Primeiro levantamento domiciliar sobre o abuso de drogas no Estado de São Paulo – Brasil, 1999

principais resultados

Autores

  • José Carlos Fernandes Galduróz Universidade Federal de São Paulo
  • Ana Regina Noto Universidade Federal de São Paulo
  • Solange Aparecida Nappo Universidade Federal de São Paulo
  • Elisaldo Luiz de Araújo Carlini Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

Drogas ilícitas, Alcoolismo, Abuso de maconha, Projetos de pesquisa epidemiológica

Resumo

CONTEXTO: Para se estabelecerem programas preventivos sobre o abuso de drogas numa determinada população é necessário antes fazer um diagnóstico da situação por meio de estudos epidemiológicos. OBJETIVO: Este estudo buscou detectar, na população geral, a prevalência do uso de drogas ilegais, de álcool e tabaco e de medicamentos de psicotrópicos, podendo-se estimar o número de pessoas dependentes em álcool e nicotina e avaliar a percepção delas em relação à facilidade de obter drogas psicotrópicas. TIPO DE ESTUDO: Pesquisa epidemiológica LOCAL: Todas as 24 cidades do Estado de São Paulo com mais de 200 mil habitantes. MÉTODO: A amostra foi estratificada em conglomerados, probabilística, obtida por duas fases de seleção. Em cada município pesquisado, foram sorteados setores censitários (geralmente consistindo em 200 a 300 residências) na primeira fase, em seguida as casas e os respondentes. O questionário usado foi o SAMHSA (Abuso de Substância e Administração de Serviços de Saúde Mental) do Departamento Norte-americano de Serviço de Saúde Pública, que foi traduzido e adaptado para as condições brasileiras. RESULTADOS: Um total de 2.411 pessoas foi entrevistado, das quais 39,9% eram homens e todos os participantes estavam na faixa de idade de 12 a 65 anos. Uso na vida de qualquer droga, além de álcool e tabaco, foi de 11,6%, muito menos que nos Estados Unidos (34,8%). Em relação às estimativas de dependentes de álcool, a porcentagem foi de aproximadamente 6%, uma porcentagem semelhante ao observado em estudos de outros países. O uso na vida de maconha foi de 6,6%, muito abaixo que nos Estados Unidos (32%). O uso na vida de inalantes, de 2,7%, foi cerca de 10 vezes menor que no Reino Unido (20%). O uso na vida de cocaína (2,1%) foi aproximadamente cinco vezes menor que nos Estados Unidos (10,6%). Não houve nenhum relato de uso de heroína, embora a percepção da população em relação à facilidade de obter a heroína foi surpreendentemente alta: 38,3%. CONCLUSÃO: Este estudo apresenta subsídios para a implementação de programas de prevenção adequados à situação de abuso de droga no estado de São Paulo.

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Biografia do Autor

José Carlos Fernandes Galduróz, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Researcher at the Brazilian Center for Information on Psychotropic Drugs, Department of Psychobiology, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Ana Regina Noto, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Researcher at the Brazilian Center for Information on Psychotropic Drugs, Department of Psychobiology, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Solange Aparecida Nappo, Universidade Federal de São Paulo

PhD. Researcher at the Brazilian Center for Information on Psychotropic Drugs, Department of Psychobiology, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brazil.

Elisaldo Luiz de Araújo Carlini, Universidade Federal de São Paulo

MD, MSc. Professor of Psychopharmacology, Department of Psychobiology, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brazil.

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Publicado

2003-11-11

Como Citar

1.
Galduróz JCF, Noto AR, Nappo SA, Carlini EL de A. Primeiro levantamento domiciliar sobre o abuso de drogas no Estado de São Paulo – Brasil, 1999: principais resultados. Sao Paulo Med J [Internet]. 11º de novembro de 2003 [citado 14º de março de 2025];121(6):231-7. Disponível em: https://periodicosapm.emnuvens.com.br/spmj/article/view/2659

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Artigo Original