Infant mortality due to perinatal causes in Brazil
trends, regional patterns and possible interventions
Palavras-chave:
Mortalidade infantil, Causas perinatais, Pré-natal, Parto, PrevençãoResumo
CONTEXTO: Os coeficientes brasileiros de mortalidade infantil e de crianças abaixo de 5 anos de idade não são compatíveis com o potencial econômico do país. Neste artigo descrevemos os níveis e tendências da mortalidade infantil por causas perinatais e malformações, e avaliamos o possível impacto de modificações de seus determinantes intermediários, através de intervenções diretas do setor saúde ou setores relacionados. MÉTODOS: Duas fontes de dados de mortalidade foram utilizadas: estimativas indiretas de mortalidade baseadas em recenseamentos e inquéritos e coeficientes calculados a partir de registros de óbitos. Esses últimos foram corrigidos para sub-registros. A combinação dessas duas fontes permitiu a estimativa de coeficientes de mortalidade por causas específicas. Dados sobre a cobertura de atenção de saúde foram obtidos da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 1996, assim como de estatísticas do Ministério da Saúde. Realizamos uma ampla revisão da literatura brasileira sobre níveis, tendências e determinantes da mortalidade infantil. As informações contidas em grande número de artigos e livros possibilitaram a análise de fatores de risco e possíveis intervenções. TIPO DE ESTUDO: Artigo de revisão. RESULTADOS: A estimativa indireta do coeficiente de mortalidade infantil para 1995- 97 é de 37.5 mortes por 1.000 nascidos vivos, cerca de 6 vezes mais alta do que a dos países do mundo com os coeficientes mais baixos. Os coeficientes de mortalidade mais elevados são encontrados no Norte-Nordeste, e os mais baixos no Sul-Sudeste; o Centro-Oeste se situa em uma posição intermediária. Uma vez que os inquéritos na região Norte não incluem áreas rurais, os coeficientes de mortalidade infantil dessa região podem estar subestimados. Para todo o país, as causas perinatais são responsáveis por 57% de todas as mortes infantis, e as malformações congênitas são responsáveis por 11.2% dessas mortes. CONCLUSÕES: A primeira prioridade para uma maior redução da mortalidade infantil no Brasil é melhorar a eqüidade entre as regiões, uma vez que o Norte e o Nordeste e, particularmente, as áreas rurais, ainda apresentam coeficientes muito elevados. Reduções subseqüentes da mortalidade infantil vão depender, em grande parte, da redução das mortes devidas a causas perinatais. Melhorias na cobertura e, especialmente, na qualidade da atenção ao pré-natal e ao parto, são necessidades urgentes. Outra intervenção, com um possível impacto importante sobre a mortalidade infantil, é a promoção do planejamento familiar. A melhoria do peso ao nascer poderia levar a uma redução de 8% na mortalidade infantil, mas a eficácia das intervenções disponíveis é muito baixa.
Downloads
Referências
UNICEF. State of the world’s children 2000. New York: UNICEF; 1999.
Mosley WH, Chen LC. An analytical framework for the study of child survival in developing countries. In: Mosley WH, Chen LC. Child survival: strategies for research. Pop Devel Rev 1984:10(suppl):25-48.
UNICEF. Strategy for improved nutrition of children and women in developing countries. A UNICEF Policy Review. New York: UNICEF; 1990.
Trussel J. A re-estimation of the multiplying factors of the Brass technique for determining childhood survivorship rates. Pop Stud 1975;19:3.
Simões CC. Estimativas da mortalidade infantil por microrregiões e municípios. Brasília: Ministério da Saúde (SPS); 1999.
BEMFAM/DHS. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde 1996. Rio: BEMFAM/DHS; 1997.
Ministerio da Saúde. Informações de Saúde. DATASUS (http:// www.datasus.gov.br)
BEMFAM/DHS. Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno- Infantil e Planejamento Familiar, Brazil - 1986. Rio: BEMFAM/ DHS; 1987.
Pan American Health Organization. Health in the Americas 1998 Edition. Washington: PAHO; 1999 (vol. 1).
