep neck abscesses]. Nippon Jibiinkoka Gakkai Kaiho. 2001;104(2):147-56.

Downloads

Publicado

2004-11-11

Como Citar

1.
Crespo AN, Chone CT, Fonseca AS, Montenegro MC, Pereira R, Milani JA. Tomografia computadorizada versus avaliação clínica no diagnóstico e tratamento das infecções cervicais profundas. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2004 [citado 16º de outubro de 2025];122(6):259-63. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2556

Edição

Seção

Artigo Original