Ministério da Saúde/UNICEF. A mortalidade perinatal e neonatal no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, UNICEF; 1998.
Tanaka ACA, Siqueira AA, Bafile PN. Situação de saúde ma- terna e perinatal no estado de São Paulo. Rev Saude Publica 1989;23:67-75.
Halpern R, Barros FC, Victora CG, Tomasi E. Atenção pré-natal em Pelotas, RS, 1993. Cad Saude Publica 1998;14:487-92.
Bailey P, Tsui AO, Janowitz B, Dominik R, Araújo L. A study of infant mortality and causes of death in a rural Northeast Brazilian community. J Biosoc Sci 1990;22:349-63.
Gray RH, Ferraz EM, Amorim MS, Melo LF. Levels and determi- nants of early neonatal mortality n Natal, Northeastern Brazil: results of a surveillance and case-control study. Int J Epidemiol 1991;20:467-73.
Menezes AMB, Barros FC, Victora CG, Tomasi E, Halpern R, Oliveira ALB. Fatores de risco para mortalidade perinatal em Pelotas, RS, 1993. Rev Saude Publica 1998;32:209-16.
Barros FC, Victora CG, Vaughan JP, Estanislau HJ. Perinatal mor- tality in Southern Brazil: a population-based study of 7,392 births. Bull World Health Organ 1987;65:95-104.
Rumel D, Costa Filho DC, Aiello S, Koyama SM, Rosenbaum W. Acurácia dos indicadores de risco do Programa de Defesa de Vidas dos Lactentes em região do Estado de São Paulo, Brasil. Rev Saude Publica 1992;26:6-11.
Barros FC, Vaughan JP, Victora CG, Huttly SRA. An epidemic of cesarean sections in Brazil? The influence of tubal ligations and socioeconomic status. Lancet 1991;338:167-9.
Barros FC, Vaughan JP, Victora CG. Why so many cesarean sec- tions? The need for a further policy change in Brazil. Health Policy Plan 1986;1:19-29.
World Health Organization. Appropriate technology for birth. Lancet 1985;2:436-7.
Belizán JM, Althabe F, Barros FC, Alexander S. Rates and impli- cations of cesarean sections in Latin America: ecological study. Brit Med J 1999; 319:1397-402.
Béhague DP, Victora CG, Barros FC. Consumer demand for cesarean section deliveries in Brazil: informed decision-making,patient choice or social inequality? (Submitted for publication).
Souza RKT, Gotlieb SLD. Probabilidade de morrer no primeiro ano de vida em área urbana da região sul, Brasil. Rev Saude Pub- lica 1993;27:445-54.
Horta BL, Barros FC, Halpern R, Victora CG. Baixo peso ao nascer em duas coortes de base populacional no sul do Brasil. Cad Saude Publica 1996;12 (Suppl. 1):27-31.
Victora CG, Grassi PR, Schmidt AM. Situação de saúde da criança gaúcha, 1980-92: tendências temporais e distribuição espacial. Rev Saude Publica 1994; 28:423-32.
Barros FC, Victora CG, Vaughan JP. Causas de mortes perinatais em Pelotas, RS. Utilização de uma classificação simplificada. Rev Saude Publica 1987;21:310-6.
Leite AJML, Marcopito LF, Diniz RL et al. Mortes perinatais no município de Fortaleza, Ceará: o quanto é possível evitar? Jornal Pediatria 1997;73:388-94.
Araujo G, Araujo L, Janowitz B, Wallace S, Potts M. Improving obstetric care in Northeast Brazil. Bull Pan Am Health Organ 1983;17:233-42.
Janowitz B, Wallace S, Araujo G, Araujo L. Referrals by tradi- tional birth attendants in Northeast Brazil. Am J Public Health 1985;75:745-8.
Barros FC, Huttly SRA, Victora CG et al. Comparison of the causes and consequences of prematurity and intrauterine growth retardation: a longitudinal study in Southern Brazil. Pediatrics 1992;90:238-44.
Kramer MS, Victora CG. Low birth weight and perinatal mortal- ity. In: Semba RS. Maternal and child health in developing coun- tries (in press).
Victora CG, Barros FC, Martines JC, Beria JU, Vaughan JP. As mães lembram o peso ao nascer de seus filhos? Rev Saude Publica 1985;19(3):195-200.
Souza ACT, Cufino E, Peterson KE, Gardner J, Amaral MIV, Ascherio A. Variations in infant mortality rates among munici- palities in the state of Ceará, Northeast Brazil: an ecological analysis. Int J Epidemiol 1999;28:267-75.
Barros FC, Victora CG, Vaughan JP, Teixeira AMB, Ashworth A. Infant mortality in Southern Brazil: a population-based study of causes of death. Arch Dis Child 1987;62:487-90.
Menezes AMB, Victora CG, Barros FC, Albernaz E, Menezes FS, Jannke HA, Alves C, Rocha C. Mortalidade infantil em duas coortes de base populacional no sul do Brasil: tendências e diferenciais. Cad Saude Publica 1996;12 (Suppl. 1):73-78.
Smaill F. Antibiotics for asymptomatic bacteruria in pregnancy (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2000. Oxford: Update Software.
World Health Organization. Expert Committee on Nutrition. Physical status: uses and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995. (WHO Technical Report Series, No. 854).
Ferraz EM, Gray RH, Cunha TM. Determinants of preterm de- livery and intrauterine growth retardation in northeast Brazil. Int J Epidemiol 1990;19:101-8.
Rondo PH, Abbott R, Rodrigues LC, Tomkins AM. The influence of maternal nutritional factors on intrauterine growth retar- dation in Brazil. Paediatr Perinat Epidemiol 1997;11:152-66.
Monteiro CA, Benicio MH, Gouveia N da C. Secular growth trends in Brazil over three decades. Ann Hum Biol 1994;21:381-90.
Kramer MS, Haas J, Kelly A. Maternal anthropometry-based screening and pregnancy outcome: a decision analysis. Trop Med Intl Health 1998;3:447-53.
World Health Organization. Maternal anthropometry and preg- nancy outcomes: WHO Collaborative Study. Bull World Health Organ 1995;73(Suppl):1-98.
Kramer MS. The effects of energy and protein intake on preg- nancy outcome: an overview of the research evidence from con- trolled clinical trials. Am J Clin Nutr 1993;58:627-35.
Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: Nordeste e Sudeste do Brasil, 1975-1989- 1997. Arq Bras Endocrinol Metab 1999;43:186-94.
Menezes AMB, Victora CG. Effects of Tobacco on Children and Adolescents: Brazil and other South American countries. Geneva: WHO Tobacco Free Initiative; 1999 (unpublished report).
Lumley J, Oliver S, Waters E. Interventions for promoting smok- ing cessation during pregnancy (Cochrane Review). In: The Cochrane Library. Oxford: Update Software, 1999 (Issue 4).
Curtis SL, Diamond I, McDonald JW. Birth interval and family effect on post-neonatal mortality in Brazil. Demography 1993:30:33-43.
Wegman ME. Infant mortality: some international comparisons. Pediatrics 1996 Dec;98(6 Pt 1):1020-7.
Santos TF, Moura FA. Os determinantes da mortalidade infantil no Nordeste: aplicação de modelos hierárquicos. X Congresso Nacional da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 1998. (www.abep.org.br/port/publi/anais).
Huttly S, Victora CG, Barros FC, Vaughan JP. Birth spacing and child health in urban Brazilian children. Pediatrics 1992;89:1049-54.
Oliveira LAP, Simões CCS. O novo padrão demográfico e as políticas públicas. Cadernos de Políticas Sociais no. 7. Brasília: UNICEF; 1997.
Mauldin WP, Ross JA. Prospects and programs for fertility reduction, 1990-2015. Studies in Family Planning. 1994;25:77-95.
Locksmith GJ, Duff P. Preventing neural tube defects: the impor- tance of periconceptional folic acid supplements. Obstet Gynecol 1998;91:1027-34.
Oakley GP Jr, Adams MJ, Dickinson CM. More folic acid for everyone, now. J Nutr 1996;126:751S-755S.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.